segunda-feira, 13 de abril de 2015

Leonardo da Vinci. Para crianças.

Com a chegada dos netos e aproveitando as promoções da Jorge Zahar Editor, comprei e li Leonardo da Vinci para crianças. Faço, antes de mais nada, uma afirmação muito importante. Os adultos que lerem o livro não levarão qualquer tipo de prejuízo e não correm nenhum risco de se infantilizarem, ou assim serem considerados. O livro é simplesmente maravilhoso. A autoria é de Janis Herbert. O livro vem acompanhado de 23 atividades práticas, envolvendo a criança nos caminhos trilhados pelo grande pensador e cientista.
O maravilhoso livro de Janis Herbert. É para crianças, mas não há contraindicações. Ótima leitura.


Leonardo nasceu em Vinci, na bela Toscana. Caterina, sua mãe era uma camponesa pobre e era considerada muito bela. Já Piero, o pai, era rico e aprendiz de tabelião. Seus pais nunca foram casados, fato que causou inúmeras restrições ao menino. Até a idade dos doze anos, praticamente, ficou no campo em companhia dos avós e de um tio, nas propriedades da família. Foi alfabetizado por um padre e era um exímio observador da natureza. A sua idade dos porquês foi muito bem explorada, junto ao tio, a quem se afeiçoara imensamente.

A cena urbana em sua vida aconteceu com a sua mudança para a cidade de Florença, para conviver com o pai. Este o colocou no atelier do mais famoso pintor florentino da época, Verrochio. Estes ateliers ou estúdios eram grandes centros de efervescência cultural. Leonardo começou a trabalhar na limpeza e na confecção de pinceis. Cedo percebeu que a obra do artista ia da concepção à execução, indo até a sua colocação no devido lugar. Poderíamos dizer que se exercitava na práxis. Passou também pela fabricação de tintas e, também, logo percebeu que o trabalho do artista não era um trabalho fragmentado.
 Estudos sempre antecediam as suas pinturas. Não era apenas pincel, tinta e tela.

Florença foi a cidade perfeita para o jovem aprendiz. Ela era um grande centro comercial, próspero e incentivador das artes. O espírito de Leonardo o levava de suas observações para o traçado de esboços e da imaginação para os seus papeis de anotações. Via as asas dos pássaros, e nela imaginava as asas dos anjos e, para mais além, projetava voos. Os seus primeiros trabalhos foram uma retratação da natureza e já eram vistos como obras primas. Depois de sete a oito anos de aprendiz foi elevado à condição de mestre. Florença também era uma cidade de muitas festas e o jovem adorava a cidade em festa.

A família Sforza o levou para Milão. Sob a proteção da rica família, o gênio de Leonardo explode em todas as direções. Ao chegar a Milão, levou para Ludovico um alaúde de presente e o tocou. Ele era de fabricação sua. Em Milão, o agora homem em volta de seus trinta anos, se tornou muito mais um engenheiro militar do que um artista da pintura. A época era de guerras e a segurança da cidade exigia armas e fortificações. Também expandiu ainda mais as suas observações, atingindo os campos do som, da harmonia, da astrologia e da anatomia. Tornou-se também um urbanista, cuidando do saneamento das cidades, evitando a propagação das pestes. Hoje diríamos que se preocupou com o saneamento básico. Na pintura inovou em suas técnicas.
 A Santa Ceia. Retratos do corpo e expressões da alma. Uma de suas melhores obras.


Em Florença recebeu de seu protetor uma encomenda para celebrar o seu esplendor. Um homem à cavalo. Isso exigiu novas observações e estudos. Mas a cidade já estava profundamente envolvida em guerras contra o reino de Nápoles e contra a França. Neste período adotou um menino pobre, que lhe deu muitos problemas. Ele o chamava de o pequeno diabinho, que comia por dois e fazia molecagens por quatro. Tornou-se também montanhista para observar  a vista, a partir do alto. Os voos sempre estiveram em sua perspectiva. Fiação, tecelagem, moinhos e eclusas também ocuparam espaços de seu tempo.

Nesta época recebeu a encomenda daquilo que seria uma de suas pinturas mais famosas. A Santa Ceia. Nela procurou retratar corpo e alma. Estudava as expressões de rosto e demorou muito até encontrar, em meio aos presos, um retrato para Judas. Não terminou o cavaleiro Sforza, pois, o bronze ganhara outra prioridade: a confecção de canhões. O rei Luís da França, quando viu a pintura da Ceia, quis levar toda a parede, onde estava a pintura, para a França, tal o seu encanto. Depois de dezoito anos em Milão, as guerras o obrigam a buscar uma nova cidade, mas assim que chegava, as guerras vinham atrás. Assim morou em Mântua e em Veneza. Na volta a Florença encontra-se com César Bórgia, o famoso filho do Papa Bórgia, Alexandre VI (1492-1503). Apesar de considerar a guerra como algo bestial, o espírito inventivo o levava à dedicação da engenharia militar. Em sua pintura chega, inclusive, a retratar batalhas.
 Esta foto eu fui buscar no museu do Louvre, em Paris. O pequeno quadro, o mais famoso.

Aos 55 anos divide a sua vida entre as cidades de Florença e Milão. É deste período a sua obra mais famosa, a Mona Lisa. É um pequeno quadro, que por anos sempre levou consigo. A modelo ficou sob absoluto sigilo. Este é também o período em que ficou muito amigo de um rico jovem, amizade que o acompanhou até o fim de sua vida. A fase final desta sua vida será na França, sob a proteção de Francisco I, como o primeiro pintor, engenheiro e arquiteto do rei. Morre  em dois de maio de 1519, aos 67 anos, deixando os seus bens distribuídos entre os amigos, por testamento.

O livro é extraordinário. É acompanhado de 23 atividades que retratam a trajetória de Leonardo e que são um convite para percorrer os mesmos caminhos. Traz ainda belos quadros explicativos deste rico período da história, que chamamos de Renascimento. Existe ainda uma bela linha do tempo e um quadro com a localização atual das principais obras do artista. Uma riqueza para o estudo e a formação das crianças.
Para contextualizar o momento histórico do renascimento é muito interessante ver a série Os Bórgias, do papa Alexandre VI.  http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/04/os-borgias-primeira-familia-criminosa.html

Uma observação final. Terminei de ver recentemente a série Os Bórgias - A primeira família criminosa, que retrata a vida do papa Alexandre VI e de seus filhos César e Lucrécia. O papado de Alexandre foi de 1492- 1503. Portanto, contemporâneo de Leonardo. Eles, Leonardo e César, inclusive, tiveram vários encontros. É também o tempo de Maquiavel. A série é uma fantástica recomposição e contextualização desta importante época da história. 






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