terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Três anúncios para um crime.

Dando continuidade às idas ao cinema, para ver todos os indicados ao Oscar de melhor filme, ontem foi a vez de Três anúncios para um crime. O filme ganhou muito mais glamour ao vencer os Oscars britânicos do BAFTA. Trata-se realmente de um bom filme, mas tenho minhas dúvidas, se ele realmente é tudo o que se diz sobre ele. Ele tem sete indicações à estatueta: melhor filme, melhor atriz, melhor ator coadjuvante, melhor roteiro original, melhor montagem, melhor edição e melhor trilha sonora original.

Gosto dos chamados filmes de autor, aqueles filmes em que roteiro e direção estão na mesma mão. No caso, Martin McDonagh, é responsável tanto pela direção quanto pelo roteiro. Embora ele concorra ao título de melhor roteiro original, é quanto a ele, que me pairaram as maiores dúvidas. Me pareceu haver cenas até de uma relativa ingenuidade. Coisas que jamais ficariam de fora do radar de um atento e experiente policial.


Mas vamos aos fatos. A questão básica do filme já está dada. O estupro e o assassinato da filha de Mildred Hayes. Como mãe ela se lança no desvendar do crime. Como a ineficiência da polícia é um fato um tanto corriqueiro, Mildred também irá encontrar problemas para desvendar o caso da filha. Neste desvendar de mistérios é que está a melhor parte do filme. São mostradas várias pessoas, como a própria mãe, seu filho, seu ex marido e a sua noiva novinha, o xerife da cidade, vários policiais e outros tantos. Todos eles tem uma característica em comum, o seu desajustamento na convivência em sociedade.

Os diálogos mais pertinentes e constantes se dão entre Mildred e Bill Willoughby, o xerife da cidade e responsável pela investigação.  Como estas não avançam, Mildred recorre a três anúncios em outdoors, em estrada onde praticamente não passa ninguém. Por isso mesmo eles chamarão tanta atenção e conduzirão os fatos da trama. Eles causam horrores. Gostei de uma das designações numa crítica ao filme: um farwest moderno. O filme está cheio de uma das maiores presenças na sociedade contemporânea, o ódio.

Suicídio, incêndio em delegacia, nos outdoors, personagens queimados, amores improváveis, encontros impossíveis, são alguns ingredientes do filme. Merece até uma interpretação psicanalítica. O final é absolutamente inconcluso. A mãe e um policial irão ao encalço do assassino estuprador, sobre o qual eles tem dúvidas. Decidirão ao longo do caminho o que fazer com ele.

Os destaques do filme vão para os diálogos estabelecidos, para os personagens e os desajustes de suas vidas e para a interpretação fantástica de Mildred Hayes (Frances McDormand), indicada ao Oscar de melhor atriz e de Bill Willoughby (Wood Harrelson) no papel do xerife e com indicação a melhor ator coadjuvante. Vale também a boa sequência e a força dos diálogos que tornam a passagem do tempo meio que imperceptível. Quanto a premiações, vamos ficar aguardando.

Ganhou pela atuação. Levou a estatueta de melhor atriz, para Mildred, uma mulher sedenta de justiça (Frances McDormand) e a de melhor ator coadjuvante (Wood Harrelson).

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