quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Visita a Cuba. 6. Vedado e Plaza.

O Vedado é o terceiro grande bairro central da cidade de Havana. Por este bairro começamos a conhecer a cidade, pois foi nele que ficamos hospedados. O nome Vedado se origina da proibição que havia no século XVI, de ali se morar, por razões de segurança. O problema era a chegada dos piratas. Desta proibição ficou apenas o nome. A partir do século XX, se transformou no mais importante bairro da região central.
 Hotel Nacional. Um lugar frequentado por artistas e gente de bens.

A região devia ser a mais nobre da cidade. Só há palacetes. Muitos deles já estão totalmente restaurados mas muitos permanecem em ruína. Com a Revolução todos foram desapropriados e distribuídos entre a população. Eles, em sua maioria, eram propriedades de americanos. Em Cuba, hoje se pode ter apenas uma casa, a que é para morar. Este bairro, se houver uma abertura maior para o capital, certamente será a primeira grande vítima da especulação imobiliária. Os palacetes são belíssimos e as avenidas são bem amplas.
A mostra de um dos belos palacetes do Vedado.

Em Vedado também estão concentrados os hotéis, desde os anteriores à Revolução, como o Hotel Nacional, que deve ser meio equivalente ao nosso Copacabana Palace do Rio de Janeiro, até os mais modernos como o Meliã Cohiba. Também é grande o número de casas que oferecem hospedagem junto às famílias, que hoje hospedam turistas em número cada vez maior. É a melhor forma de se hospedar para quem tiver um interesse efetivamente maior para conhecer a cidade e o país. Foi o que fizemos. Para os padrões cubanos deve ser uma fonte extraordinária de recursos, já que a via dos salários é bastante limitada, embora garanta as necessidades básicas. Cuba recebe em torno de quatro milhões de turistas estrangeiros por ano, com destaque para os canadenses. Os americanos ainda estão oficialmente proibidos de visitarem Cuba. Quanta liberdade! O turismo é a segunda fonte de renda de Cuba, superada pela venda de serviços, especialmente os de medicina.
Homenagem a Che e a José Martí na Praça da Revolução.

O Vedado concentra a vida política e social do país. Nele está a Praça da Revolução, com o Memorial José  Martí, o Teatro e a Biblioteca Nacional e os prédios de alguns ministérios que homenageiam Che e Camilo Cienfuegos, em enormes esculturas em bronze. Nesta praça ocorrem os grande eventos políticos e o local onde Fidel pronunciava os seus longos discursos. O espaço é enorme. Junto ao mar está o Malecon, a grande avenida beira mar, que alcança também o centro Habana e a Habana Vieja. Aí ocorre muito da vida social da cidade. Nas noites, sempre com temperaturas agradáveis e a brisa do mar, o povo se concentra ao seu longo, sempre com grande presença de cantores.
A sorveteria é muito mais do que uma sorveteria. É um espaço de recreação do trabalhador.

O guia da Folha lista para este bairro as seguintes grandes atrações: O Memorial José Martí e a Plaza de la Revolución, o museu napoleônico e o de artes decorativas, o cemitério Colón, o Hotel Nacional, a Universidade de Havana e a Avenida 23, cuja parte de subida é conhecida como a Rampa onde, ao seu final, se situa o famoso espaço de lazer da Sorveteria Coppellia, concebido pela revolucionária Célia Sanches e que serviu de cenário para o filme Morango e Chocolate. A Avenida 23 deve ser uma espécie de Avenida Paulista cubana.

Talvez tenha sido este o espaço com o qual mais nos ocupamos. Visitamos o Memorial José Martí, o mais alto monumento de Havana. Neste memorial arde a chama da Pátria que nunca se apaga e, em que todos os dias, as flores são trocadas por uma entidade de trabalhadores. O culto de sua memória está onipresente. Além do grande e brioso homem da independência era também um ilustre pensador. Sua vida e frases famosas de suas obras estão no seu Memorial.
Fazer sempre o que é necessário. Lições de José Martí.

Visitamos também a Biblioteca e o Teatro Nacional de Cuba. Neste, num ambiente menor, a Sala Covarrubias, tipo um Guairinha nosso aqui de Curitiba, assistimos um concerto, com La Orquestra Sinfónica Juvenil de Oakland, que se apresentou junto com a Schola Cantorum Coralina de Cuba. No programa constavam Tchaikovsky, Mozart e Prokofiev. Para irmos ao teatro caprichamos. Fomos numa táxi, um FORD 1928, com um motor Volkswagen. Vejam, convênios com os Estados Unidos, ligados a cultura são possíveis, mas a restrição a visita ao país continua. Coisas do embargo.
Teatro Nacional de Cuba. Aí assistimos um concerto. Turistas chiques.

Visitamos também o Hotel Nacional, uma construção majestosa do ano de 1930. Ali se hospedaram os famosos do mundo, entre personalidades políticas, artistas de cinema, da música e da literatura. Lula merece grande destaque. É hoje um hotel em pleno funcionamento e aberto para a visitação. Dá para imaginar o que ocorreu e não ocorreu neste hotel. Na sorveteria Coppellia tivemos que tomar sorvete, da minha parte, apenas para a fotografia. Ali tem exposição de camisas de futebol de times do mundo inteiro. Entre elas, obviamente, uma do glorioso e imortal tricolor dos pampas gaúchos.

 Em frente a Universidade de Havana, a Alma Mater.

Da visita à Universidade pouco aproveitamos. Estavam em suas férias de verão. Apareceram dois estudantes, com os quais muito conversamos. Nos recomendaram muito um livro com o título, Sobre Máscaras e Sombras, que não conseguimos encontrar. Nos levaram para espaços fora da Universidade, para a casa onde Fidel se hospedava enquanto estudante de direito e a um local sagrado onde um estudante fora morto pela ditadura de Batista. Na casa onde Fidel se hospedava, hoje os 25 melhores alunos do curso de Direito tem o privilégio de ali se hospedarem. Ali também tomamos um drink pleno de significado. Ele simboliza a unidade racial. Antes da revolução o acesso dos negros à Universidade era absolutamente proibida, assim como também a frequência às praias. Coisas da ditadura de Batista.
A Universidade de Havana é a única do mundo que tem um tanque em seu interior. A marca da Revolução.

Outra visita impressionante que fizemos foi ao cemitério Colón. Ele ocupa uma área de 56 hectares e tem em torno de 52 mil túmulos e mais de dois milhões de mortos enterrados. Pelas inúmeras obras de arte que contem, ele foi proclamado Monumento Nacional. Ali se encontra uma particularidade do espírito cubano. O mais alto monumento é o que homenageia 25 bombeiros mortos num incêndio em Habana Vieja no ano de 1890. São reverenciados pelo zelo no cumprimento do dever. As esculturas, com mármores dos mais nobres, são obras de arte grandiosas. O túmulo mais visitado e sempre com flores renovadas é o a da La milagrosa, uma jovem mãe de 24 anos que morreu no parto junto com o seu bebê. Ninguém lhe pode virar as costas. Os serviços funerários são gratuitos. Ninguém explora ninguém no seu momento de dor.
Monumento que homenageia os 25 bombeiros mortos em Habana Vieja.

Ali ainda fica um restaurante que logo ganhou nossa preferência, o La Rocca. Comida farta, saborosa e de preço bem em conta. Como puderam perceber o bairro oferece muito para os seus turistas. Ali fomos agraciados com música brasileira por um pianista, na soberba de seus 86 anos de vida.




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