quarta-feira, 5 de novembro de 2014

São Bento do Sul, no norte de Santa Catarina.

Há tempos tinha vontade de conhecer a cidade de São Bento do Sul, no norte de Santa Catarina. Não tinha um motivo especial, mas creio que a sua origem alemã e o fato de ser um caminho alternativo para ir a Guaratuba, embora aumentasse bastante a distância, foram alguns dos motivos. Fiz isso pela primeira vez, mas uma intensa chuva impossibilitou, por inteiro, qualquer passeio. Retomei o projeto na semana passada. Desta vez deu certo.
Do alto da colina, junto da igreja matriz, uma bela vista panorâmica da cidade.

São Bento do Sul está ligado a colonização da Colônia Dona Francisca, nos meados do século XIX, por uma empresa colonizadora da cidade de Hamburgo. A colônia Dona Francisca resultou na promissora cidade de Joinville. De Joinville foi feita a expansão. São Bento do Sul se protegia dos desbravadores, com a Serra Dona Francisca, mas nada que o agrimensor da companhia não resolvesse. O agrimensor tinha o pomposo nome de Carl August Wunderwald. São Bento do Sul inicia a sua colonização em 1873, quando ao longo do riacho São Bento, no vale do rio Negro se estabeleceram colonos oriundos da Bavária, da Prússia, da Polônia, da Rússia, bem como da Saxônia e da antiga Checoslováquia. A madeira se transformou na sua grande riqueza histórica. Sua evolução foi rápida. Em 1876 foi elevada a condição de distrito e já em 1883 a condição de município.
As escadarias, as estações da Via Crucis e lá no alto, a bela igreja da cidade.


A cidade é fortemente marcada pela sua tradição. Seus antepassados estão presentes no culto à música e ao folclore dos povos originários. Festas típicas e grupos que cultivam a tradição mantém viva a herança recebida. As festas populares relembram basicamente o tempo de fartura das colheitas. As grandes festas são a Sclachtfest, a festa da matança, tão típica das festas alemãs e o Bauerball, o famoso baile do colono. A música ganhou a sua festa típica com a Musikfest. A música, a dança e a fartura são os grandes componentes da alegria do seu povo.

Hoje São Bento do Sul é um próspero município, com IDH e renda per capita bem elevados. A transformação da madeira sempre foi a grande riqueza do município, mas a crise econômica iniciada em 2008, ainda se faz sentir. A metalurgia, a tecelagem e a fiação são outras grandes riquezas, além da indústria da cerâmica. Ali surgiram grupos econômicos de renome internacional, com destaque para a Rudnick, no setor moveleiro, da Oxford, na indústria cerâmica, do grupo Tuper, na metalurgia e da Buddemaeyer na tecelagem e fiação. A cidade tem hoje 80.000 habitantes.
A preservação histórica na cidade. A agência do banco Itaú.


A cidade se situa no alto da serra, numa paisagem magnífica. A sua igreja matriz é um verdadeiro cartão postal. Se situa no alto de uma colina e é alcançada por uma escadaria de muitos degraus, com as agora 16 estações da Via Sacra. A paisagem lá de cima compensa os degraus subidos. As escadarias e a Via Sacra me lembraram a cidade de Braga, aquela em que se reza, lá de Portugal. Só que lá tem um bondinho para subir. E as estações da Via Sacra são estátuas esculpidas. Muitas das casas foram reconstituídas, mantendo o caráter histórico da cidade. A agência do banco Itaú, merecidamente ganha um destaque. Artesanato típico também é abundante. Também tem cachaça produzida na cidade.
Uma vista da Serra Dona Francisca, vista do mirante da rodovia.

Como o nosso destino era Guaratuba, você sai de São Bento na direção de Joinville. Aí você ainda ganha um presente maravilhoso que é a descida da Serra Dona Francisca, com direito a um mirante para contemplar uma paisagem maravilhosa. Logo você chega em Joinville, na parte norte da cidade, já próximo de Garuva, ainda em Santa Catarina. Valeu muito a pena fazer uns cem quilômetros a mais para conhecer uma cidade e uma região de beleza rara. Um dia fico aí por mais tempo.
Uma cachaça extra produzida em São Bento do Sul. Pela Grosskopf&Schreiner.

2 comentários:

  1. As cidades em evidência são os "carimbos", as marcas da multiforme civilização brasileira!

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    1. "Há de nascer - de crescer e de se misturar", nos diz o Jorge Amado. No caso de São Bento, a grande marca alemã em nossa cultura. Agradeço a sua manifestação.

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