quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Entre a modernidade e a pós-modernidade e o Analfabeto Político.

Conflitos entre a modernidade e a pós-modernidade. Esta é a grande marca dos tempos atuais. Faço este post em virtude de vivenciarmos o processo eleitoral, em que me parece que o pós-moderno está sendo fortemente colocado. Não irei aqui fazer reflexões mas darei a diferenciação fundamental entre o que é moderno e o que é pós-moderno, através de um texto do professor José Carlos Libâneo, intitulado Pedagogia e modernidade: presente e futuro da escola. Este texto faz parte do livro Infância, escola e modernidade, organizado por Paulo Ghirardelli Jr., da Cortez editora, junto com a editora da UFPR.
Libâneo e uma bela caracterização e diferenciação entre o moderno e o pós moderno.

Neste texto, o autor, juntando análises de Giroux, agrupa características e faz a diferenciação do que é o moderno e o pós-moderno nos campos filosófico, econômico, político e cultural. Transcreverei um trecho do campo filosófico e a íntegra do campo político. Farei ainda um acréscimo do texto atribuído a Brecht, O analfabeto político, que creio ser muito oportuno. Vejamos a caracterização de Libâneo:

"Do ponto de vista filosófico, o pós-modernismo rejeita certas ideias-mestras formuladas no âmbito do Iluminismo e da tradição filosófica ocidental: a existência de uma natureza humana essencial, a ideia de um destino humano global ou coletivo, a ideia de que os fatos, os acontecimentos, as opiniões se juntam numa totalidade, a ideia de que se pode ter uma teoria condutora da nossa ação pessoal e coletiva. Em troca dessas categorias universais, haveria ações específicas de sujeitos individuais ou de grupos particulares, existências particulares e locais, diferenças culturais, étnicas, raciais. Não se contaria mais com sistemas teóricos de referência, sejam eles lastreados na ciência, na ideologia ou na religião [...].
Junto com o livro de Frederic Jameson, os meus preferidos para o estudo do tema.

Do ponto de vista político, reduz-se a crença moderna no Estado/Nação, à medida que as forças de produção que conduzem a economia global estão cada vez mais se dispersando através do multinacionalismo das empresas, inclusive fora do bloco das nações industrializadas ocidentais. Há além disso, uma redução do poder de atração e convicção dos ideais da modernidade relacionados à vida pública, levando a uma atitude de desconfiança à prática política convencional ou mesmo uma despolitização. Por outro lado, tendem a crescer movimentos particularistas, locais, setorizados, dando à política uma conotação diferenciada".

Certamente deu para perceber que novas categorias fazem parte da vida política, como a despolitização, a fragmentação e o hiper indivíduo, junto com a ideia do pós. Vivemos numa sociedade sem ideologias e sem classes. A conciliação sempre será possível se contarmos com os melhores. No fundo isto é a velha concepção positivista, extremamente autoritária, de que os melhores deverão conduzir o povo. Resta um pequeno problema; o que faz que um seja o melhor ou o bom e o outro não, de quem ordena e de quem obedece. Segue o texto, que não se sabe ao certo, mas que já ficou convencionado ser de Brecht.
Quando eu era presidente do núcleo de Umuarama, da APP-Sindicato, nós tínhamos um quadro, na sala de atendimento, com o texto do analfabeto político escrito sobre a imagem de um burro.

O Analfabeto político.

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala,
nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão, do peixe, da farinha,
do aluguel, do sapato e do remédio
dependem de decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha
e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política
nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio
das empresas nacionais e multinacionais.


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