terça-feira, 2 de outubro de 2012

Jonathan Franzen - As Correções.

Estes são os bons resultados da FLIP, a feira literária de Paraty. Resultados indiretos, pois dela nunca participei, mas sempre a acompanhei. Foi a FLIP que me colocou em contato com este escritor.
Simplesmente um grande livro.

Dele comprei As Correções e Liberdade. Terminei hoje a leitura de As correções. É um romance denso, em todos os sentidos. Possui 583 páginas. A narrativa se centra em torno da família Lambert, de Saint Jude, do meio oeste americano. O casal é formado por Alfred, um engenheiro ferroviário e Enid, dona de casa. São sexagenários, chegando aos 70 e Alfred, terminando aos 75. O casal tem três filhos: Gary, o mais velho e, aparentemente, o mais normal, que se torna um rico homem do mundo financeiro (normal?), que possui família com três filhos; Chip é o segundo. Qual é a sua profissão? professor ou trapaceiro? É um desastre total. Denise é a mais nova da família e chefe de cozinha por profissão e problemática com relação à vida em tudo. Tudo são incertezas, culpas, remorsos, ódios, incompreensões e,... tentativas de correções.
O tempo do livro são os tempos atuais. Começa com o problema do envelhecimento do casal, que fica sozinho, uma vez que os filhos foram para a costa leste, em busca do sucesso. O casal vive às turras e as implicâncias de Enid com Alfred enervam até o leitor. Alfred é diagnosticado com o mal de Parkinson.
A cultura americana, as questões religiosas e econômicas, a questão do sucesso dos filhos no desejo dos pais, até a questão do funcionamento dos planos de saúde e das trapaças do mundo financeiro são as grandes marcas do livro. Como os americanos gostam de falar mal de sua cultura!  É impressionante como o envelhecimento e a deterioração vital do casal também é acompanhado com a deterioração dos valores culturais da geração seguinte, a dos filhos, e os desencontros e confrontos que isso provoca na vida de todos.
O livro é uma neura só. Ou você fica meio louco, ou então, se previne ou se cura de qualquer loucura, pois com esta leitura, a loucura parece ser a normalidade.
Correções foi um título muito bem escolhido. Os personagens vivem querendo corrigir tudo o que fazem e  fazem tudo cada vez pior. A última página inteira é dedicada ao  que era errado e aparecem todas as implicações de Enid para com Alfred. Os três filhos são assim apresentados ao final do livro: o materialismo de Gary, os fracassos de Chip e a falta de filhos de Denise.
Leitura mais do que recomendada. O livro é editado pela Companhia das Letras e a sua versão econômica custa R$ 36,00.
Hoje me incomodei bastante. Fui ao banco. Com certeza que banco não é um lugar agradável. Perdi muito tempo e isso sem ter problemas. Só questão de fazer pequenos acertos. Me preveni levando o livro José e Pilar - conversas inéditas de autoria de Miguel Gonçalves Mendes, o cineasta que fez o documentário com o mesmo nome. O livro tem um belo prefácio de Walter Hugo Mãe e é editado também pela Companhia das Letras e custa R$ 34,00.
É Saramago! Por enquanto, sem comentários. É Saramago o escritor que com certeza eu mais li. Vou comentar depois, mas não resisto em dar uma informação contida na orelha da contracapa do livro, em que é apresentado Miguel Gonçalves Mendes: "Atualmente, o cineasta dedica-se a adaptação do romance O Evangelho segundo Jesus Cristo", o mais polêmico e o mais premiado livro de José Saramago. É aguardar para ver.