Vamos direto para a resposta. Ela está no terceiro capítulo, que versa sobre o capitalismo. Parte da resposta está escrita em negrito. Reproduzo: "O capitalismo é um modelo que depende intrinsecamente da desinformação em massa. Não haveria qualquer outra forma de um sistema tão cruel e injusto como ele permanecer de pé que não fosse essa". Página 43. Estou falando do livro de Eduardo Moreira, O que os donos do poder não querem que você saiba. É óbvio que o livro veio para trazer muita polêmica.
Livro que desvenda, desvela. Provocativo.
Livro que desvenda, desvela. Provocativo.
Conheci Eduardo Moreira ao longo dos debates sobre a Reforma da Previdência, na Câmara dos Deputados. Me chamou atenção o fato de um banqueiro se posicionar contra esta reforma, ao menos da maneira como estava sendo proposta, quando esta, ao menos em meio ao mundo financeiro, era praticamente uma unanimidade. Eduardo é mesmo um banqueiro? Vejamos um pouco da sua apresentação na orelha do livro. "É um dos sócios fundadores e membro do comitê executivo do Banco Brasil Plural - grupo com mais de 500 colaboradores, 6 escritórios no Brasil e exterior e mais de 40 bilhões de ativos sob gestão - e foi responsável global pela mesa de Repo (Repurchase Agreements) do banco suíço UBS, quando teve sob sua gestão um volume de ativos que superavam U$ 20 bilhões". É, portanto, um homem que sabe lidar com o dinheiro.
Desinformação em massa... Para ilustrar, ele apresenta um exemplo significativo. A propaganda de um sabonete que mata 99% dos germes. Depois de apresentar exemplos da execrável concentração de rendas ele recorre à propaganda do sabonete. "E a comparação com o sabonete é ótima para mostrar a primeira grande artimanha publicitária desse sistema. O capitalismo usa o 1% das bactérias que sobrevivem como seus garotos-propaganda! Pronto, se elas sobrevivem é porque o sistema dá chances. Assim, ele tira a responsabilidade da desigualdade e concentração de renda do sistema... e a joga para as pessoas". Página 45. É a ideologia da meritocracia, que, em contrapartida, inventa a vagabundagem dos não vencedores.
O pequeno livro (apenas 136 páginas) tem introdução e conclusão e seis capítulos, a saber: 1. O valor da informação; 2. O maravilhoso e lucrativo mundo das finanças; 3. O capitalismo; 4. Esse estranho bicho homem; 5. O modelo ideal de governo; 6. Os impostos no capitalismo. Creio que o título do livro é o próprio mote para o primeiro capítulo, assim como para todo o livro. É a informação combatendo a desinformação. O segundo capítulo, tema de sua atividade cotidiana, desvenda este mundo da acumulação, da qual cito apenas uma ideia, que é norteadora. O que é bom para o banco não é bom para você. Desvenda também o mundo das tarifas, pagas por quem tem pouco dinheiro. No terceiro capítulo estão as informações com que abrimos a resenha, mostrando ainda, ser o capitalismo o sistema da "mão invisível". O quarto capítulo se dedica a psicologia? Creio que sim. Um ser humano sempre cheio de insatisfações e, em busca. Tem também uma boa análise do termo empatia. O quinto capítulo é dedicado às sugestões e no sexto ele mostra que assim como os rios correm para o imenso mar, também os impostos dos pequenos são direcionados para a voracidade imensa e infinita do capital, especialmente, para seu setor financeiro.
É certo que o livro receberá muitas críticas. Mas o autor já reservou esta tarefa para si, nas conclusões. A principal seria a contradição de ele trabalhar no sistema financeiro. Ele já contava com as críticas, não ao livro, mas para o autor, mas assumiu o risco, crente de que deveria escrevê-lo. "Temos todos uma breve passagem por esta vida. Depois de partir, deixamos somente memórias e ideias. As primeiras costumam durar pouco. As segundas podem durar mais.
Os últimos reveses de saúde que sofri me fizeram pensar muito sobre a vida de uma forma mais ampla. Sobre o que tanto buscamos ao longo de nossos dias. Por que levamos uma vida que, assim que deixamos a infância para trás, passa a ser sofrida até o fim. Trabalhar, sofrer e ansiar, todos os dias, com pequenas pausas de alívio e prazer". Eduardo ainda nos conta que escreveu o livro de um fôlego só.
Ainda, a apresentação do livro em sua contracapa. "Nesta obra, Eduardo Moreira revela como funciona o complexo sistema financeiro, econômico e político do capitalismo. O autor desvenda as estruturas que regem o poder e denuncia as maneiras pelas quais alguns poucos privilegiados influenciam opiniões para manter a ordem vigente.
O que os donos do poder não querem que você saiba apresenta, como o próprio autor provoca, 'as coisas como elas são' e oferece ferramentas para se fazer as perguntas corretas com autonomia, para que o leitor possa tomar as rédeas do seu dinheiro e da própria vida". Se não fossem os vigilantes do "Escola sem Partido" eu recomendaria o uso deste livro para os alunos do nosso ensino médio. Faço esta observação lembrando de uma frase de Heirich Heine: "Onde se lançam livros às chamas, acaba-se por queimar também os homens". Eu acrescentaria, também os leitores e os propagadores de leituras.
Sou novo por aqui, encontrei seu blog devido a sua escrita sobre o livro "o ultimo dia de um condenado" deixo aqui meu parabens !
ResponderExcluirBem vindo Lourenço. Agradeço a sua manifestação. Que falta nos fazem hoje, intelectuais como o Victor Hugo. Hoje os intelectuais nem sequer são mais ouvidos.
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