quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Diário de uma Viagem. Zaragoza, Mosteiro de Poblet e Montserrat.

Falar de Zaragoza é falar da Cesar Augusta cidade. Com o nome decifrado fica fácil constatar a sua origem romana. O rio Ebro abriu todos os flancos para a sua colonização. A cidade também teve a forte presença árabe, o que é atestado pelo Palácio Alfajeria. Zaragoza é a capital de Aragón, território fortemente relacionado com a expulsão árabe. A catedral da cidade está construída em cima das fundações de uma mesquita. A localização de Zaragoza é muito privilegiada. Está equidistante, a uns trezentos quilômetros de Madrid, de Valência, de Barcelona e de Bilbao. É a quinta cidade espanhola, contando com mais de 700.000 habitantes. São maiores, pela ordem, Madrid, Barcelona, Valência e Sevilha.
A Basílica do Pilar domina o cenário de Zaragoza. É a maior igreja do mundo, dedicada a Nossa Senhora. 

Andamos por esta cidade, primeiramente numa visita panorâmica e depois a pé, no seu centro e no interior da Basílica de Nossa Senhora do Pilar. Com o ônibus andamos pela parte nova da cidade, toda ela construída em função de seu grande evento, Água e Desenvolvimento Sustentável, realizado entre junho e setembro de 2008, significativamente, às margens do rio Ebro. Mais de cinco milhões de pessoas, de cem países participaram dos debates deste evento. Nesta ocasião, o rio Ebro ganhou quatro novas pontes. É uma cidade eminentemente industrial, sendo a indústria automobilística o seu ponto mais forte. É igualmente forte a presença militar na cidade. Ela foi duramente castigada por ocasião das guerras napoleônicas.
Zaragoza também tem forte presença árabe. Um exemplo disto é o palácio Aljafareria.

O grande orgulho da cidade é a sua Basílica de Nossa Senhora do Pilar, a maior igreja do mundo, dedicada à Nossa Senhora. A Virgem do Pilar é uma das mais antigas tradições católicas, oriunda do primeiro século, quando Ela teria aparecido em cima de um Pilar. A sua comemoração, no dia 12 de outubro se constitui na grande festa popular da cidade. Também é lindíssima a catedral da cidade, construída sobre as fundações de uma mesquita. Outro ponto majestoso é o Palácio mouro de Aljafareria. A Basílica de Nossa Senhora do Pilar é enriquecida por muitos quadros pintados por Goya, inclusive parte de sua cúpula. Não pintou esta cúpula por inteiro, por desentendimentos relativos a questões pecuniárias e, elas estão sem pintura até hoje. Nesta basílica são rezadas missas de hora em hora, obviamente interrompidas durante a hora sexta, a pausa depois do almoço.
A catedral de Zaragoza, construída em cima de mesquita árabe. Mistura o românico, o gótico e o mudéjar.

Conta-se também que Goya teria levado um cano, na pintura da Basílica do Pilar, razão pela qual a teria abandonado. Goya é nascido em Aragón, nas proximidades de Zaragoza, mas veio morar nesta cidade muito cedo. A cidade lhe rende muitos tributos, através de monumentos. O povo da cidade também está profundamente magoado com os políticos e por isso, em suas conversas falam de futebol, de touros e de mulheres, mas nunca de política, pois isto os aborrece.

A próxima parada já seria na Catalunha, numa região de muitas fontes e de álamos. Neste local, já no século XII,os monges cistercienses ergueram um mosteiro e a sua igreja se tornou cemitério de reis. Ali estão enterrados os reis de Aragão. O mosteiro sofreu com as incertezas da política espanhola, chegando inclusive a ser abandonado. A sua restauração completa começou a partir de 1930. Hoje ele é habitado por monges e, você inclusive, pode facilmente cruzar com vários deles.
O monastério de Poblet, onde estão os túmulos da dinastia dos reis de Aragón.

O mosteiro é cercado de muralhas, otimamente conservadas. Os monges se dedicam à produção de vinho, que é vendido em uma loja, no próprio mosteiro. Eles mantém também uma hospedaria e você pode fazer, com eles, um retiro espiritual. Isto está reservado apenas para a população masculina. As disposições internas do mosteiro me fizeram lembrar dos seminários em que eu estudei, o de Gravataí e o de Viamão, ambos no Rio Grande do Sul. Poblet é um pequeno lugarejo em que dominantemente se fala o catalão, uma língua muito próxima do francês. A sua acentuação, ao menos é muito parecida.
Nas proximidades de Barcelona, os montes serrados e o seu mosteiro beneditino.

Já no caminho de Barcelona vimos um dos grandes fenômenos da natureza. Literalmente, as montanhas serradas, ou como falam os espanhóis, Montserrat. Neste local, para variar, também foi construído um mosteiro. Mas o impressionante deste local é a natureza e o engenho humano, de se fazer muito próximo a esta natureza um mosteiro de enormes proporções, não ignorando as dificuldades em sua construção. O seu pico mais elevado está a 1.236 metros de altura. Subimos por um trem, a cremalheira. Lá em cima o ônibus já nos esperava para a descida. Além do mosteiro, do século XI, existem as cavernas, que foram habitadas a partir do século IX por eremitas. Hoje o mosteiro é ocupado pelos monges beneditinos. No mosteiro se ouve um belo canto gregoriano.
Mais uma cena dos majestosos picos de Montserrat. A virgem de Montserrat é a padroeira da Catalunha.

Montserrat, além da natureza também foi revestida com belas histórias religiosas.Ali é venerada a Virgem Negra ou a Morenita, ou ainda a Virgem de Montserrat, a padroeira da Catalunha. Conta-se que a sua estatueta fora trabalhada por São Lucas e levada ao alto por S. Pedro e, por muito tempo, teria sido escondida dos mouros em uma das covas ali abundantemente existentes. Também é famosa a via sacra rezada em meio a beleza desta paisagem. Este pequeno paraíso fica distante de Barcelona, uns 50 quilômetros, sendo local de visita, mais do que obrigatório. A noite chegaríamos a Barcelona, mas a visita ficaria para o dia seguinte.


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