quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Diário de uma viagem. - Capri - Sorrento - Salerno.

A ilha de Capri é um luxo só. Situa-se no Golfo de Nápoles, na costa amalfitana. É muito pequena, metade da ilha de Fernando de Noronha. Seis quilômetros de extensão por dois de largura. Moradia das sereias, onde cada pedra e cada gruta tem uma história. É formada por dois vilarejos: Capri, em baixo e Anacapri, no alto e tem uma população de doze mil habitantes. É um dos locias mais luxuosos do mundo. Anacapri, no alto, é uma boutique só. As grandes marcas mundiais estão ali presentes.
Vista da ilha de Capri, para quem nela chega de barco.

Saímos de Nápoles pela manhã em um barco, numa travessia belíssima. De um lado você vai avistando a ilha e do outro o majestoso Vesúvio. Os barcos são semelhantes aos do Rio de janeiro, aqueles que te levam para Niterói, ou para a ilha de Paquetá. O nosso guia nos falava que Capri não é a mais bela das ilhas italianas, mas é de longe a mais famosa. As suas origens remetem ao imperador Augusto, mas ela ganhou efetivamente a sua fama com Tibério, que ali construiu uma vila com doze mansões.
 Chegando à ilha, uma das opções é a de fazer o seu contorno. Foi o que a maioria do nosso grupo fez. O dono do barco era, ao mesmo tempo o barqueiro e o animador da turma e, este papel ele cumpriu muito bem, com um belo toque entre o humor e a ironia.
Ele nos mostrava a casa do escritor Malaparte, pintada de vermelho, obviamente. Ele era comunista. Nos mostrava a vila de Tibério, a casa do dono da Armani, do da Ferrari, a gruta tal e tal, a passagem tal. Nos mostrava ainda os hotéis de luxo de diárias a partir de mil euros e restaurantes, onde segundo ele, "se come por um e se paga por dez".
Pelo formato dessas rochas e pela proximidade com a vila de Tibério, esta paisagem ganhou o nome de "os cornos de Tibério", segundo o dono do barco responsável pelo nosso passeio.

Uma das coisas mais maravilhosas em Capri é a cor das águas e a mudança de seu colorido. Ora são muito verdes, ou muito azuis, em outras partes. O contorno da ilha é um desses passeios inesquecíveis. Sua paisagem muda em questão de minutos e sempre é muito agradável.
Segundo o dono do barco, ao cruzar esta passagem e dando um beijo na boca da pessoa com quem você está, você ficará com ela, por no mínimo, mais 25 anos.

Um dos encantos maiores da ilha, a sua paisagem efetivamente cartão postal, é a Grotta Azzurra. O local nem sempre é acessível em função das marés. O seu interior só pode ser atingido por pequenas embarcações. No nosso caso, o acesso não foi possível.  Apenas nos aproximamos. O passeio dura em torno de duas horas e custa dezesseis euros.
A Grotta Azzurra, o cartão postal por excelência da ilha de Capri.

Como já afirmei, a ilha é formada por dois vilarejos: Capri e Anacapri. O acesso a Anacapri é feito por um funiculari, um bonde, seguro por cabos que anda sobre trilhos. Creio que é semelhante àqueles que dão acesso ao cristo Redentor, no Rio de janeiro. Recebemos do guia a orientação para fazer a refeição em Capri e não em Anacapri, uma vez que os preços sobem na mesma proporção da elevação do terreno. Mesmo assim, paga-se em Capri, sete euros por um chopp de 400mls.
Vista a partir de Anacapri.

Os funiculari são muito comuns na Itália, uma vez que a sua geografia é muito acidentada. Fazem parte também do imaginário popular. É muito conhecida no Brasil a canção "funiculi - funiculá", uma canção composta em 1879 em homenagem ao primeiro funiculari no Vesúvio, nas proximidades de Nápoles. Cuidado para não confundir a canção com o folclore italiano. Isso pode custar direitos autorais, como ocorreu com Straus, que a incluiu na sua sinfonia Aus Italien.
A nossa volta não se deu novamente por Nápoles, mas para Sorrento, já um poco mais ao sul. Sorrento é uma pequena cidade, de uns vinte mil habitantes, totalmente voltada para a cultura. Ela está construída sobre uma enorme falésia e só é acessível, a partir da região em que se situa o seu porto, por um elevador.
Sorrento, uma cidade construída em cima de uma falésia.

A economia da cidade está voltada para a agricultura, especialmente frutas. O seu produto mais característico é o famoso licor de limoncello, feito a partir do limão siciliano, a bebida de Sorrento e muito apreciada em toda a Itália.
Uma das particularidades da cidade é a de ser a cidade natal do poeta do renascimento italiano do século XVI, Torquato de Tasso, autor de Jerusalém Libertada. Nela são cantados os feitos dos cristãos contra os muçulmanos por ocasião da primeira cruzada. Sorrento sempre foi considerada como a cidade que servia de guarda de entrada para o Golfo de Nápoles.

Monumento em homanagem a Torquato de Tasso, na cidade de Sorrento.

De Sorrento partimos para Salerno, agora morro abaixo. A descida lembra a da Serra do rio do Rastro em Santa Catarina. Salerno possui mais de um milhão de habitantes e é o terceiro maior porto italiano. As referências a ela sempre estão associadas a sua riqueza: a opulenta Salerno. Sua história acompanha a de toda a região. Domínio Grego, Romano, Ostrogodos, Bizantinos, Sacro Império... Unificação italiana, a grosso modo. Foi uma das cidades mais castigadas na Segunda Guerra Mundial, pois foi por seu porto que as forças aliadas penetraram na Itália em 1943.
O guia ainda nos falou que a cidade é famosa pelo seu macarrão, ou ali teria começado o seu processo de industrialização. De fato. Procurando a respeito, percebi que Salerno, junto com Palermo, disputam o início de um processo de secagem não natural, não ao sol, do macarrão e que isso está vinculado com o processo de sua indsutrialização.
Salerno não possui a marca de ser uma cidade turística, embora isso seja meio impossível em qualquer cidade italiana. Nos hospedamos num moderníssimo hotel, para no dia seguinte chegarmos a Sicília, mas passando antes por Padula e Paola.
Um por do sol na cidade portuária de Salerno.


Um comentário:

  1. Esta camiseta é tão belíssima quanto essa paisagem. Abraço, grande Pedro Elói.

    Diego Zerwes

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