Creio não incorrer em erro ao apresentar Antônio Cândido, como o maior intelectual vivo, da atualidade brasileira. A revista Teoria e Debate, a revista teórica do Partido dos Trabalhadores, solicitou a ele, lá nos idos do ano 2000, a indicação dos dez livros que melhor interpretam o Brasil. Ele topou a parada, embora com algumas indicações a mais. Antes da indicação ele definiu os fatores que deveriam ser levados em conta, para que merecessem a indicação. Esta indicação dos fatores a serem considerados são um verdadeiro programa de um curso de cultura ou de realidade brasileira. As suas indicações, segundo ele próprio, seriam assim para um jovem iniciante.
Ninguém melhor indicado para nos fornecer a lista de livros que melhor interpretam o Brasil. Antônio Cândido.
Ao apontar o que efetivamente conta, ele levanta os seguintes tópicos: "os europeus que fundaram o Brasil; os povos que encontraram aqui; os escravos importados sobre os quais recaiu o peso maior do trabalho; o tipo de sociedade que se organizou nos séculos de formação; a natureza da independência que nos separou da metrópole; o funcionamento do regime estabelecido pela independência; o isolamento de muitas populações, geralmente mestiças; o funcionamento da oligarquia republicana; a natureza da burguesia que dominou o país". Segundo ele, isto nos daria uma ideia básica. A partir destes tópicos e, de acordo com os mesmos, ele então passa a fazer as indicações. Mas em vez de dez, ele amplia a lista para onze, sendo o primeiro, uma espécie de introdução geral.
O livro de Darcy é apontado como uma introdução geral aos estudos de interpretação do Brasil.
O livro de Darcy é apontado como uma introdução geral aos estudos de interpretação do Brasil.
Para a introdução geral ele apresenta o livro de Darcy Ribeiro: O Povo Brasileiro (1995). Sobre ele, ele diz não conhecer outro melhor, por suas ideias originais e pelo estilo movimentado e atraente expresso em seu subtítulo: A formação e o sentido de Brasil. Já trabalhei os seus capítulos aqui no meu blog. Depois desta introdução, começa então a indicação de um livro, para cada um dos temas propostos.
Livro número um: Sobre a caracterização do português e sobre a natureza do povo brasileiro e de sua sociedade a partir da incorporação de sua herança indica: Sérgio Buarque de Holanda com o livro Raízes do Brasil, livro lançado em 1936 e que mostra a transfusão cultural e social, de Portugal para o Brasil.
Livro número dois: Em relação às populações autóctones deixa de fora os clássicos para apontar um livro exemplar tanto na concepção quanto na execução: História dos Índios no Brasil. O livro foi organizado por Manuela Carneiro da Cunha e escrito por especialistas. O livro data de 1992.
Sobre a formação do Brasil, desde seus tempos de colônia, o livro de Caio Prado Júnior.
Quanto ao livro de número três, lamenta não ter livro semelhante ao dos índios para indicar sobre os negros. Assim indica, por critérios etnográficos e de folclore o livro escrito em francês e para estrangeiros tomarem conhecimento da escravidão no Brasil, o livro de Kátia de Queirós Mattoso, lançado em 1982 Ser Escravo no Brasil. Diz ainda ter inclinações para indicar, O Abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, A Escravidão africana no Brasil de Maurício Goulart e o grande clássico sobre a exclusão social no Brasil, que é o livro de Florestan Fernandes, A Integração do negro na sociedade de classes, de 1964.
Como livro de número quatro para a interação dos povos formadores aqui no Brasil, sob o domínio absoluto do português, a indicação recai sobre um dos nossos maiores clássicos, que segundo Antônio Cândido tem golpes de gênio e escrita admirável. Trata-se de Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Com sua genialidade é mostrada a fusão inevitável das raças e das culturas. A obra é data de 1933.
