quarta-feira, 23 de julho de 2025

O grande Gatsby. F. Scott Fitzgerald.

Ainda em 2012, ano em que eu comecei este blog, publiquei os dez livros preferidos de Luís Fernando Veríssimo. Ele manifestou esta sua preferência provavelmente numa das Feiras Literárias de Paraty. Para não vou deixar vocês curiosos, eu apresento a lista:

O grande Gatsby. Scott Fitzgerald. Penguin & Companhia. 2011. Tradução: Vanessa Barbara.


Tarzan dos macacos. Edgar Rice Burroughs.

O grande Gatsby. Francis Scott Fitzgerald.

O tempo e o vento. Érico Veríssimo.

Lolita. Vladimir Nobokov.

USA. John dos Passos.

O encontro marcado. Fernando Sabino.

Ulisses. James Joyce.

Put out More Flags. Evelyn Waugh.

Suave é a noite. Francis Scott Fitzgerald.

Fim de caso. Graham Greene.

Apresento esta lista porque ela despertou a minha curiosidade e me fez procurar estes livros. Alguns eu nem mesmo encontrei. Outros eu li. Entre eles O grande Gatsby. Agora, lendo alguns livros da literatura norte americana, me decidi a fazer a sua releitura.

Um dos últimos livros dessa literatura foi Babbitt, de Sinclair Lewis, publicado em 1922. Embora o livro de Scott Fitzgerald aparecesse apenas em 1925, ele foi escrito no início da década. e, de uma forma ou de outra, existe uma semelhança entre eles, ao menos quanto a abordagem do tema. Foi o tempo em que imperou a Lei Seca (1920-1933), um período de muitas transgressões e um tempo em que se fizeram grandes fortunas. É óbvio que isso não passaria despercebido pelos escritores desse período. Literatura rica e farta.

O livro que eu li pertence a coleção clássicos, da Penguin & Companhia, 2011. Nele tem uma longa introdução em  que o crítico literário inglês Antony Tanner, nos apresenta a obra. Dela eu tomo o primeiro parágrafo e um pedaço do segundo, como uma introdução ao tema:

"De início, não era para se chamar O grande Gatsby. Numa carta a Maxwell Perkins, Fitzgerald escreveu: 'Decidi que vou insistir com o título que dei ao livro, Trimalchio em West Egg'. Trimálquio é o novo-rico vulgar e de imensa fortuna do Satyricon, de Petrônio; um mestre das alegrias gastronômicas e sexuais que oferece um banquete de luxo inimaginável, do qual indiscutivelmente participa - ao contrário de Gatsby, que é um espectador sóbrio e isolado das próprias festas. É um verdadeiro glutão, ao passo que Gatsby mantém uma curiosa distância de tudo o que possui e exibe, tanto que às vezes recua do próprio discurso e o submete à avaliação, como se fossem palavras alheias, e tanto que ostenta camisas que nunca usou, livros que nunca leu e convites para nadar na piscina que nunca utilizou.

Se Fitzgerald concebia Gatsby como uma espécie de Trimálquio americano urdido pela licenciosidade desenfreada dos anos 1920, por certo o sujeitara a uma notável metamorfose. (Gatsby é chamado de Trimálquio apenas uma vez no romance.) Mas há alguns claros traços genealógicos do remoto ancestral de Gatsby". E uma pergunta incômoda paira no ar . O sonho americano é uma aspiração ou uma privação? Gatsby alimenta uma enorme paixão por Daisy, mas quando eles se encontram permanecem desajeitados e com os "olhos tensos e infelizes".

Mas vamos aos personagens desses afortunados. Ou seriam desafortunados? Nick Carraway é o narrador. Jay Gatsby, por óbvio, é o personagem central. Gatsby entra em cena pela primeira vez apenas no terceiro capítulo, quando Nick veio morar no estreito de Long Island, um paraíso terrestre dos novos ricos, nas proximidades de Nova York. Nick será vizinho de Gatsby, sempre observando e, mais tarde, participando de suas enormes festas. Nas proximidades, mas do outro lado da casa de Gatsby, morava um casal. Daisy e Tom Buchanan, amigos de Nick e de Jordan Baker, uma atleta, amiga de todos. Existem ainda outros dois personagens centrais na trama. Myrtle Wilson, esposa de um pacato e apaixonado marido, dono de uma oficina mecânica, mas amante de Tom e Meyer Wolsheim, um homem em permanente "estado de negócios" e mentor de Gatsby. Bem, eu paro por aí, mas não sem antes dizer duas coisas: Gatsby sempre fora apaixonada por Daisy e tudo fez para dela se aproximar. Essa era a razão das grandes festas, uma tentativa de aproximação. E a segunda, que tudo acaba numa grande tragédia. O romance busca desvendar quem era efetivamente Jay Gatsby e qual teria sido a origem de sua enorme fortuna. 

Ao final Nick fala do casal Tom e Daisy: "Tudo decorrera de forma descuidada e confusa. Eles eram todos descuidados e confusos. Eram descuidados, Tom e Daisy - esmagavam coisas e criaturas e depois se protegiam por trás da riqueza ou de sua vasta falta de consideração, ou o que quer que os mantivesse juntos, e deixavam para os outros limparem a bagunça eles haviam feito" (página 239). Também já eram os tempos da psicanálise. Deixo ainda as anotações da contracapa:

"Seus pais eram fazendeiros preguiçosos e fracassados - sua imaginação nunca os reconhecera como pais. A verdade era que Jay Gatsby de West Egg, Long Island, havia saído da própria concepção platônica de si mesmo. Ele era um filho de Deus".

"Se Scott Fitzgerald (1896-1940) foi o escritor da Era do Jazz, nenhum de seus livros foi capaz de captar o espírito da época como O grande Gatsby. Entre a música e a vida extravagante da década de 1920, a saga de Jay Gatsby reproduz uma ideia comum a toda a sua obra: o sonho americano, mais do que uma realização, pode ser frustrante.

Fitzgerald escreveu este romance durante sua estadia em Paris, para onde, na mesma época, se mudaram Ernest Hemingway e Gertrud Stein, a 'geração perdida' da literatura americana. Egresso da classe média alta, Fitzgerald usou a própria experiência para fazer um alerta sobre o materialismo. Ainda que o narrador Nick Carraway não seja um alter ego do autor, ambos compartilham conclusões amargas a respeito da falsidade e do dinheiro. O grande Gatsby é uma obra que valoriza os ideais e a força do desencanto por trás de uma aparente narrativa".

Deixo aqui o post de Babbitt, também um termo para designar o novo-rico.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2025/05/babbitt-harry-sinclair-lewis-1922-nobel.html

E é impossível compreender os Estados Unidos sem o livro de Max Weber, A ética protestante e o espírito do capitalismo.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2025/01/a-etica-protestante-e-o-espirito-do.html



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