Entre os livros indicados para o vestibular da UFPR para o ingresso nela, no ano de 2024, está o livro de poemas O livro das semelhanças - poemas, de Ana Martins Marques. Ana é mineira, nascida em Belo Horizonte, no ano de 1977. É graduada em letras e tem doutorado em literatura comparada pela Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG). O livro é de 2015 e a oitava reimpressão, que eu tenho em mãos, data do ano de 2022. É uma edição da Companhia das Letras, o que por si só já indica prestígio.
O livro das semelhanças - poemas. Ana Martins Marques. Companhia das Letras.Devo confessar que não aprendi a ler poesias. Tenho enormes dificuldades com a sua leitura até os dias de hoje. Mas também nunca a desprezei em função disso. O azar, tenho certeza, é todo meu. Já fiz muito esforço, mas acho que não levo mesmo jeito. Não me atrevo a fazer comentários e por isso vou me ater às observações constantes na orelha do livro e à escolha de um poema de cada uma das quatro partes em que o livro está dividido: Livro - cartografia - visitas ao lugar comum e - o livro das semelhanças. Vamos a um trecho da orelha:
"Pois graças a esses e a outros textos, esta nova reunião dos poemas de Ana Martins Marques parece ser a culminação de um dos caminhos mais relevantes da lírica brasileira dos últimos anos. Estão aqui, com uma força que já podia ser antecipada em seus livros anteriores, peças que versam, sobretudo, a respeito da tentativa - sempre temerária, mas também desafiadora - de recuperar o mundo e as coisas por meio da palavra. Porém a autora sabe que vivemos tempos fraturados, em que experimentamos aquilo que poderia ser nomeado como uma certa falência da mimese (figura que consiste no uso do discurso direto e principalmente na imitação do gesto, voz e palavras de outrem - imitação ou representação do real na arte literária, ou seja, a recriação da realidade - conforme o AURÉLIO), pois traduzir o real literariamente é deparar com o abismo que se interpõe entre o mundo sensível e a folha em branco. E Ana desconfia do quanto isso tem de frágil, de problemático - e de igualmente fascinante". E na sequência:
"Esta obra desperta o leitor para o prazer sempre iluminador e sensível de uma das vozes mais originais da poesia brasileira. Do amor à percepção de que há um espaço - geográfico, quase - para o lugar comum, do entendimento da precariedade do nosso tempo no mundo à graça (mineira, matreira) proporcionada pela memória: eis uma poeta que nos fala diretamente. Ou como diz um de seus versos: 'Ainda que não te fossem dedicadas / todas as palavras nos livros / pareciam escritas para você'". Então vamos às escolhas. Da primeira parte - Livro - fiz a seguinte escolha:
Último Poema:
Agora deixa o livro volta os olhos para a janela a cidade a rua o chão o corpo mais próximo tuas próprias mãos: aí também se lê
Da segunda parte - cartografias - o que segue:
Você assinala no mapa o lugar prometido do encontro para o qual no dia seguinte me dirijo com apenas café preto o bilhete só de ida do metrô a pressa feroz do desejo deixando no entanto esquecido sobre a mesa o mapa que me levaria onde?
Da terceira parte - Visitas ao lugar comum - o poema de número 8.
Cortar relações e depois voltar-se verificar se o que restou suporta remendo demorar-se sobre a cicatriz do corte
Da quarta parte - o livro das semelhanças - Ícaro.
Quando Ícaro caiu no mar a sereia que que primeiro o encontrou amou nele o pássaro ele amou nela o peixe
Os restos de suas asas desfeitas forma dar na praia entre embalagens de plástico preservativos garrafas vazias latas de cerveja
Muito bom.
ResponderExcluirTop esse poema
ResponderExcluirTop
ResponderExcluirAgradeço as três manifestações acima. Um pouco de poesia em nossas vidas sempre faz muito bem.
ResponderExcluirmuito bom
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