O livro de número cinco versando sobre o mesmo tema da sociedade colonial fundadora, mas com um olhar mais econômico e com destaque para a nossa expansão geográfica e a organização social e política, a indicação recai sobre Caio Prado Júnior, e o seu Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia, datado de 1942.
O livro de Bomfim, possivelmente o livro menos conhecido das indicações mas, o mais vibrante.
O livro de indicação número seis - sobre a formação da sociedade colonial diz que a sua tendência inicial era a de indicar os dois clássicos de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil 1909) e O Movimento da Independência ( 1922), mas fica com Manoel Bomfim e o seu A América Latina - Males de Origem. A escolha se deve por sua visão socialista, que lhe permitiu enxergar melhor as nossas desigualdades e toda a opressão, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. O livro é 1905.
O livro número sete - seria sobre o Brasil imperial, a tendência seria indicar Um Estadista do Império,de Joaquim Nabuco, mas como ele está muito centrado na figura de seu pai a indicação recai sobre Sérgio Buarque de Holanda com o seu Do Império à República, que enfoca a mudança do regime e integra a coleção História Geral da Civilização Brasileira. O livro é de 1972.
O Brasil da miséria e do isolamento e ao mesmo tempo da força do sertanejo. Os Sertões.
Já a indicação de número oito, sobre o Brasil Republicano, Antônio Cândido destaca o surgimento de brasis diferentes: um, o do isolamento e da miséria, gerador de violência e conflito e o outro, o da civilização urbana. Para este primeiro Brasil indica um livro cheio de observação e de indignação social, que é o livro de Euclides da Cunha, Os Sertões. O livro é de 1902.
Para o período que vai de 1889 até 1930 e que forma a chamada república velha, vai a sua indicação de número nove. Destaca que este período foi marcado pela oligarquia dos proprietários rurais e a sua atuação como chefes regionais. A indicação recai sobre o livro de Vitor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto. O livro data de 1949.
Sobre o período da modernização, da passagem do poder para a burguesia urbana, de base industrial e as reivindicações das bases populares e os ajustes ocorridos vai a sua indicação de número dez. A indicação é A Revolução burguesa no Brasil, de Florestan Fernandes, livro lançado em 1974.
Eu não sei o que eu fiz na contagem, mas eu estou chegando na indicação de número onze, que recai sobre o tópico da imigração. Lamentando não haver uma grande obra a respeito, indica, para a colonização alemã, A aculturação dos alemães no Brasil, de Emílio Willems, lançada em 1946. Para a imigração italiana faz duas indicações: a de Franco Cenni, de 1959, Os italianos no Brasil ou então Do outro lado do Atlântico, de Ângelo Trento, livro datado de 1989.
No parágrafo final, uma aplacação para o seu remorso de indicações não feitas, tanto de velhos autores, como Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo e Nestor Duarte, e mais novos, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho e Evaldo Cabral de Mello. E para aplacar ainda mas segue um monte de etc.............
Me atrevo ainda a uma outra indicação, que já me foi muito útil. Uma publicação que saiu nas comemorações dos 500 anos do descobrimento: Um Banquete no Trópico - Introdução ao Brasil. Volumes 1 e 2. Lourenço Dantas Mota é o organizador. O livro foi editado pela editora do SENAC - São Paulo. Mais adiante eu comento.
Livro número dois: Em relação às populações autóctones deixa de fora os clássicos para apontar um livro exemplar tanto na concepção quanto na execução: História dos Índios no Brasil. O livro foi organizado por Manuela Carneiro da Cunha e escrito por especialistas. O livro data de 1992.
Sobre a formação do Brasil, desde seus tempos de colônia, o livro de Caio Prado Júnior.
Quanto ao livro de número três, lamenta não ter livro semelhante ao dos índios para indicar sobre os negros. Assim indica, por critérios etnográficos e de folclore o livro escrito em francês e para estrangeiros tomarem conhecimento da escravidão no Brasil, o livro de Kátia de Queirós Mattoso, lançado em 1982 Ser Escravo no Brasil. Diz ainda ter inclinações para indicar, O Abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, A Escravidão africana no Brasil de Maurício Goulart e o grande clássico sobre a exclusão social no Brasil, que é o livro de Florestan Fernandes, A Integração do negro na sociedade de classes, de 1964.
