quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Conservatória IV. Programações Especiais e Atrações Turísticas.


No post anterior eu fiz comparações entre Conservatória e Paraty. Hoje faço mais uma. Nos grandes eventos em Paraty, como na FLIP e no Festival da Cachaça é preciso fazer reservas nas pousadas com muita antecedência. O mesmo acontece em Conservatória, ao menos no seu principal evento, que é a realização do Carnaval Antigo, um carnaval de rua, com muitas máscaras, que se realiza no mês de outubro. A exemplo de Paraty, Conservatória também tem o seu calendário de atividades. E tem festa o ano inteiro. Vejamos:
Em Conservatória existem diversos museus relacionados à seresta e aos seresteiros.

Assim em abril tem o Circuito do Café, Cachaça e Chorinho - além da Noite da Valsa.
Em maio tem o Festival da Seresta Sílvio Caldas, a Noite da Bossa Nova e o Dia do Seresteiro.
Em junho tem a Festa de Santo Antônio.
Em julho tem a Caminhada da Natureza, a Festa Caipira e o Festival Vale do Café.
Em agosto tem o Festival Eu também sei Cantar e o Encontro de Seresteiros.
Em setembro tem o Cine Música - As Noites de Choro e o Encontro da Melhor Idade com a Passeata e o Festival - Eu também sei Dançar. Foi este As Noites de Choro que nós tivemos a oportunidade de participar.
Em outubro tem o Carnaval Antigo e o Festival de Poesias.
Em novembro tem a abertura da Feira Natalina e o Encontro de Corais.
Em dezembro tem o Auto de Natal.

As Noites de Choro são um evento grandioso. Tem patrocínio forte e é gratuito para o povo. Desta vez o artista principal foi Ronaldinho do Cavaquinho. Fez um show extraordinário e altamente profissional. Iniciou cantando Ave Marias, lembrando Waldir Azevedo, depois fez uma turnê  Brasil afora, demorando mais no nordeste e em Minas Gerais. São Paulo também foi contemplado. Ronaldinho é um showman. Cantou e tocou em meio ao público, contou histórias e piadas exalando um humor de quem está realmente de muito bem com a vida. Até comprei um DVD seu.
Ronaldinho do Cavaquinho é figura conhecida em Conservatória. É considerado como o herdeiro musical de Waldir Azevedo.

O show começou com duas apresentações de abertura. No primeiro, uma ainda menina e já inúmeras vezes premiada, a Carol, tocou solo de flauta, que disse ter aprendido com o avô, ainda vivo e lúcido e que aos 90 anos ainda continua tocando flauta. A segunda foi a de um músico nativo, da vizinha Apiabas, que apresentou dois solos de violão. Artistas prontos para se apresentarem em qualquer palco do mundo. Depois começou, já em altíssimo astral o show principal, do Ronaldinho do Cavaquinho. No meio do show, surpresas. De repente apareceu o Caubi Peixoto. Logo deu para perceber que era um cover seu, que depois soubemos ser o cover oficial. Ele anunciou, inclusive, que agora em outubro será lançado o filme sobre a vida do grande artista. É evidente que cantou Conceição. Depois se apresentou uma cantora que apresentou algumas músicas das cantoras do rádio. Como podem perceber, saudosismo puro em uma regressão no tempo fantástica.
Na praça desta igreja, dedicada a santo Antônio é que que ocorrem as Noites de Choro. Mas Ronaldinho do Cavaquinho fará um show dentro da igreja, agora em outubro. Certamente Ave Marias e homenagens a Waldir Azevedo.


O show de Ronaldinho é revestido de um misticismo religioso muito bonito, cheio de sincretismo e parece não gostar muito da mistura que a religião faz com a prosperidade, a tal da teologia da prosperidade. É evidente que ele não falou isso mas deixou entender. Ele tem verdadeira paixão por Ave Marias, tendo um CD inteiramente dedicado a elas. É um artista talentoso e jovem e de muito futuro. Vejam a declaração de Olinda Azevedo, a viúva de Waldir Azevedo sobre o artista: "Considero que Ronaldinho, como músico tenha tudo para alcançar o sucesso. Particularmente, para mim, uma viva presença do Waldir". É de ficar vaidoso. O nível do show, para terem uma ideia, o percussionista que o acompanha é o próprio percussionista de Dona Ivone Lara.
Olha os temas do site dos seresteiros de Conservatória.

Mas vamos a mais um pouco de história de Conservatória, desta vez enfocando a origem da sua ligação com a música. E vamos buscar dados no site dos seresteiros de Conservatória, num item apresentado como Serenata e Paixão:

"A prosperidade econômica do final do século passado deu início a outra tradição na vila: a das serenatas - a música cantada sob o sereno - que hoje atraem mais de mil pessoas a cada fim de semana para a cidade, vindas  dos mais diversos recantos do país e do exterior.
Outro dos museus homenageando seresteiros em Conservatória.

Um dos grandes motivadores da tradição da música na cidade é o museu da seresta, que tem o maior acervo de músicas de seresta do país - e um dos maiores do mundo -, criado pelos irmãos Joubert e José Borges. O museu mantem viva uma página da cultura musical brasileira, reunindo os seresteiros às sextas feiras e sábados à noite, que de lá saem para cultivar o hábito, raramente quebrado, de cantar pelas ruas da cidade.

Em 1998 Conservatória comemorou 120 anos de serenatas. Conta a história que a tradição nasceu com um romântico professor de música e tocador de violino, Andreas Schmidt, que, em uma noite enluarada no silêncio do vilarejo, atraiu expectadores, e o professor Andreas passou a ter como rotina tocar seu violino na praça, nas noites estreladas. Aos poucos, músicos de outros lugares passaram a acompanhar as serestas do professor, e essa virou uma característica incorporada ao lugar".
E vejam o nome da cachaça de Conservatória. Seresta e Serestinha.

Amanhã eu conto mais. Histórias de paixão mais ardente que a Romeu e Julieta ali teriam acontecido. Depois da decadência do café vieram as culturas da cana e do milho. E se tem cana deve ter cachaça. Isto veremos amanhã.

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