quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A Primeira Internacional. A Associação Internacional dos Trabalhadores.

Considero o tema das internacionais absolutamente relevante. Em primeiro lugar para entender o movimento de organização dos trabalhadores  e localizar e compreender as divergências entre si e por fazer parte de uma leitura de mundo, em que precisamos tomar posições, pois, a apatia e a indiferença nunca conduziram a bons resultados. Vou fazer uma breve resenha das quatro internacionais, usando como texto básico o livro História do Socialismo e das lutas sociais, de Max Beer, da editora Expressão Popular. Como a sua análise só chega aos anos 1920, precisamos buscar outra bibliografia para a terceira e especialmente para a quarta.
Principal referência para a elaboração deste post.

Os trabalhadores tiveram grandes avanços teóricos com as obras de Marx e de Engels, primeiramente, no campo filosófico e, depois, na análise do funcionamento da economia capitalista. Creio que não erramos ao dizer que, efetivamente, o primeiro grande marco foi o lançamento do Manifesto Comunista, em 1848. Os autores tinham convicção plena de que o capitalismo teria vida curta. O mundo vivia um clima revolucionário. Um novo grande avanço veio a partir dos anos 1860.
O livro de luta política revolucionária. O Manifesto Comunista, de Marx e de Engels.

A Primeira Internacional, ou a formação de uma espécie de central sindical mundial, a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) ocorreu em 1864 e tinha a sua sede na cidade de Londres. Dela fizeram parte trabalhadores ingleses, alemães, franceses e italianos. Em meio a representação alemã estava Karl Marx. Os grandes objetivos estavam na Mensagem Inaugural, onde se defendia a organização dos trabalhadores em partidos de classe, a luta em torno de legislação social e a criação de cooperativas operárias e, de forma mais distante, os princípios já contidos no manifesto de 1848. Nunca foi uma organização de massa. Era uma espécie de Central Sindical Mundial, ou a cúpula dos dirigentes sindicais dos países membros. Pode ser também considerada como uma universidade, onde se estudavam as táticas e as estratégias das grandes causas operárias.
A disputa pela liderança na Primeira Internacional se deu entre Marx e Bakunin

A AIT realizou cinco Congressos, em Genebra (1866), em Lausane (1867), em Bruxelas (1868), em Basileia (1869) e o último em Haia (1872). Os primeiros anos foram dominados por Proudhon, mas Marx foi sendo alçado como a grande liderança, logo a seguir. Em 1868 se registra o ingresso do revolucionário russo Miguel Bakunin e no Congresso de Haia ocorreu uma cisão sem volta. A sede da Associação ainda é transferida para Nova York, numa última tentativa de manutenção, mas ela é dissolvida em 1876. A sua grande contribuição foi o crescimento da organização dos trabalhadores e o grande evento do período foi a Comuna de Paris, em 1871. Também, por ela, Marx passou a ser o grande referencial teórico das causas proletárias.
A grande referência teórica para a análise econômica do sistema capitalista.

A divergência intransponível girava em torno da palavra, ou da concepção do Estado. Enquanto os anarquistas enxergavam os seus males como evidentes e o rejeitavam, os marxistas queriam dele se apoderar pela via revolucionária, fazer dele um instrumento de classe, pela ditadura do proletariado, para depois, já numa sociedade sem classes, aboli-lo definitivamente. A estratégia anarquista de combater o Estado burguês era a conspiração secreta e a insurreição armada.
Os anarquistas tiveram forte presença na Primeira Internacional e foram a causa da sua dissolução. Quem precisar de referências...

A reorganização dos Trabalhadores em nível internacional teria que esperar alguns anos. A Segunda Internacional só ocorre a partir de 1889 e, ainda permanece, não tão ativa e sem grande expressão e representação, até os dias de hoje. Mas este já o tema de um segundo post.

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