quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Chatô - O Rei do Brasil.

Depois de 20 anos, está em cartaz o filme dirigido por Guilherme Fontes, Chatô - O Rei do Brasil. Seguramente um dos filmes mais polêmicos da história do cinema brasileiro. O filme data de 1995 e somente agora foi liberado para exibição. Questões de financiamento e de censura foram os problemas que geraram a demora. As maiores tentativas que retardaram o seu lançamento foram feitas por parte da família.

Cartaz promocional de Chatô - o Rei do Brasil. 

Fui assistir o filme com uma enorme expectativa, motivado pelo livro de Fernando Morais, que serviu de base para o roteiro. Saí do cinema com um forte gosto de querer mais. O filme apresenta, como poderíamos dizer, fragmentos tirados da biografia, não obedecendo a nenhuma linearidade. Muitos apontam isso como sendo a grande virtude do filme. Vi depois, numa entrevista de Guilherme Fontes, que a equipe de Francis Ford Coppola foi contratada para auxiliar no roteiro do filme.

Ainda no cinema, eu pensava comigo, que quem não leu o livro de Fernando Morais, ou quem não conheceu nada de sua biografia, não teve condições de ter tido uma visão de quem foi efetivamente este personagem ímpar da mídia brasileira. Repeti esta minha visão, recomendando à mãe de um aluno brilhante, para que ele o assistisse. Leveza e humor são duas qualidades muito presentes.

A equipe de atores tem bom trabalho. Se tivesse que dar um prêmio para a melhor interpretação, não teria dúvidas em indicar Andrea Beltrão, como Vivi Sampaio, a eterna paixão do jornalista. Este também tem uma grande interpretação por parte de Marco Ricca. Como Getúlio é o personagem político da época, ele também é um dos principais personagens, com uma interpretação digna de Paulo Betti. Leandra leal e Letícia Sabatella são as esposas do nosso Cidadão Kane brasileiro.

A forma de narração, não linear como já observamos, toma como ponto de partida um programa de televisão, O Julgamento do Século, em que Chatô é julgado. É uma inteligente forma para se fazer uma retrospectiva de importantes passagens da vida do polêmico jornalista e, até quase ao final de sua vida, o maior empresário do setor. Chatô era o dono das Emissoras e Diários Associados, um complexo de emissoras de televisão, de rádio, de jornais e revistas. Viveu a vida de um magnata e sempre esteve próximo do poder, quer seja para influenciá-lo, ou então, chantageá-lo. Passou os seus 10 últimos anos paralisado em seu leito, sem abdicar de escrever e de namorar, ou então, a fazer sacanagens.

Procurando elucidar as polêmicas em torno do filme encontrei no Adoro Cinema, entre os comentários relativos ao filme, um de longo teor, assinado por Philippe Barrozo Bandeira de Mello, neto do jornalista. É muito explicativo. Ele faz um arrazoado com nove tópicos sobre o teor do filme, procurando desqualificá-lo, com a verdadeira paixão de um neto pelo seu avô. As principais críticas são no sentido de que o filme não é uma cinebiografia, mas uma obra de ficção, que ele é calunioso e difamatório, que tenta reescrever a história do Brasil, insinuando que Getúlio morreu assassinado e, ainda, que o filme deturpa toda a história de seu avô.

Também sobram críticas para Fernando Morais, o autor de Chatô - O Rei do Brasil - A vida de Assis Chateaubriand um dos brasileiros mais poderosos do século XX. Vê no escritor a fonte primária das deturpações da história de seu avô. Diz que a cada edição se renovam as acusações contra ele. Cita ainda, que existem 13 biografias absolutamente insuspeitas, que resgatam a verdadeira história do jornalista. No entanto, a que ficou realmente famosa, a que é lida nos cursos de jornalismo é a de Fernando Morais.
A magnífica biografia escrita por Fernando Morais. 614 páginas de informações.


Por falar em Fernando Morais, essa é uma biografia que eu recomendo. Foi escrita nos anos 1990 e se transformou num best seller. No final da apresentação do livro, em sua contracapa se lê o seguinte: "É obra de grande esforço jornalístico para retratar, com equilíbrio e rigor, um personagem tão complexo quanto fascinante". É bom também ter em vista, toda a recente polêmica em torno das biografias.




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