domingo, 5 de fevereiro de 2017

O Wall Street Plot de 1933. O Putsch da Casa Branca.

Luiz Alberto Moniz Bandeira me acompanha ao longo dos meus anos de formação. O seu livro Presença dos Estados Unidos no Brasil, lançado em 1973 me marcou profundamente. Agora vi o seu lançamento de 2016, A Desordem Mundial - O espectro da total dominação - guerras por procuração, terror, caos e catástrofes humanitárias e me pus a lê-lo. Mas já ao final do primeiro capítulo quero compartilhar esta experiência da "democracia" americana em seu mito inabalável. Quero falar sobre a tentativa de golpe de Estado ocorrido em 1933, contra o presidente Franklin Delano Roosevelt e a sua política do New Deal.
Um livro portentoso - espectro da total dominação sob o capitalismo financeiro.


O episódio é narrado no primeiro capítulo, que tem os seguintes subtítulos: Nazifascismo * O fenômeno da mutazione dello stato * Wall Street plot contra o governo de Franklin Delano Roosevelt em 1933 * Os big businessman americanos, a família de Prescott Bush e a remessa de recursos para Hitler * A denúncia do general Smedley D. Butler * O complô fascista abortado * Os documentos do McCormack-Dickstein Committee. O capítulo  ocupa 13 páginas, 10 de texto e o restante de notas e de fontes. Dou este dado para mostrar as diligências em sua pesquisa.

O texto começa apresentando o fenômeno do fascismo na Itália e na Alemanha e a sua extensão por Portugal e Espanha. Depois segue uma definição: "O fenômeno político denominado nazifascismo no século XX podia e pode ocorrer, nos Estados modernos, onde e quando a oligarquia e o capital financeiro não mais conseguem manter o equilíbrio da sociedade pelos meios normais de repressão, revestidos das formas clássicas da legalidade democrática, e assumir características e cores diferentes, conforme as condições específicas de tempo e de lugar. Porém sua essência permanece como um tipo peculiar de regime, que se ergue por cima da sociedade, alicerçado em sistema de atos de força, com a atrofia das liberdades civis e a institucionalização da contrarrevolução, tanto no plano doméstico quanto no plano internacional, mediante perpétua guerra, visando implantar e/ou manter uma ordem mundial subordinada aos seus princípios e interesses nacionais e favorável à sua segurança assim como à prosperidade nacional" (página 37-8).

Pois bem. Este fenômeno ocorreu nos Estados Unidos em consequência da Grande depressão em virtude do outubro de 1929. Dou voz ao autor para melhor manter a força do argumento. "... Alguns grupos financeiros e industriais - cerca de 24 das mais ricas e poderosas famílias dos Estados Unidos,  entre as quais Morgan, Robert Sterling Clark, DuPont, Rockefeller, Mellon, J. Howard Pew e Joseph Newton Pew, da companhia Sun Oil, Remingron, Anaconda, Bethleem, Goodyear, Bird's Eye, Maxwell House, Heiz Schol e Prescott Bush - conspiraram. Planejaram financiar e armar veteranos do Exército, sob o manto da American legion, com a missão de marcharem sobre a Casa Branca, prender o presidente Franklin D. Roosevelt (1933-1945) e acabar com as políticas do New Deal. O objetivo consistia na implantação de uma ditadura fascista, inspirada no modelo da Itália e no que Hitler começava a construir na Alemanha"(página 38).

O Wall Street Polt abortou. Os bigbusinessmen tentaram cooptar o general Smedley Butler, mas ele os denunciou a um repórter, que por sua vez tornou o fato público através do Philadelphia Record e do New York Evening Post. Nas investigações no Congresso o general contou detalhes do plano. Lhe dariam um exército de 500.000 ex-soldados e outras pessoas e lhe ofereceram, inicialmente, US$ 100.000 para a execução do plano. Houve um coover up (cobrir - tapar) e a imagem da democracia americana, o país onde nunca houve um golpe de Estado foi preservada. Todos os inquéritos não deram em nada e ninguém foi processado.

Enquanto isso aqui no Brasil... , conforme nos relata Chico Oliveira, entre os anos de 1930 e a transição democrática dos anos 1980 tivemos duas longas ditaduras e uma tentativa de golpe de Estado a cada três anos. E todos os golpes, como pudemos constatar ainda no golpe de 2016, uma das forças mais ativas a impulsionar o golpe, foram a televisão, o rádio, os jornalões e os ruidosos panfletos, apelidados de revistas semanais.

O capítulo continua mostrando como os banqueiros americanos financiaram a ascensão de Hitler na Alemanha, inclusive entre eles, os banqueiros judeus. Vejam uma de suas justificativas para tal, assim apresentada pelo autor: "Os banqueiros judeus justificaram, dizendo que o antissemitismo lhes parecia certo, sob o regime nazista, porque era contra os pobres, refugiados e trabalhadores" (página 42).

E mais um adendo, para lembrar que quatro presidentes morreram em pleno exercício de suas funções. Vejamos: Abraham Lincoln, eleito em 1860. Lincoln foi assassinado enquanto assistia a uma peça de teatro no dia 15 de abril de 1865, quando ele ainda era presidente dos Estados Unidos.

James Abram Garfield, eleito em 1880. Garfield foi assassinado em 19 de setembro de 1881, apenas um ano depois de se tornar presidente.

William McKinley. McKinley foi eleito em 1896 e reeleito em 1900. O presidente também morreu no escritório, foi assassinado em 14 de setembro de 1901.

John Fitzgerald Kennedy, eleito em 1960. Kennedy foi assassinado em 22 de novembro de 1963.

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