Como livro de número quatro para a interação dos povos formadores aqui no Brasil, sob o domínio absoluto do português, a indicação recai sobre um dos nossos maiores clássicos, que segundo Antônio Cândido tem golpes de gênio e escrita admirável. Trata-se de Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre. Com sua genialidade é mostrada a fusão inevitável das raças e das culturas. A obra é data de 1933.
O livro de número cinco versando sobre o mesmo tema da sociedade colonial fundadora, mas com um olhar mais econômico e com destaque para a nossa expansão geográfica e a organização social e política, a indicação recai sobre Caio Prado Júnior, e o seu Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia, datado de 1942.
O livro de Bomfim, possivelmente o livro menos conhecido das indicações mas, o mais vibrante.
O livro de indicação número seis - sobre a formação da sociedade colonial diz que a sua tendência inicial era a de indicar os dois clássicos de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil 1909) e O Movimento da Independência ( 1922), mas fica com Manoel Bomfim e o seu A América Latina - Males de Origem. A escolha se deve por sua visão socialista, que lhe permitiu enxergar melhor as nossas desigualdades e toda a opressão, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. O livro é 1905.
O livro número sete - seria sobre o Brasil imperial, a tendência seria indicar Um Estadista do Império,de Joaquim Nabuco, mas como ele está muito centrado na figura de seu pai a indicação recai sobre Sérgio Buarque de Holanda com o seu Do Império à República, que enfoca a mudança do regime e integra a coleção História Geral da Civilização Brasileira. O livro é de 1972.
O Brasil da miséria e do isolamento e ao mesmo tempo da força do sertanejo. Os Sertões.
Já a indicação de número oito, sobre o Brasil Republicano, Antônio Cândido destaca o surgimento de brasis diferentes: um, o do isolamento e da miséria, gerador de violência e conflito e o outro, o da civilização urbana. Para este primeiro Brasil indica um livro cheio de observação e de indignação social, que é o livro de Euclides da Cunha, Os Sertões. O livro é de 1902.
Para o período que vai de 1889 até 1930 e que forma a chamada república velha, vai a sua indicação de número nove. Destaca que este período foi marcado pela oligarquia dos proprietários rurais e a sua atuação como chefes regionais. A indicação recai sobre o livro de Vitor Nunes Leal, Coronelismo, enxada e voto. O livro data de 1949.
Sobre o período da modernização, da passagem do poder para a burguesia urbana, de base industrial e as reivindicações das bases populares e os ajustes ocorridos vai a sua indicação de número dez. A indicação é A Revolução burguesa no Brasil, de Florestan Fernandes, livro lançado em 1974.
Eu não sei o que eu fiz na contagem, mas eu estou chegando na indicação de número onze, que recai sobre o tópico da imigração. Lamentando não haver uma grande obra a respeito, indica, para a colonização alemã, A aculturação dos alemães no Brasil, de Emílio Willems, lançada em 1946. Para a imigração italiana faz duas indicações: a de Franco Cenni, de 1959, Os italianos no Brasil ou então Do outro lado do Atlântico, de Ângelo Trento, livro datado de 1989.
No parágrafo final, uma aplacação para o seu remorso de indicações não feitas, tanto de velhos autores, como Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo e Nestor Duarte, e mais novos, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho e Evaldo Cabral de Mello. E para aplacar ainda mas segue um monte de etc.............
Me atrevo ainda a uma outra indicação, que já me foi muito útil. Uma publicação que saiu nas comemorações dos 500 anos do descobrimento: Um Banquete no Trópico - Introdução ao Brasil. Volumes 1 e 2. Lourenço Dantas Mota é o organizador. O livro foi editado pela editora do SENAC - São Paulo. Mais adiante eu comento.
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