segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Narrativas de uma viagem - 3. Valparaíso e Viña del Mar.

A primeira parte do dia foi novamente tomada pelos problemas do trânsito de Santiago. Mais de duas horas para reunir os turistas e empreender a viagem para a paradisíaca Viña del Mar e para a cidade portuária de Valparaíso, esta patrimônio cultural da humanidade a partir de 2003. Algo em torno de 120 quilômetros separam as duas cidades da capital. As rodovias são modernas e pedagiadas, inclusive, na área urbana. Não existem postos de pedágio. Tudo é por controle eletrônico. Você recebe a conta em sua casa ao final do mês e paga por quilômetro rodado.
Um aperitivo de "chicha" na nossa primeira parada, nos Huernitos de Curacavi.

Nas proximidades desta rodovia se localiza o aeroporto da cidade. Depois tem uma descida de cerca de 700 metros. Nestas montanhas não há neve, esta só na Cordilheira dos Andes. Nesta descida vi minas de cobre a céu aberto. Depois vem um enorme vale, a fértil planície de Curacavi. Frutas e hortaliças tomam conta da região. Abóbora, melão, melancia, morangos, pêssegos  e verduras, nos falava a guia.  A irrigação é subterrânea, pela pressão da neve da cordilheira a penetrar nos solos porosos. As neves fortes evitam as secas. Neste vale fizemos nossa primeira parada nos huernitos del Curacavi, onde fomos brindados por uma chicha de la zona, calma que eu explico, uma bebida fermentada a base de uva, produto típico da região. Depois vem o segundo vale - Casablanca, onde além dos muitos vinhedos existem muitos roseirais, rosas brancas e vermelhas, numa alusão aos vinhos brancos e tintos produzidos na região.
As belezas de Viña del Mar.

A primeira cidade visitada foi Viña del Mar, um pequeno e rico paraíso. Esta cidade recebeu a seleção brasileira em 1962, ano em que ela se consagrou bi campeã mundial. Ainda existem muitas referências a este fato na cidade. Esta memória está também registrada por um relógio solar, presente recebido nesta ocasião, dos pontuais suíços. Não sabia que eles eram afeitos a dar presentes. Sempre ouvi dizer que eles são o dobro mais racionais do que os vizinhos alemães. Este relógio forma um belo jardim. Aliás, a cidade recebe a denominação de "Cidade Jardim" e de "Capital do Turismo".

Tem algo em torno de trezentos mil habitantes, excelente infraestrutura e ligação umbilical com Valparaíso, à qual está ligada até por uma linha de metrô. A cidade não é muito antiga. Sua fundação data do ano de 1878, mas se firmou efetivamente a partir do século XX. Seu nome lembra a junção de vinhedos com o mar. Viña del Mar. Rodamos por um bom tempo entre os casarões antigos, com os quais seus primitivos habitantes disputavam a ostentação de sua riqueza.
Eu e a escultura da Ilha de Páscoa. E um restaurante que eu recomendo.


Cassino, festival de cinema e da canção, além de belas paisagens de praia formam as suas atrações, embora as águas gélidas do Pacífico. Também tem uma atração única, o museu Wulff, onde tem, em sua frente uma escultura Rapa Nuí, única no mundo, fora da ilha de Páscoa. Ela representa toda uma tradição. Eu conto um pouco dela, em explicação contida numa caixa da bebida chilena "pisco", dentro de uma garrafa que imita a escultura. Nela se lê:

Isla de Pascua (Rapa Nuí) constituye uno de los tesoros arqueológicos más valiosos de la humanidad.

Além da Ilha de Páscoa e de Viña del Mar a minha casa também tem o Moai. Com uma vantagem, cheia de Pisco.

Sus Maai representan a los jefes de las dinastias que poblaron la isla en tiempos ancestrales y a través de la mirada proyectaban sus poderes sobre el territorio y sus descendentes.

