terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Teoria de Tudo. A biografia de Stephen Hawking.

Antes de qualquer observação quero dizer que - Teoria de Tudo - é um filme extraordinário. Tem muita ternura e dedicação, qualidades raramente presentes no mundo de hoje. Também o tema da superação está presente. Não o da superação dos limites em busca do sucesso e do êxito, mas a superação dos limites na luta contra a morte ou pela vida, na preservação de uma das inteligências mais raras, vivas no presente. Por enquanto é o meu favorito ao Oscar.
Cartaz promocional de - Teoria de Tudo. O foco está relação entre o cientista e sua esposa.

O filme retrata a vida do físico inglês Stephen Hawking, que aos 21 anos de idade foi diagnosticado com a doença neurológica que afeta a coordenação motora, denominada esclerose lateral amiotrófica (ELA), incurável e degenerativa e, lhe foram dados, pelo médico, mais dois anos de vida. Hawking não se desespera e muito menos Jane Wide, a sua namorada. Stephen e Jane haviam se encontrado numa festa na universidade de Cambridge e os encantos mútuos se transformaram numa bela consequência de um amor incondicional. Ela estudava poesia.
Stephen e Jane, uma relação com a presença do cuidado.


"Vamos enfrentar isto juntos", diz Jane para Stephen e para a sua família e marcam casamento. Jane passa a ser esposa, companheira e acima de tudo a mais dedicada das enfermeiras que Stephen precisava. Os êxitos de Stephen em sua carreira de físico progrediam na mesma medida em que a sua coordenação motora se atrofiava, menos as atividades cerebrais, obviamente. O casal terá três filhos. Ao final ocorre um divórcio e Jane se casa com Jonathan, um prestativo jovem, viúvo, músico e regente de um coral da igreja frequentada por Jane. Ao menos no filme, a separação ocorre sem traumas e com o pleno consentimento de Stephen.

O respeito que Stephen recebe da academia se deve aos estudos do tempo, da origem do universo, dos buracos negros. A Brief History of Time é o livro que o consagrou junto à comunidade científica. O seu gênio é comparável ao de Isaac Newton e de Einstein. A grande virtude de Jane foi a de dedicar todos os esforços para preservar a vida do cientista, para que ele pudesse dar continuidade às suas contribuições para com a humanidade. Uma cena é especialmente memorável, quando Stephen passa mal e, em consequência de uma cirurgia, perde a fala, mas não a comunicação. Esta é preservada por um aparelhinho eletrônico e por um mínimo de coordenação motora que ainda lhe sobra.
O jovem cientista e o diagnóstico da doença da falta da coordenação motora. Mais dois anos de vida!


Uma das grande virtudes do filme é a abordagem da questão religiosa. Enquanto Stephen não aceita a existência de Deus como um gerente do tempo e do universo, professando o ateísmo, Jane é profundamente religiosa.  O tema da religião também recebe uma abordagem, quando o físico recebe uma homenagem em uma universidade americana e uma pergunta lhe é dirigida sobre a questão da esperança, que ele hesita em responder. É a qualidade presente em quase todos os ateus, que não são pregadores de suas convicções em torno do ateísmo. "Enquanto houver vida, há esperança", respondeu simplesmente o cientista, sem recorrer aos recursos do além.

O filme é uma adaptação do livro escrito por Jane, Traveling to Infinity - My Life with Stephen, um retrato de sua vida e da relação havida entre os dois, uma relação marcada pela palavra cuidado. É um roteiro adaptado, o que leva à curiosidade de ver e ler o livro para melhor avaliar esta bela relação, que certamente recebeu alguns recheios de drama e de emoção. Coisas próprias do cinema e, ainda mais, de filmes que disputam um Oscar. Uma das críticas que o filme vem recebendo é, exatamente, o seu foco na relação e não na vida de cientista e pesquisador. Não existem aulas de física ao longo do filme.
Imagem recente do cientista. Um vida de superação em favor da ciência. Estudos sobre o tempo.


O filme é dirigido por James March e tem Eddie Redmayne interpretando Stephen Hawking. O papel de Jane Wide foi confiado a Felicity Jones, ambos concorrem ao Oscar de melhor ator e atriz, respectivamente, sendo que Eddie é apontado como franco favorito. O filme recebeu cinco indicações a Oscar:
- Melhor filme;
- Melhor ator;
- Melhor atriz;
- Melhor roteiro adaptado;
- Melhor trilha sonora.
O meu primeiro contato com a ELA foi através deste belo livro. Grandes lições de vida.


Em janeiro Stephen Hawking deve ter completado 74 anos de vida dedicada à ciência, contrariando as previsões da ciência médica. Por fim, uma recomendação. O primeiro contato que eu tive com esta doença foi através do livro A Última Grande Lição, de Mitchel Albom, que embora sendo da Sextante, indicando, portanto, um livro de auto ajuda, ele dá realmente grandes lições. É um professor acometido pela doença que transmite lições do bem viver a um de seus alunos, em famosos encontros, compilados pelo aluno escritor.

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