segunda-feira, 20 de julho de 2015

Viagem a Minas Gerais. Diamantina. Expectativas.

Há muito eu planejava uma viagem para conhecer a cidade histórica de Diamantina, nas Minas Gerais. Amigos que a tinham visitado, a enorme simpatia que alimento em torno da figura do presidente JK, a curiosidade em torno da mítica figura de Chica da Silva e, ultimamente, a curiosidade em torno da vesperata, me motivaram para empreender a viagem. Tomada a decisão, viajaria a Belo Horizonte de avião, e continuaria a viagem de ônibus. Encontrando o meu amigo Valdemar numa festa, falei-lhe do meu plano e ele, de imediato, me falou que iria junto. A única alteração no planejamento foi a de que alugamos um carro no aeroporto de Confins.
A catedral de Diamantina, dedicada a Santo Antônio. Ao seu redor estão as riquezas históricas da cidade, Patrimônio Cultural da Humanidade.

Meio desligadão, comprei a passagem aérea, sem antes verificar a questão da hospedagem. Evidentemente fiz coincidir a viagem com a apresentação da vesperata. Não havia vagas nos hoteis e pousadas da cidade. Além da vesperata, era julho, mês de alta temporada. Mesmo assim fomos. Do aeroporto fomos diretamente para Diamantina, num percurso de pouco menos de 300 quilômetros. Nos dirigimos ao hotel Tijuco, um hotel projetado por Niemeyer. Não havia vagas, mas a atendente nos disse que não haveria problemas, pois, uma pousada estava inaugurando por esses dias, a pousada João e Maria, onde facilmente nos acomodamos.
João e Maria, a simpática pousada em que ficamos hospedados. Recém inaugurada.

Depois de acomodados, e diga-se, otimamente acomodados e em excelente localização, fizemos as primeiras incursões pela cidade. E vai aí a primeira dica importante sobre a locomoção na cidade. Toda ela deve ser feita a pé. Esqueça o carro, a não ser para os passeios pela área rural. As atrações da cidade estão, todas elas, muito próximas da catedral metropolitana de Santo Antônio, que tem a sua origem na construção da primeira capela, em 1713, em homenagem ao santo. Ao seu redor está a prefeitura e os bancos, o prédio histórico do mercado, cercado por íngremes ladeiras. Muito próximo daí está também A Baiuca, uma espécie de Boca Maldita, ou o bar Vesúvio da cidade. Então você já está na rua da Quitanda, onde acontece a famosa vesperata e o destino da serenata, que ocorre na noite de sexta feira.
 Uma espécie de Boca Maldita de Diamantina. Bom lugar para um começo de conversa.

Já meio de posse da cidade, tomamos a primeira cerveja em Diamantina, afinal de contas, os trabalhadores das cervejarias não podem ficar desempregados. Sempre bebo por motivos humanitários. O local onde a tomamos, no Bar do Antônio, nos foi indicado numa livraria bar e café, ao perguntar onde haveria música ao vivo à noite. O Recanto do Antônio, restaurante e bar é uma história a parte. Ali jantamos e, já na primeira noite, juntamos mesas. Só saímos dali, às três e meia da madrugada com o tempo passado em agradáveis conversas e cantorias. Antônio, o proprietário do bar e Nilson, o cantor foram extremamente hospitaleiros conosco. Nilson foi cantor profissional nos Estados Unidos e Nat King Cole e Ray Charles não saíam de seu repertório, além de muita música popular brasileira, inclusive, Lupicínio Rodrigues. Diamantina é uma cidade voltada para a música.
O Recanto do Antônio, restaurante e bar. Ótima comida e música e muita hospitalidade.

Diamantina é uma cidade histórica ligada a extração do ouro e de diamantes. Foi fundada como Arraial do Tijuco, em 1713 e elevada à condição de cidade em 1831, emancipando-se do município de Serro. É nessa região que nasce o rio Jequetinhonha, que deságua no Atlântico. Outros rios da região buscam o rio São Francisco. A cidade está localizada na serra dos Cristais, que integra a chamada serra do Espinhaço. A altitude da cidade é de 1.280 metros e faz frio, um frio de altitude. Tem que levar blusa, não é só short e camiseta. A sua população gira em torno de 48.000 habitantes. Os solos são absolutamente rochosos, pouco dados para a pecuária e muito menos para a agricultura.
O histórico mercado da cidade. Ele serviu de inspiração para Niemeyer para o Palácio da Alvorada. Observe a paisagem de fundo.

Curioso em torno das atividades econômicas, li que a riqueza se constitui da agropecuária, da indústria, da extração mineral e do turismo. Confesso que vi muito pouco de agropecuária. Os solos são de rocha mesmo. Onde há vegetação, ela é típica de cerrado. No domingo de manhã fui a feira local de frutas e verduras, no histórico mercado da cidade. A cidade é universitária. Um antigo curso federal de Odontologia foi transformado na Universidade Federal dos Vales do Jequetinhonha e do Mucuri, criada no governo Lula. Como reminiscência dos tempos do ouro e dos diamantes a cidade abriga uma histórica joalheria, a mais antiga do Brasil, a joalheria Pádua, fundada em 1888 e atravessando já o seu terceiro século. Evidentemente que o turismo é seu trunfo econômico mais forte. Vamos apresentar as suas atrações em um outro post.
Uma universidade federal para alavancar e dar sustentabilidade à região.

Na sexta feira, antes que fôssemos a procura dos principais pontos históricos e turísticos cruzamos com o Gil Botelho, o popular Amém. Poucas palavras trocadas e o Amém já era o nosso guia turístico informal. Além de nos levar para a casa da Chica da Silva, da igreja do Carmo, do beco do Mota, da Baiuca e da Joalheria Pádua, nos deu ainda ainda inúmeras outras valiosas indicações. Amém também é músico. O seu instrumento é a gaita de boca. Ele também organizou o nosso almoço de sábado, de novo no bar do Antônio, numa programação especial para nos agradar. O almoço durou a tarde inteira. Vou falar mais do Amém, também em outro post. Na sexta de noite começam as atrações da cidade. Um concerto de órgão, no mais antigo órgão fabricado no Brasil, na igreja do Carmo e ao seu final, a partida da serenata, que sai da igreja em direção a rua da Quitanda foram as atrações. Oh Minas Gerais e Saudades de JK se destacaram no repertório. Bem, no próximo post vamos falar das atrações artísticas e da programação festiva da cidade.

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