Recebi um pedido para escrever um artigo para um determinado jornal. Algo em torno de 2.000 caracteres. Atendi o pedido e o publico também no blog. Segue o texto. É mais ou menos, dentro dos limites, a explanação do título.
Dois modelos político-econômicos
estavam em disputa, nos idos de 1964. Um era fundado na modernização
progressista e popular e o outro, na modernização conservadora e autoritária.
Um golpe de Estado interrompeu o primeiro As forças ligadas ao golpe eram
heterogêneas, com a predominância dos militares.
A interrupção que era para ser
breve, se tornou longa e as intervenções, que eram para ser leves, se tornaram
profundas. Como um golpe sempre é um ato político, é sob este aspecto que os
fatos devem ser julgados em primeiro lugar. Neste sentido o Estado democrático
de direito foi profundamente desrespeitado por atos institucionais e por um
simulacro de Constituição, que poderia funcionar, ou não, de acordo com a vontade
dos generais. Para combater a oposição, a tortura foi instituída como prática e
política de Estado. Muitas inteligências foram tolhidas pela prisão, exílio ou
morte.
Outro aspecto, sempre importante,
é o econômico. Nele não houve linearidade. No primeiro governo, as doutrinas do
internacional livre mercado foram dominantes. Foi um fracasso que, inclusive,
levou ao recrudescimento autoritário, aos anos de chumbo. Paradoxalmente, estes
anos também corresponderam aos anos de ouro na economia. Os anos do milagre. Aí
está o caráter modernizador. Industrialização, infra-estrutura e agro-negócio
dinamizaram a economia. Isso seu deu fora do alinhamento aos Estados Unidos e
dos princípios liberalizantes, com um retorno ao nacional-desenvolvimentismo,
lembrando Vargas e JK.
Este crescimento tinha um freio:
“desenvolvimento com segurança”. É nesse sentido que se somam as três palavras
do título. Este viés tolheu esta modernização em seus benefícios sociais. A
renda crescia e se concentrava. A segurança era apenas para o capital e o
lucro. As reivindicações sociais eram tolhidas pela violência. As vozes, a
poesia e a ternura foram postas a ferro.
Veio a volta aos quartéis, apesar
de tentativas de permanência. O fim dos anos 1970 e a década de 1980 foram os
anos de aprendizado democrático, de cidadania participante, vertical, de baixo
para cima, de intensa organização e participação popular. Anistia, eleições
diretas e uma constituinte, passaram a ser as reivindicações para a restauração
do Estado democrático de direito, que veio com a Constituição de 1988, ano em
que efetivamente se reinaugurou uma jovem e bela democracia.
Qual é o legado? A ordem política
autoritária só deve ser lembrada para nunca mais ser repetida. Já da ordem
econômica, podemos aproveitar as bases de sua modernização para estender os
seus resultados para todos os brasileiros e assim construirmos uma Nação,
politicamente democrática e socialmente justa.
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