sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Processo Eleitoral 2014. O péssimo desempenho do PT- Paraná.

Logo após as eleições do primeiro turno no processo eleitoral de 2014, a Gazeta do Povo, do dia 9 de outubro, publicou bela matéria, assinada por Chico Marés, em que são analisados os erros fundamentais cometidos pelo Partido dos Trabalhadores, sete principais, aqui no Paraná. Como se sabe, Beto Richa, numa coligação de 17 partidos, venceu as eleições, ainda no primeiro turno, com 3.301.322 votos, que representaram 55,67% dos eleitores votantes. Apenas para registrar, Requião ficou em segundo, com 27,56%, ou seja, 1.634.316 votos e Gleisi ficou com apenas 14,87%, perfazendo um total de 881.857 votos. Com a finalidade de deixar um registro mais fácil de ser consultado, deixo aqui uma síntese da matéria, com alguns acréscimos.  Quais teriam sido então os erros cometidos?

1. Uma estrela solitária. Gleisi era a candidata oficial do governo federal aqui no Paraná. Isso lhe deveria dar força e grande capacidade de articulação política. Isso, no entanto, não ocorreu. Fez alianças com o PDT, com o PRB, com PCdoB e com o PTN. Essa falta de articulação lhe deu pouco tempo de TV, poucos parlamentares e especialmente poucos prefeitos em apoio a sua campanha. A estrela ficou isolada.
A senadora Gleisi, candidata a governadora em 2.014. 14,87% dos votos.

2. Inimigos Íntimos. O principal aliado foi o PDT. O PDT deu a Gleisi apenas o seu tempo de TV, mas não o seu apoio. A aliança com o PDT tem raízes históricas no apoio dado a Osmar Dias em 2010 e a Gustavo Fruet em 2012. Assim os deputados estaduais do PDT, ou apoiaram abertamente a reeleição do governador ou pouco empenho tiveram em favor de Gleisi. Os principais prefeitos do partido apoiaram escancaradamente a reeleição de Beto Richa. Rivalidades regionais contribuíram para a geração desta inimizade. Gustavo Fruet foi o único aliado leal, entre os prefeitos.

3. Os escândalos atingem o Partido. Dois escândalos atingiram o partido diante de seu eleitorado. A ligação entre o deputado federal André Vargas e o doleiro Youssef e o comportamento sexual, com envolvimento de menores, de seu ex assessor, Eduardo Gaievski. Além disso a campanha de Beto Richa apresentou a senadora como inimiga dos paranaenses, obstruindo os empréstimos para o governo do estado.

4. O senador Requião. O PT imaginava o senador Requião fora da disputa nas eleições para governador, por razões internas ao PMDM, mas não buscaram uma aliança. Requião no páreo, mostrou-se como a segunda força, quase dobrando os votos de Gleisi. Não foram, no entanto, suficientes para provocar um segundo turno. No início da campanha Gleisi chegou a trocar farpas com o senador.

5. Um partido popular impopular. Historicamente o Paraná é um dos estados mais conservadores do Brasil. A única vitória que o partido teve, foi na eleição de 2002, quando Lula venceu em 26 dos 27 estados brasileiros. O partido nunca chegou ao governo do Paraná. Os resultados de Dilma, no primeiro turno foram um desastre. Aécio teve a segunda maior vitória entre os estados e Dilma a quinta pior derrota. Forte classe média e administrações mal avaliadas em prefeituras ajudariam a explicar a impopularidade.
O deputado federal Zeca Dirceu, o único a melhorar a sua votação sobre 2010. 155.583 votos.


6. Chapa fria. O PT perdeu votos e deputados na Assembleia e na Câmara dos deputados. Na Câmara perdeu as candidaturas de André Vargas e do Dr. Rosinha. Na Assembleia, Enio Verri e Toninho Wandscheer disputaram a eleição na condição de candidatos a deputado federal. Os votos encolheram. Na Câmara os votos caíram de 700 mil para 677 mil e o partido perdeu uma cadeira. Apenas Zeca Dirceu aumentou o seu número de votos sobre a eleição anterior. Na Assembleia legislativa ocorreu o desastre maior. Seus votos minguaram de 626 mil para 488 mil. Mesmo assim, isso conferiria ao Partido cinco cadeiras. No entanto, levou apenas três. A coligação rendeu ao PDT, as outras duas. Em suma, as chapas para deputado também não contribuíram para um melhor desempenho de Gleisi.
Professor Lemos. 42.345 votos. O mais votado para a Assembleia Legislativa.


7. Uma ausência sentida. Osmar Dias foi apoiado pelo PT em 2010. Após a derrota levou importante cargo no governo federal, no Banco do Brasil, na área do financiamento rural, no agro negócio. Era o candidato natural da aliança para o Senado ou como vice-governador. No entanto, a presença do irmão, na outra banda, o fez silenciar por completo. Nenhuma aparição pública em apoio e nomes inexpressivos para o Senado e para vice-governador.

Além disso muitos fatores internos ao Partido poderiam ser apontados, principalmente com relação a atuação de seus principais dirigentes, assoberbados e encastelados no poder. Uma refundação com muito trabalho de formação política e organização, com vez para novas lideranças  e uma volta a sua origem de inserção entre as camadas populares e uma inflexão à esquerda certamente ajudariam um partido popular a conquistar novamente popularidade. Parece que muitos militantes antigos voltaram à militância por ocasião do segundo turno.



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