Posteriormente, el ritual del "Hombre Pájaro" (simbolizado en el pecho de este Maai) se convertió en una de las cerimmonías más importantes de Rapa Nuí, la cual se realizaba anualmente en honor del díos Make-Make (díos creador). Los mejores de cada famílía competían en una dura prueba por la captura del huevo del Manutara. El ganador se hacía merecedor del t´tul Tangata Manu (hombre pájaro) y el jefe de su tríbu era quíen asumía durante un año el poder político y militar de la ísla.

Um excelente almoço nos aguardava. Este eliminou a primeira má impressão do Mercado Central. Um almoço de pacote. Um pisco, um entrada (um delicioso ceviche), um prato principal (três opções - optei pelo salmão) e uma sobremesa além de uma taça de vinho. Fui contemplado em minha negociação na substituição da sobremesa por uma segunda taça de vinho. Tudo por 20.000 pesos, algo em torno de 120 reais, o que para os padrões chilenos é muito barato. O nome do restaurante. Chez Gerald.
Uma vista da cidade de Valparaíso.


A tarde estava reservada para Valparaíso. Esta sim é uma cidade cheia de história. Ela remonta aos tempos da chegada dos primeiros espanhois. Ganhou o status de cidade por meio do governador, Pedro de Valdívia, em 1544. Foi o grande porto espanhol e constantemente atacado por piratas ingleses. Até o ano de 1914, ano da abertura do Canal do Panamá, recebia todos os navios que faziam a passagem do Atlântico para o Pacífico pela via do Estreito de Magalhães ou pelo Cabo Horn, únicas passagens possíveis. Tornou-se um grande porto internacional e recebeu imigrantes do mundo inteiro, uma cidade cosmopolita. Também as atividades portuárias a transformaram numa cidade de obreros, que falavam alto em suas reivindicações. Por isso foram merecedores da mais dura repressão ao longo da interminável ditadura de Pinochet.
Do alto, uma vista para o porto.


Evidentemente que a cidade entrou em decadência após a abertura do Canal do Panamá em 1914. A cidade contrasta até hoje a sua pobreza com a rica vizinha Viña del Mar. Ela é um porto natural. A sua geografia faz os morros resvalarem para o mar. Ela tem uma configuração muito bonita. Sofreu com a ação de terremotos, mas em compensação a cidade se modernizou a partir de reconstruções. Uma das características particulares da cidade é o seu transporte público. Antigos trólebus e coloridos funiculares ainda operam, levando a população aos morros. Se transformaram em grande atração turística e uma das razões para transformar a cidade em Patrimônio Cultural da Humanidade, em 2003.

Ainda preciso falar de incêndios. Eles também existem desde sempre. Fortes ventos ajudam na propagação do fogo. A cidade também tem as suas peculiaridades. Como nas áreas rurais os pais dividem a propriedade quando os filhos se casam, aqui eles ganham uma casa, construída em cima da original existente. Vão verticalizando. Imaginem as gambiarras, especialmente, na eletricidade. Dá para imaginar o tamanho da tragédia.
Uma última vista do porto de Valparaíso.


Outra questão é que a cidade ainda mantém importantes instituições nacionais com sede na cidade. Isso ocorre com o Parlamento, com o Serviço Nacional de Alfândegas, da Pesca e da agricultura, do Ministério da Cultura e o Comando geral da Marinha. Valparaíso é também uma cidade multicolorida, o que a torna realmente muito bonita. Tivemos uma parada num dos mirantes, para observar a cidade de cima, do alto. Paisagem muito bonita.

No tour não estava incluído a visita às casas de Pablo Neruda, nem em Valparaíso e nem a da Isla Negra. Esta é considerada como a mais bonita e tem um tour especial, combinado com a ida a uma vinícola. Tive e tenho que me contentar com o livro de memórias do grande poeta, Nobel de literatura em 1971, Confesso que vivi. 








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