sexta-feira, 17 de outubro de 2025

A Revolução Chinesa. Wladimir Pomar.

Quem é que não se interessa pelo que está ocorrendo na China? Me refiro ao seu fabuloso crescimento econômico, fenômeno que, inclusive, está alterando a geopolítica mundial. Recentemente li um livro sobre Mao Tsé-Tung. Foi ótimo para saber sobre a Revolução Chinesa, que emergiu de uma série de guerras civis, no ano de 1949, quando foi instituída a República Popular da China. Mas parava por aí. Agora revendo meus livros deparei com A Revolução Chinesa, de Wladimir Pomar. O livro integra a coleção Revoluções do Século XX, da editora da UNESP. O seu limite é o ano de 2003, o ano de sua publicação.

A Revolução Chinesa. Wladimir Pomar. UNESP. 2003.

Na contracapa temos uma pequena nota, que apresento como uma introdução: "A revolução chinesa, bem como o país que a abrigou, intriga o Ocidente. A extrema complexidade de seus antecedentes, a rica trajetória cumprida entre os anos 50 e 70, e, finalmente, as reformas promovidas pelo regime a partir de fins do século XX impõem sobre simpatizantes e detratores, a tarefa sempre renovada de esclarecer o perfil dessa epopeia ainda não terminada".

Creio que sejam estes os dois temas centrais da obra. O período que vai de 1950 a 1970, ou seja, os primeiros tempos da Revolução e as profundas reformas, feitas a partir dos anos 1980, que alçaram a China a sua condição de grande potência, possivelmente, no rumo de ser a primeira potência do mundo. O fato bem singular é o de que a China não copiou modelos prontos. Não copiou o modelo soviético, embora com ele tivesse a mesma inspiração nos princípios marxistas e nem os modelos dos países capitalistas e suas posições de submissão aos princípios da dominação imperialista.

Mas não são estes os temas únicos do, podemos dizer, pequeno livrinho. Ele tem 180 páginas, divididas em dez capítulos. Eles são precedidos por uma apresentação da coleção - Revoluções do Século XX, escrito pela professora Emília Viotti da Costa, que nos apresenta as revoluções liberais do século XIX e das socialistas do século XX e nos lança a pergunta sobre o teor das revoluções do século XXI. Ela termina o seu texto da seguinte forma: "A Revolução chinesa, em 1949, e a Cubana, dez anos mais tarde, ampliaram o bloco socialista e forneceram novos modelos para revolucionários em várias partes do mundo.

Desde então, milhares de pessoas pereceram em conflitos entre o mundo capitalista e o mundo socialista. Em ambos os lados, a historiografia foi profundamente afetada pelas paixões políticas suscitadas pela guerra fria e deturpada pela propaganda. Agora, com o fim da guerra fria, o desaparecimento da União Soviética e a participação da China em instituições até recentemente controladas pelos países capitalistas, talvez seja possível dar início a uma reavaliação mais serena desses acontecimentos.

Esperamos que a leitura dos livros desta coleção seja, para os leitores, o primeiro passo numa longa caminhada em busca de um futuro, em que liberdade e igualdade sejam compatíveis e a democracia seja a sua expressão". De acordo com o texto de Pomar, este é o ideal perseguido pelas reformas chinesas, em curso a partir da década de 1980.

O livro tem introdução e dez capítulos. Na introdução, um pequeno prospecto da obra nos é apresentado. Os capítulos tem como títulos: I. As sementes revolucionárias: Um mergulho pela história antiga dos chineses, num paralelo com a história grega. A China é apresentada como um dos berços da civilização. Quando o Ocidente se abre para o mundo, a China se recolhe na permanência de sua economia agrícola e é submetida ao colonialismo estrangeiro. II Uma só faísca. A raiz de sua economia na agricultura nos indica um país dominado pelas oligarquias agrárias, em que uma faísca facilmente provocaria grandes incêndios. A sua história começa a se modificar com o 1917 da Revolução Russa e com a criação do Partido Comunista Chinês em 1921 e a adesão à Terceira Internacional. A China mergulha em uma Guerra Civil de três etapas.

