terça-feira, 21 de julho de 2015

Viagem a Minas Gerais. Diamantina. As grandes atrações.

Creio que dá para classificar em três as grandes atrações existentes na histórica cidade de Diamantina, nas Minas Gerais. As riquezas históricas, as culturais e as naturais. Poderíamos ainda citar os seus grandes personagens históricos, como o presidente JK e a mítica e lendária Chica da Silva, a Chica que pode, incrivelmente poderosa, amante de João Fernandes, o contratador de diamantes e o homem mais rico da colônia.
A casa de Chica da Silva. Chica foi amante do homem mais rico da colônia.

 As riquezas históricas que datam do século XVIII (1713 é o ano de fundação de Arraial do Tijuco, que deu origem a Diamantina, emancipada da cidade de Serro, em 1831) se constituem de igrejas, dos casarios coloniais, do mercado dos tropeiros e das íngremes ladeiras, com seu típico calçamento. A extração do ouro e o encontro de diamantes motivou a ocupação do lugar. O auge de seu esplendor se deu após os meados do século, no tempo de João Fernandes e de Chica da Silva. Entre as belezas naturais está a formação montanhosa (Serra do Espinhaço), uma vegetação de cerrado e belas cachoeiras e grutas, como a dos Cristais, da Sentinela, do Conselheiro Mata e a gruta do Salitre. Entre as atrações culturais está a rica herança portuguesa da Semana da Paixão, da festa do Divino Espírito Santo, da festa junina (Santo Antônio é o padroeiro), o carnaval, a serenata, a Vesperata e o sarau Arte Miúda. Os personagens históricos oferecem as casas de Chica da Silva e de JK.
A igreja de N. Sa. do Carmo e o seu famoso órgão. A torre com o sino fica nos fundos da igreja, a pedido de Chica da Silva. Ela não queria ser perturbada pelo toque dos sinos. Sua casa está próxima.

Entre as riquezas naturais, também já trabalhadas pela mão humana, está a vila do Biribiri, com a antiga fábrica de têxteis e a cachoeira dos Cristais. As cachoeiras do Sentinela e do Conselheiro Mata, a gruta do Salitre e o Caminho dos Escravos, completam estas riquezas. Não exploramos muito esta parte, nos limitando a uma visita a Biribiri. Nas cachoeiras se formam belos lagos, muito próprios para banhos. Nos ocupamos mais da parte histórica e cultural, a parte urbana.
A cachoeira dos Cristais, próximo a vila de Biribiri.

Entre as riquezas históricas, a igreja do Carmo certamente merece o maior destaque. A primeira capela data de 1731, mas no local foi construída a igreja atual, em 1771. Muito ouro, belas imagens e um órgão muito particular, que foi construído entre os anos de 1782 e 1787, sendo o mais antigo construído no Brasil. O órgão foi inteiramente restaurado e nas vésperas da Vesperata são oferecidos concertos altamente eruditos. Tivemos a oportunidade de assistir uma apresentação do organista Evandro Archanjo, sendo que Bach e Haydin constavam do repertório, tocados nos 549 tubos ou flautas do famoso órgão. A igreja também ganhou fama por causa de Chica da Silva, que tinha a sua casa nas imediações. Por sua exigência a torre campanário situava-se nos fundas da igreja e não na sua entrada, ou laterais. Ela não queria ser incomodada. A igreja é mantida pela  Ordem Terceira  de N. Sa. do Carmo.
A bela igreja de São Francisco de Assis.

As outras igrejas famosas são a de São Francisco, a do Rosário dos Pretos e a do Sagrado Coração, ao lado do seminário, que se tornou conhecido, por nele ter estudado o ilustre aluno que viria a ser o presidente JK. Fica no alto, muito próximo da estação ferroviária, onde hoje se localiza também a estação rodoviária. Entre as construções históricas ganha destaque também o Mercado dos Tropeiros, construído em 1889 e cujas formas, a pedido de JK, Niemeyer levou para Brasília, ao Palácio da Alvorada.
Vista do mercado dos tropeiros, uma construção de 1889.


Os dois personagens históricos mais famosos tem casas abertas à visitação. A de Chica da Silva foi totalmente restaurada e é bem cuidada, mas desprovida de peças de museu. Tem muitos poemas laudatórios nas paredes e um tributo às virtudes da fé da esperança e da caridade e uma representação dos sete pecados capitais. Da casa se tem uma bela vista panorâmica. Vale muito a visita. Para a casa de JK, reserve um bom tempo, pois, a visita é um mergulho na infância e adolescência do menino. Também tem um culto nostálgico de sua memória.
A casa do presidente JK. Muito de sua infância e adolescência.


Embora o acervo de JK esteja quase todo em Brasília, na casa encontramos fotos de seu tempo de escola, dos companheiros de seresta, de suas roupas do tempo de seminário, a mobília simples de seu quarto e cenas de seu cotidiano na cidade. Tem até a receita do prato preferido de JK, escrita pela mãe do Frei Betto. Confesso que verti uma lágrima, diante de um agradecimento de JK, quando foi convidado por amigos brasileiros para passar um final de ano, nos difíceis tempos do exílio. A marca registrada de seu amplo sorriso sempre o acompanha em todas as fotos. Na rua onde se encontra a casa também encontramos uma enorme estátua sua, uma homenagem que a cidade lhe presta. Diamantina conferiu a JK uma de sua belas marcas, que é a musicalidade, pelo gosto da vida de seresteiro.
 Xico Angu, o prato preferido do presidente JK.

Se me for permitido, tenho uma dica para dar. Por recomendação do Amém, fomos visitar a pousada Relíquias do Tempo. Você se hospeda dentro da própria história da cidade. A pousada ocupa um dos tradicionais casarões e abriga o museu Daniel Luiz do Nascimento e tem belíssimas representações das festas populares da cidade. A pousada é aberta a visitação, mesmo não estando hospedado, como foi o nosso caso. A pousada tem duas alas, uma histórica e outra moderna, atendendo as necessidades de expansão. Também por indicação do Amém, visitamos o Memorial Museu do Pão de Santo Antônio, um museu tipográfico, único no gênero. Junto ao museu funciona um asilo de idosos, que luta pela sua auto sustentação, num trabalho exemplar. Encontramos ali, Dona Salu, uma senhora de 106 anos de idade.
 Junto ao Memorial Museu do Pão de Santo Antônio um asilo. Dona Salu e seus 106 anos.

Em Diamantina deixamos atrações sem serem visitadas. Não deu tempo para tudo e também não estou escrevendo sobre todas elas. O fato de não ter visto tudo nos deixou com uma certa obrigação de voltar, fato que já estou seriamente considerando, pois, além das maravilhas da cidade tem os encantos de seu povo e, particularmente os nossos amigos Antônio, o músico Nilson e o Amém.
Não poderia deixar de mostrar a representação do meu pecado preferido entre os sete pecados capitais. A luxúria. Quadro na casa de Chica da Silva.

Em outro post destacaremos as programações culturais da cidade, com destaque para a principal delas, ou seja, a vesperata.




2 comentários:

  1. Pedro, amo Diamantina! Das cidades históricas de Minas é a que mais aprecio. Sua descrição e comentários são magníficos..me fizeram querer voltar, mais uma vez! Gde abraço.
    me

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    1. Meu amigo, Diamantina é realmente fora de série. Que povo extraordinário. Passamos ali um fim de semana maravilhoso. Muito obrigado pelo seu comentário.

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