segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Europa 2019. 3. KELHEIM - LANDSHUT - DACHAU - MUNIQUE.

Dia 21 de julho. Domingo. O dia começou com uma surpresa agradabilíssima. Um passeio de barco pelos cânyons do rio Danúbio, as chamadas "gargantas do Danúbio". O rio é o segundo maior rio da Europa e que passa pelas mais importantes capitais e cidades europeias, indo desaguar no Mar Negro, na Romênia. Viena, Bratislava, Budapeste e Bucareste são cidades banhadas pelo rio, citando apenas as capitais. Suas águas serviram de inspiração para Strauss compor o sua famosa "Danúbio Azul". 
Um dos passeios mais chiques da minha vida. Pelos cânyons do rio Danúbio.


Chegamos a um determinado ponto para pegarmos o barco que, após 40 minutos de navegação, contra a correnteza, nos deixaria na aprazível cidade de Kelheim. Esta é famosa pelo seu convento e a sua cerveja produzida pelos monges. Uma das mais conhecidas cervejas da região é a Weltenburger Kloster, a cerveja dos monges, que chegaram a ela através dos processos de purificação da água, visando dar ao povo uma água de boa qualidade para o consumo. A produção das cervejas nesta região remete aos anos 800 até se consolidarem por volta do ano de 1040. Adorei esta história da busca do processo de uma água potável de boa qualidade. Na viagem já havíamos visto as plantações de lúpulo, uma trepadeira de uns quatro metros de altura. É da família da maconha. Encontrei a seguinte explicação: "Lúpulo, ou pé-de-galo é uma liana, angiosperma, da espécie Humulus lupulus, da família Cannabaceae, nativa da Europa, Ásia ocidental e América do Norte". Será que é por isso que a cerveja vicia tanto!


Que vontade de trazer uma para cada um de vocês.

Mas voltamos ao passeio. Uma paisagem belíssima, em meio a um rio cheio de curvas e de penhascos, formando a paisagem típica dos cânyions. Barco confortável com boa estrutura de bar. O destino será o famoso mosteiro dos monges produtores de cerveja. Fizemos uma pequena parada e por isso não fizemos a degustação destas famosas cervejas. Mas a cidade é uma bela opção para quem tiver tempo e estiver hospedado nas imediações de Munique e Nuremberg. Também existem as histórias medievais e das poderosas dinastias regionais.

Uma plantação de lúpulo.

Marcos, o guia nos falava das enchentes do Danúbio. Elas são infalíveis, ocorrem todos os anos, maiores ou menores. São uma combinação da água das chuvas com o derretimento da neve. Um dos fatores que permitiu a ascensão ao poder de Ângela Merkel foram exatamente as enchentes do ano de 2005, muito mal administradas pelo poder da época. A senhora Merkel então ascendeu ao poder e nele se mantém até os dias de hoje. Apesar de conservadora, ela transita bem junto a outros partidos. Ela é originária da antiga DDR e lida bem com a política para refugiados. A Alemanha, em constante expansão econômica, tem programado receber seis milhões de refugiados para os próximos anos.
A torre de tijolos que deu fama à cidade.

Seguindo viagem, em meio a belíssimas paisagens de campos cultivados e de bosques, chegamos a Landshut, já nas proximidades de Munique. Landshut é famosa, entre outras coisas, por sua torre de tijolos, a mais alta do mundo, neste segmento, com seus 130 metros de altura. Landshut também tem uma festa típica, a Landshuter Hochzeit, realizada de quatro em quatro anos e que remete a um casamento medieval, transformado em grande e colorida festa popular, com trajes medievais. A cidade está em grande crescimento econômico, por influência de sua proximidade com Munique. O aeroporto de Munique está muito próximo. Chamam também atenção as suas casas multi coloridas.
O multicolorido da cidade.

A nossa próxima parada seria a mais triste de todo passeio. Uma visita ao campo de concentração de Dachau, numa antiga e abandonada fábrica de pólvora. Confesso que não me causou tanto impacto, quanto a minha primeira visita, feita em 1995, em Bergen Belsen, um campo de reclusão de mulheres, nas proximidades de Hannover. O cenário é de absoluta tristeza, mas um memorial necessário. É preciso lembrar, para que fatos como estes não se repitam nunca mais.
Um triste cartaz no Museu do campo de Dachau. "Nossa última esperança". Imagina!

Dachau se especializou em receber os opositores do regime, já a partir de 1933. Atingiu o seu apogeu de presos em 1941. Por ali passaram mais de 200 mil pessoas e mais de 30 mil foram executadas. Tudo indica que câmaras de gás não chegaram a ser usadas. O campo foi libertado  no dia 29 de abril de 1945, chegando a haver execuções de oficiais nazistas. Foram encontrados centenas de corpos empilhados já em estado de decomposição. Ainda havia ali mais de 30 mil pessoas por ocasião da libertação. A partir de 1948 o espaço passou a ser utilizado como campo de refugiados e a partir dos anos 1960 passou a ser  transformado em Memorial. Foi o primeiro e o maior de todos os campos de concentração.Me lembrei muito de Adorno e de Hanna Arendt, neste triste lugar. Talvez o fato de estarmos em um tour turístico tenha amenizado os terríveis impactos do lugar e de suas imagens.
Dachau em números e numa estampa. Tristeza profunda.

Pouco tempo depois já estávamos em um dos templos sagrados do capitalismo. O recinto do BMW Welt, um centro de exposições multifuncionais da famosa marca de carros. Junto há um museu e o seu centro administrativo. É um mundo que pouco me encanta. Ao lado está o Olympiadstadium, o local onde foram realizados, os tristemente lembrados, jogos olímpicos de 1972. Sobrou ainda tempo para passear no centro da cidade, visitar o Marienplatz, a Rathauss e o entorno com as famosas cervejarias e restaurantes. Apesar de domingo, havia muito movimento, mas o comércio em geral estava fechado. Uma espiada, um ouvir de música de banda alemã e uma olhada na exposição dos joelhos de porco assando na famosa Hofbräuhaus.
Três imagens da poderosa Munique.

A cidade foi fundada por monges franciscanos, no século VIII. A cidade sofreu muito com as pestes e no Marienplatz está a coluna da Peste, erguida ao final de 150 anos da peste. Estas colunas são encontradas em muitas cidades e eram locais dedicados à oração para que as cidades se livrassem das terríveis consequências da peste negra. A cidade não foi bombardeada ao final da Segunda Guerra e pro isso conserva o seu centro histórico intacto. É uma cidade em franco desenvolvimento e uma cidade com alto custo de vida. É a sede das famosas Octoberfest, com muita cerveja e muita música. Descanso merecido diante da perspectiva de um dia intenso na sequência. Füssen e o Castelo de Neuschwantstein, Rotemburgo e o seu museu de natal e a internacional Frankfurt estavam em nosso horizonte.


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