Parece haver uma verdadeira obsessão em torno do ser humano atingir os seus limites.Isso sem medir consequências. Essa obsessão vem acompanhada de um conceito de que tudo é possível, basta querer, basta ter força de vontade, que treino é mais importante do que jogo. No mundo econômico, especialmente no campo de vendas, esse fenômeno se dá pelo estabelecimento de metas, que sempre começam com o princípio de que "meta cumprida foi meta mal traçada".
Cartaz promocional de Whiplash, em busca da perfeição. A obsessão em ser o melhor.
Cartaz promocional de Whiplash, em busca da perfeição. A obsessão em ser o melhor.
Whiplash é um filme gostoso de assistir, especialmente de ouvir. É jazz o tempo inteiro. Muitos ensaios e algumas apresentações. Mas convenhamos, jazz sempre é bonito, mesmo sendo um mero ensaio. A história é muito simples. Andrew é um jovem baterista que quer ser o melhor. Na vida se cruza com Terence Flechter, um mestre do jazz, dos mais respeitados e renomados. Seus métodos são de suor e sangue. Não conhece delicadezas e afagos. Não existe contemporização. A pior coisa que pode acontecer, segundo os seus conceitos, é fechar os olhos para a perfeição, com pequenos agrados irreais, como o "está bem", "da outra vez caprichamos mais". Flechter vê alguma chance, alguma possibilidade, no jovem Andrew.
Cena das mais constantes. O jovem Andrew às turras com o impossível mestre Flechter.
Cena das mais constantes. O jovem Andrew às turras com o impossível mestre Flechter.
No que consiste o filme. Ensaios e mais ensaios. Os limites da resistência humana são desumanamente explorados. Exaustão física e mãos em sangramento e sangue pingando sobre a bateria são a sequência das cenas. Também existe uma pequena história de amor. O tímido Andrew namora a bela jovem Nicole, mas cedo ambos percebem que não dará certo. A obsessão é infinitamente maior do que o amor. E não restando outra coisa a fazer, a não ser cultivar a obsessão, é dedicar-se aos ensaios e viver às turras com o temperamental Flechter. Um dia dará certo. Como deu.
A cena final é um show memorável do jovem Andrew, que simplesmente toma conta do espetáculo, com a aprovação do tinhoso mestre, por seus olhares e gestos. A atuação de Terence Flechter é extraordinária e o ator (J K Simmons) é o franco favorito ao Oscar de melhor ator coadjuvante. Andrew é interpretado por Miles Teller e Nicole, a namorada, por Melissa Benoist. O filme é dirigido por um jovem diretor, Damien Chezelle, que é também o adaptador do roteiro. A duração é de 1h 47 minutos que passam sem serem percebidos.
Nos limites da exaustão, em busca da perfeição. Vale a pena?
Nos limites da exaustão, em busca da perfeição. Vale a pena?
Em busca da perfeição, o subtítulo do filme obviamente está relacionado à musica. São pequeníssimos detalhes que são percebidos apenas pelos gênios da música. O jovem Andrew não era um mero principiante. Tinha no baterista Buddy Rich o ídolo a ser imitado. O filme recebeu cinco indicações ao Oscar, a saber: o melhor filme, o melhor ator coadjuvante, o melhor roteiro adaptado (o próprio diretor - Damien Chazelle), a melhor montagem e a melhor mixagem de som. É um belo filme, um típico filme de entretenimento e que, na minha modesta opinião, não deverá levar o prêmio maior do Oscar de melhor filme. Vamos aos outros. E sobra uma pergunta. Vale a pena tanto esforço?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário. Depois de moderado ele será liberado.