quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Diário de uma Viagem. O Quarto e Último Dia em Paris.

Mais uma vez estávamos a sós em Paris e, a pé. Previamente estabelecemos um roteiro. Privilegiaríamos o Panthéon e o Jardin du Luxenbourg. No entanto, conseguimos fazer algo a mais, ou uma nova investida pelo Quartier Latin e pela universidade de Sorbonne. Não sabíamos calcular as distâncias, mas elas estão muito próximas entre si. Estão em áreas contíguas. O táxi nos deixou no Panthéon e, como ele ainda não estava aberto, logo localizamos nas suas proximidades o famoso Jardin.
Vista da igreja de Santa Genoveva, transformada no Panthéon. Na sua cripta estão os túmulos dos grandes nomes nacionais.

O que é o Jardin du Luxenbourg? É uma enorme área verde em pleno centro de Paris. Ocupa uma área de 25 hectares de magníficos e caprichados jardins. Ali existe o palácio homônimo, construído para Maria de Médici, viúva de Henrique IV. Este palácio abriga hoje o Senado da França. Em frente ao palácio existe um belo lago e precisa ver o capricho que há com os jardins que o margeiam. Existem enormes gramados, onde os franceses vem tomar banho de sol. O local também abriga uma creche. Deve ser algo semelhante ao Parque da redenção em Porto Alegre, ou ao parque Barigui, em Curitiba. Os jardins, como todos os jardins franceses são geometricamente desenhados.
Vista do Palácio de Luxembourg, no jardim homônimo. O Palácio é hoje a sede do Senado francês. 

Voltamos ao Panthéon. Vamos ver um pouco de história. Com a Revolução Francesa as igrejas da França foram fechadas. Napoleão as reabriu. Reservou, porém, a de Santa Genoveva, a padroeira de Paris, para nela estabelecer o Panthéon Nacional. Esta igreja fora construída entre os anos de 1764 e 1790. Já no período da Revolução ela começou a receber os corpos dos herois franceses. O local é maravilhoso e grandioso, como o foram os personagens nele enterrados. Ali o simbólico é trabalhado à exaustão, procurando se criar no povo francês um sentimento de pertencimento comum - de um povo junto com os seus heróis. As solenidades ali realizadas são grandiosas, como necessariamente precisam ser.
Vista da cúpula do Panthéon. O arquiteto, na sua construção, se inspirou em várias cúpulas similares e não queria perder em grandeza e majestade.

Nos porões da igreja estão os túmulos sagrados. Ali também assisti a um vídeo, em que se mostrava a chegada de restos mortais de pessoas ilustres, para ali repousarem para sempre, com o reconhecimento de seus compatriotas. As solenidades são pomposas, com presença de autoridades, desfiles e toques militares. São muito mais que coreografias, verdadeiras liturgias de reverenciamento e devotamento. Tudo isto deve ter como resultado, um imenso sentimento pátrio. Anexo aqui uma foto de uma placa explicativa na frente do Pantheón, com um pouco de sua história. Aos grandes homens da Nação. Alguns, inclusive, estão aí nominados.
A placa explicativa em frente ao Panthéon. A homenagem aos grandes homens da Nação.

Ali estão enterradas setenta pessoas. Eles estão divididos de acordo com os diferentes períodos históricos do país, mas os mais reverenciados são Rousseau, Voltaire e Balzac. Na placa constam os nomes de Victor Hugo, Voltaire, Emile Zolá, Jean Moulin e Marie Curie. Consta também o nome do arquiteto da igreja, transformada no Panthéon, Soufflot. Em fotografias registrei mais alguns nomes significativos: Antoine de Saint Exupery, Henri Bergson, Jean Jaures e Diderot. O google localiza fácilmente uma lista completa.

Como o Panthéon se localiza junto ao Quartier Latin, aproveitamos para mais uma caminhada neste histórico bairro, guardando ainda na memória os grandes nomes da filosofia, da literatura, da ciência e de outras áreas de destaque da história francesa. A Sorbonne e a igreja de São Severino mereceram a nossa atenção maior. Já estávamos quase familiarizados com estas áreas centrais da cidade. Mais uns dias e já dominaríamos a cidade. Que dó ter que sair de um lugar desses.
Afinal, são os jardins que dão nome ao lugar. Jardin du Lulembourg.

Almoçamos no Jardin du Luxenbourg e pretendíamos por ali permanecer por mais algum tempo. Uma chuva torrencial atrapalhou completamente os nossos planos. Neste magnífico local não dá para passar sede. Um chopp de 500 ml. custa exatos 11 euros. Quando a chuva amenizou e permitiu a nossa locomoção, procuramos um táxi, para nos deixar no hotel. Também já passava das três da tarde e no dia seguinte teríamos um dos mais longos dias da vida, com a incorporação de cinco horas de fuso horário, além de uma viagem interminável. O destino seria Paris - Lisboa e Lisboa - Porto Alegre e finalmente, Porto Alegre - Curitiba. A volta por Porto Alegre tem uma vantagem. Nenhuma fila na Polícia federal.

Um resumo de tudo. Um grande sonho realizado. Uma viagem que superou todas as expectativas. Portugal é um país maravilhoso. Pena que esteja vivendo esta crise profunda. Precisam urgentemente se livrar de seus governantes neoliberais e reaprender que o mercado não é tudo. De Portugal levarei comigo para sempre o Zeca Afonso e a sua cantiga revolucionária Grândola, vila morena. Da Espanha levo recordações imensas. Santiago de Compostela, os seus caminhos, as suas igrejas e as histórias da Reconquista. E, como descendente ibérico, rendo o tributo aos mouros e as marcas de sua cultura, bemfazejamente presentes em nós. Foi uma mistura, das melhores que o mundo conheceu e que nos deixou, também, tantas maravilhas para serem vistas. Triste é também o seu atual momento político. E o que falar de Paris. Fico com a imagem do Panthéon. Que os herois ali consagrados continuem inspirando o mundo para os dias de amanhã.

           

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