segunda-feira, 2 de março de 2015

O Grande Hotel Budapeste.

Aproveitei o novo lançamento, em função do Oscar, do filme O Grande Hotel Budapeste, para vê-lo. É o contar de uma história, no cinema. É narrativa do começo ao fim. E que narrativa! E como foram bem empregados os recursos do cinema, cenários, figurinos, som e fotografia. O filme mistura drama e comédia mas prevalece a comédia. Isso se a disputa por herança não fosse sempre uma verdadeira tragédia.
O Grande Hotel Budapeste se situava na fictícia República Zubrowka.


A narrativa inicia num jantar entre um velho escritor e Zero Mustafa, o proprietário do agora decadente hotel Budapeste. Mustafa promete ao escritor contar a história, que remete aos anos 1930 e avança até o final de década de 1960.  O essencial gira em torno de um concierge, que pelo zelo extremo no exercício de sua função, chega a ser o proprietário do hotel. Como toda a história gira em torno deste personagem, vou dar o significado deste termo, que está ausente no Aurélio, mas não na Wikipédia. O seu significado mais amplo é o de porteiro, mas na hotelaria recebe um significado mais específico e ampliado. Vejamos:

"Em hotéis o concierge é um profissional que tem um balcão na entrada do hotel responsável por assistir os hóspedes em qualquer pedido que estes tenham, dos mais extravagantes aos mais simples como chamar um táxi, dar informações sobre o próprio hotel e seus serviços ou sobre a cidade e seus pontos turísticos, venda de passeios na região, locação de carros, reservas e indicações de restaurantes, ligar para farmácia, floricultura ou tabacaria...". O concierge da história atendia pelo nome de Gustave H.
O concierge Gustave e o mensageiro Zero. Esta dupla concerne o caráter de comédia ao filme.


Gustave era um concierge extremamente solícito. Se orgulhava de sua função e a ensinava ao seu ajudante, o mensageiro Zero Mustafa. Pronto, encontramos os dois personagens centrais do filme. Mustafa é um refugiado que encontrou emprego no hotel. Gustave, moralmente falando, extrapola em sua função. Atendia também aos desejos sexuais, especialmente, de senhoras idosas, de preferência bem idosas. O hotel era extremamente luxuoso e, portanto, atendia a hóspedes altamente endinheirados. Uma dessas senhoras veio a falecer, deixando em testamento parte de sua fortuna e um quadro de valor inestimável, para Gustave.

Aí começa a história policial. Os herdeiros não se conformam e o incriminam. Ele teria assassinado a rica senhora. Perseguições e fugas mirabolantes começam a acontecer. É a parte mais comédia do filme. Gustave conta em suas fugas com o auxílio do jovem Zero. Comédias precisam de trapalhadas. Em meio a essas trapalhadas existem também cenas de terror policial. Eram os anos 1930 e a ascensão dos regimes fascistas. Mas, enfim, foi dessa forma, pela via de herança testamentária que Gustave se tornou o proprietário do Grande Hotel Budapeste.
A rica senhora a quem o concierge prestava seus serviços. A origem da propriedade do hotel.


Em meio a esta narrativa também existe uma história de amor. Zero se apaixona por Agatha, que irá auxiliar também a dupla nos seus intentos. Será este vínculo sentimental que manterá o velho Zero Mustafa como hóspede de um dos quartos mais simples do hotel, fato que também promoveu o seu encontro com o escritor para que esta história fosse contada. O contar dessa história demorou apenas 99 minutos.
Cartaz promocional do premiado filme.

O filme era um dos favoritos ao Oscar principal. Junto com Birdman (http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/01/birdman-ou-inesperada-virtude-da.html), foi o campeão em indicações. Nove ao todo. Birdman levou o prêmio maior, de melhor filme. Também junto com Birdman, foi ganhador de quatro estatuetas, a saber: melhor figurino; melhor design de produção; melhor maquiagem e cabelo e a melhor trilha sonora. As outras cinco indicações eram para: melhor filme; melhor diretor; melhor roteiro original, melhor direção de fotografia e melhor edição.

A direção é de Wes Anderson. A segura e mágica interpretação de Gustave é de Ralph Fiennes e o jovem Zero Mustafa é de Tony Revolori e do velho, de F. Murray Abraham. O roteiro adaptado é do próprio Wes Anderson, retirado do original de um velho conhecido dos brasileiros, Stefan Zweig, do livro Coração Impaciente. Acima de tudo, é um filme muito agradável de se assistir. Mas concordo com a indicação de Birdman como o vencedor de o melhor filme.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário. Depois de moderado ele será liberado.