A China sempre foi vivo tema de meus interesses. Isso me levou a compra de livros que nem sempre foram lidos, em função de outras prioridades, especialmente a de estar em sala de aula. Um desses livros é o da coleção Pró e contra - O julgamento da história - Mao - . Edições Melhoramentos. A primeira edição do livro é de 1971 e a que tenho em mãos é de 1975. Essas datas trazem os limites do livro. Ele é valioso, na análise da Revolução chinesa, seus antecedentes e a sua consolidação. Como a centralidade desses acontecimentos gira em torno da pessoa de Mao Tse-tung, o livro, em parte é apresentado como uma biografia sua. Mao nasceu no ano de 1893 e morreu em 1976.
Pró e contra. Mao. Texto organizado por M. Bodino e C. Pastengo. Tradução: Raul de Polillo. 1975.
Digo em parte, porque ela ocupa a parte superior das páginas, enquanto que as inferiores são dedicadas à análise dos fatos históricos. O pai de Mao era militar. Sempre conseguia algumas economias de seu soldo, economias essas que lhe permitiram a condição de ser um pequeno proprietário de terras. Era extremamente autoritário. Na formação de Mao, o grande destaque vai para o seu gosto por leituras e a reflexão sobre elas. Muito cedo entrou em contato com a literatura marxista, tornando-se, inclusive, tradutor delas. Politicamente a China era um império, dominado pelas potências ocidentais, em particular pela Inglaterra. Movimentos rebeldes eram constantes.
A Revolução russa impacta profundamente a vida do país. Logo será criado o Partido Comunista Chinês, vinculado ao P.C. Soviético, o KOMINTERN, da Terceira Internacional (1919). Mao, desde logo, será um de seus militantes. Desde o início ele também será um voz dissonante. Em vez de basear a ação política na organização do proletariado, ele pretende centrar a sua organização nos pequenos camponeses, um vez que o desenvolvimento industrial ainda era muito pequeno. Ao longo dos anos 1920 surgem duas grandes forças políticas, que levarão o país a uma longa guerra civil, que começa em 1927 e termina apenas no ano de 1949. Duas grandes forças disputam o poder: O Partido Nacionalista Chinês, o Kuomintang, liderado por Chiang Kai-shek e o Partido Comunista Chinês, dentro do qual, com o tempo se afirma a liderança de Mao. A Guerra Civil se desenvolve ao longo de todos os anos de 1930. Ela é interrompida ao longo da Segunda Guerra, quando o Japão se torna o seu inimigo comum. Ao final da guerra a luta é retomada. Mao, com o seu exército de camponeses e as suas táticas de guerrilha, sai vencedor e em 1949 é proclamada a República Popular da China.
Como as forças dos derrotados são exprimidas para o mar, Chiang Kai-shek, se refugia na ilha de Formosa (Taiwan), e em 1950, com a ajuda dos Estados Unidos funda a China Nacionalista. Ela se transforma num grande problema, pois, as potências ocidentais, apenas a ela reconhecem e negociam. Tentam isolar a República Popular, emergente do longo processo revolucionário.
Isolado e merecedor de poucas atenções de Stalin, Mao praticamente está sozinho na consolidação da Revolução. Com alguma ajuda russa ele se dedica ao empreendimento. A primeira questão a ser enfrentada será a do latifúndio, poupando as pequenas propriedades. Além da expropriação ofereceu meios de assistência e já em 1951 a reforma agrária estava consolidada. Antes de começar as demais reformas houve a Guerra da Coreia (1950-1953), gastando ali enormes energias. Conta-se que Mao teria preferido empregar estas energias contra Chiang Kai-shek. Além disso enfrentou duramente os contra-revolucionários. Como a persuasão não foi suficiente, cerca de oitocentos mil proprietários foram executados. Em 1952 é lançado o Primeiro Plano Quinquenal. Inicia a politização das massas.
Em 1954 é aprovada a Nova Constituição e é feito um grande incremento à produção industrial, agrícola e comercial. Uma abertura política interna e externa é buscada. Em 1955, os países em desenvolvimento procuram um alinhamento, em Bandung. A China procura ser protagonista no cenário mundial. Enquanto isso Estados Unidos e Rússia procuram a Coexistência Pacífica. Internamente, em função do desviacionismo, uma política de retificação é ativada. Novas repressões.
Em 1959 ocorrem crises, especialmente em função de crises climáticas. Mao se afasta da presidência, mas não do Partido. São feitas readequações. Planos anuais. Produção de alimentos ganham prioridade sobre a indústria pesada. Em 1961 a situação se estabiliza. Mas as divergências com a União Soviética aumentam. Em 1965 retoma o poder e já no ano seguinte inicia a famosa "revolução cultural", com a qual procura moldar o "homem novo", com a destruição das "superestruturas burguesa". Este novo homem será despido do egoísmo e estará totalmente voltado ao bem-comum. Isso com modificações nos sistemas de ensino, da literatura, da arte, do teatro e a modificação dos hábitos cotidianos. Os carcomas do país, ou seja, os burgueses seriam destruídos, numa guerra sem quarteis. Os nascidos depois de 1949 foram arregimentados como os protagonistas do processo.
Já no início dos anos 1970 a Revolução está consolidada. A República Popular da China é reconhecida pelos Estados Unidos e o país integra a Organização das Nações Unidas, ocupando inclusive uma das cadeiras permanentes no Conselho de Segurança. Estavam lançadas as bases para a grande potência mundial. Qual o seu tamanho e dimensão, o futuro, em breve, o dirá. A data inaugural está aí. O ano de 1949 e o seu líder, Mao Tse-tung, também. Em breve eu atualizo. O depois dos anos 1970.
Este post foi escrito no dia 14.05.2025. Momento de grande aproximação do Brasil com a China, após visita do presidente Lula a este país.
Como o livro A condição humana de André Malraux também fala da Guerra Civil chinesa que levou ao 1949, deixo o link da resenha.
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