III. Frente única bem chinesa. O Guomindang. Uma aliança entre a burguesia nacional e os proprietários de terras com os comunistas, na luta contra a dominação estrangeira e na Guerra para derrotar as invasões japonesas. Um período bem complicado, passando pela Segunda Guerra Mundial e pela Guerra Fria. IV. Ainda sob fogo. A Guerra civil entra em sua fase mais aguda. A burguesia e os comunistas não conseguem mais a convivência. Chiang Kai-chek e Mao. Chiang fica com a China Nacionalista e Mao proclama a República Popular da China. Mao inicia os esforços para a modernização da República Popular da China.

V. Em busca da modernidade. Duas décadas de muitas dificuldades. A China era uma economia fechada e atrasada, fato que em tudo dificultou a sua modernização. A solução encontrada foi o uso das armas e a propaganda, a chamada Revolução Cultural, que se encerra em 1976. Ela foi acompanhada de um culto à personalidade de Mao. Com o fim da Revolução Cultural se inicia um vasto programa de novas reformas. VI. Novas combinações estratégicas. Sob quatro princípios cardeais: Fidelidade aos princípios marxistas e maoístas; força ao Partido Comunista;  Respeito aos cientistas; Planejamento, mercado e propriedade. A base para as reformas. Abertura de mercados e ingresso na OMC. A estruturação de sua economia em bases novas. Sua estruturação.

VII. Estratégias de orientação. A prioridade agrícola. A conjuntura de sua agricultura. Tecnologia, modernização e produtividade. Contenção do inchaço urbano. Educação (Em 1949 - 80% da população era analfabeta). Dois princípios: pensamento crítico e solução de problemas práticos. Seguridade social. VIII. Estabilidade social e política. Por desenvolvimento social e cultural e melhorias no padrão de vida. Interligação entre as reformas econômicas e políticas. Esquecer a Revolução Cultural. A necessidade do crescimento econômico para sustentar o plano político. Grande desenvolvimento cultural. Meios de comunicação de massa.

IX. Abertura internacional. Em 1971 os USA suspendem o Bloqueio Econômico. A partir de 1979, grande abertura econômica e modernização de padrão internacional. Desenvolvimento em todos os setores. Nova formatação de empresas. Grande foco no turismo. Aproximações com a América Latina e com os países em desenvolvimento. A busca por uma multipolaridade. Imunes às crises capitalistas. Uma bela análise de todos os fatores de seu desenvolvimento. O limite do tempo analisado é o tempo do livro, publicado em 2003. Ainda não se fala em BRICS. X. A China no século XXI. Os efeitos do crescimento acelerado. A crise ambiental. A elevação da renda, os baixos salários. Boa capacidade de poupança interna e investimentos. Desafios.

Um livro maravilhoso e de nível elevado. Vejam a edição do livro. Uma editora universitária e de uma boa universidade. A UNESP.  Para satisfazer ainda mais a minha curiosidade, duas propostas: Novas leituras, que englobassem o século XXI. A literatura é farta. A outra seria uma visita à China. Esta eu descarto. Acabei de completar oitenta anos e as dificuldades com a língua. E para satisfazer a curiosidade minha e de muitos, eu busquei os dez maiores PIBs do mundo e a população dos respectivos países. 2025. Pesquisa Google.

Estados Unidos: U$ 30,34 trilhões. 340 milhões de habitantes.

China: U$ 19,53 trilhões. 1.049 milhões.

Alemanha: U$ 4,92 trilhões. 83 milhões.

Japão: U$ 4,39 trilhões. 124 milhões.

Índia: U$ 4,27 trilhões. 1.451 milhões.

Reino Unido: U$ 3.73 trilhões. 69 milhões. 

França: U$ 3,28 trilhões. 68 milhões.

Itália; U$ 2,46 trilhões. 59 milhões.

Brasil: U$ 2.17 trilhões. 212 milhões.

Canadá: 2,11 trilhões. 41 milhões.

E, ainda, sobre a revolução de Mao. 1949.

http://www.blogdopedroeloi.com.br/2025/05/pro-e-contra-mao-organizacao-do-texto-m.html


 

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