quinta-feira, 22 de junho de 2017

O que é ser socialista? Antônio Cândido responde.



Por ocasião da morte de Antônio Cândido, entre muitas coisas sobre ele, uma mais bonita que a outra, encontrei esta preciosidade. A resposta por ele dada, à pergunta sobre o que é ser socialista, que termina com a majestosa afirmação de que todas as conquistas que humanizaram, que deram uma fisionomia minimamente civilizada ao mundo, "tudo é conquista do socialismo". Não me recordo da fonte, mas a guardei em meus arquivos.

 Antônio Cândido (1918 - 12.05.2017). Um grande ser humano brasileiro. E socialista convicto.


Não vou aqui fazer uma elegia ao grande homem que ele foi. Estudar o seu legado é a maior homenagem que lhe podemos prestar. O que posso garantir é que ele interagiu ativamente com todos os intérpretes do Brasil, na qualidade de crítico literário. Ele está onipresente. Pretendo estudá-lo mais sistematicamente começando com o seu Literatura e Sociedade.

Mas vamos ao objetivo do post, que é ver a sua resposta para a pergunta - O que é ser socialista? Perguntado se ele era socialista assim ele respondeu:

"Ah, claro, inteiramente.
Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo.
E não é um paradoxo.
O que é o socialismo? É o irmão gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo.
Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo.
Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser explorado.
Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo... tudo isso.
Esse pessoal começou a lutar, para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar  mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças.
Coisas que hoje são banais.
Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias... tudo é conquista do socialismo.

É, Antônio Cândido, onde quer que tu estejas, os tempos mudaram. Certamente te ausentaste deste mundo para não mais veres as injustiças deste mundo sob o espírito da acumulação capitalista, em seus tempos de capitalismo financeiro, mais voraz do que nunca. Tinhas idade para isso, nós o compreendemos. Mas nos deixaste as bandeiras para praticar o bom combate.

Dedico este post para as professoras e professores, funcionários e funcionárias das escolas do Núcleo sindical da APP-Sindicato de União da Vitória com os quais irei trabalhar no sábado, 24.06.2017. Também deixo uma frase que me há muito me acompanha, sobre a necessidade de que o educador tenha suas crenças, valores e convicções e assim dar validade e direção ao seu trabalho. É de Jean Claude Forquim, retirada de seu livro Escola e Cultura. "Ninguém pode ensinar verdadeiramente se não ensina alguma coisa que seja verdadeira ou válida a seus próprios olhos".










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