quinta-feira, 27 de novembro de 2025

CHÂTEAUNEUF - DU - PAPE. Um vinho e muita história.

Este post é uma decorrência de dois fatos recentes. O primeiro ocorreu no dia 21 de setembro, quando eu completei 80 anos de histórias vividas. Como foram bem vividas, festejamos com as pessoas mais próximas. Como é de hábito nessas ocasiões, ganhei presentes. O segundo fato foi uma releitura do magnífico livro de Paul Johnson História do cristianismo. Um detalhe. Rodrigo, que é um cristão muito generoso, me presenteou com o vinho Châteauneuf -du - Pape. O seu número é o de 003764. Algo raro.

Châteauneuf - du - Pape. Observe o brasão papal com as chaves de São Pedro. Número 003764.

Agora vamos somar os fatos. A parte IV do livro de Paul Johnson tem por título A sociedade total e seus inimigos. Trata-se de um livro de valor extraordinário. Uma de suas teses é a de que S. Paulo foi o grande estruturador do cristianismo. Foi São Paulo quem fez a afirmação categórica de que Jesus Cristo era efetivamente o Salvador prometido. Foi S. Paulo que, no ano 49, no Concílio de Jerusalém, sustentou esta verdade, quando muitos dos discípulos já pretendiam voltar ao judaísmo. Foi S. Paulo, o chamado apóstolo dos gentios, que transformou a religião restrita e particular do povo judeu em uma religião de caráter universal e que, por suas epístolas, lhe deu o seu caráter estruturante. Que personagem histórico impressionante! Santo Agostinho lhe deu continuidade com o seu A Cidade de Deus, fundando assim o chamado Cristianismo Total. 

Por óbvio, isso geraria muitas perturbações. O cristianismo procuraria se expandir, não meramente pelo convencimento, mas também por outros meios. Muitas vezes, à cruz se somava a força da espada. O capítulo IV do livro tem como delimitação histórica os fatos ocorridos entre 1054 e 1500. Seria a consolidação da transformação, depois de Carlos Magno (742 - 814), da Europa num continente cristão. Em meio as perturbações ocorridas ao longo desse período, Roma foi por elas atingida. Isso afetou a vida do papa. No período, certamente a França era o país mais cristão da Europa. Seu rei, Felipe IV, ofereceu proteção ao papa, com a transferência da sede papal para a cidade de Avignon. O que seria um protetorado se transformou posteriormente num cativeiro. A sede do papado deveria continuar sendo em Avignon. Isso ocorreu entre os anos de 1309 e 1377. Isso vale uma boa pesquisa. Agora vamos a história do famoso vinho.

O vinho tem profunda relação com o cristianismo, uma relação mística e uma relação de gosto, mesmo! É sabido que a hierarquia religiosa é grande apreciadora de vinhos, de bons vinhos. Avignon se situa na região do rio Ródano, no sudeste francês. Já era uma região produtora de vinhos. Ao todo, sete papas permaneceram em Avignon até o retorno da sede papal a Roma. Um deles foi João XXII, o segundo deles. Ele estimulou muito o desenvolvimento da vinicultura na região. Foi ele também o construtor do referido castelo. Uma das marcas desse estímulo foi o surgimento do vinho em questão, o Châteauneuf - du - Pape, ou, o Novo Castelo do Papa. Ele logo se tornou conhecido como "O VINHO DO PAPA". Até hoje o vinho mantém uma relação com o papa pelo uso do símbolo papal, o brasão com as chaves de São Pedro.

Hoje Avignon tem em torno de 90 mil habitantes, e em torno de 500 mil em sua região metropolitana. Está situada a menos de 100 Km. de Marselha. Conhecer a antiga cidade papal é um de seus maiores atrativos turísticos. Conhecer o castelo e tomar um "vinho do papa" deve ser um prazer indescritível para os que conhecem, ao menos um pouco de sua história.  Tomá-lo deve ser algo de profundamente edificante. Quanto ao preço do vinho, tenho duas coisas a dizer: Primeiro, que um vinho com toda esta história, não é um vinho de preço popular. Segundo: Reafirmo o dito no início. Rodrigo é um cristão generoso.

Ganhei-o sob uma condição. Tomá-lo com o meu irmão, que é irmão e mora na cidade de Ponta Grossa. Ele pertence a ordem religiosa do Verbo Divino. Vou cumprir essa condição com o máximo de satisfação. E, ao Rodrigo, os meus melhores agradecimentos pelo vinho e pelo conhecimento que veio através dele.

E como citei o famoso livro de Paul Johnson, deixo a sua resenha:

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2025/11/historia-do-cristianismo-paul-johnson.html




  


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