De São Luís eu seguiria para Barreirinhas, o local mais apropriado como base para visitar os Lençóis Maranhenses. São 254 quilômetros percorridos em torno de 4 horas. Este transfer estava no meu pacote e foi executado com extrema pontualidade e em ônibus. O ponto final para recolher o pessoal foi no aeroporto de São Luís. Seguimos por rodovias federais, as BR 135 e 402. Esta última me fez lembrar o governo FHC, pelo descaso na conservação. Muitos buracos. Fizemos uma parada para lanche e serviços hidráulicos, num lugar extremamente aprazível, em Axixá.
Os Lençóis Maranhenses seriam o grande e maravilhoso destino.
Em Axixá, produtos da fazenda. No caminho dos Lençóis.
Os Lençóis Maranhenses seriam o grande e maravilhoso destino.
Em Axixá, produtos da fazenda. No caminho dos Lençóis.
Quando chegamos em Barreirinhas, agora já em carros menores, os turistas foram sendo levados para as suas respectivas pousadas. A minha foi a Pousada Boa Vista. Uma pousada nova, ainda com obras de embelezamento, muito bem cuidada pela sua proprietária, muito solícita no atendimento. A perturbar, apenas uma igreja, daquelas em que os fiéis acreditam que Deus sofra de surdez. Na chegada os passeios já nos foram anunciados. Ali eu permaneceria por três noites. Fiz a opção por dois passeios, o dos Lençóis Maranhenses e o de voadeira pelo rio Preguiças.
Pronto para o passeio nos Lençóis Maranhenses.
Pronto para o passeio nos Lençóis Maranhenses.
Tive muita sorte na escolha da época da viagem. Entre a primeira e a segunda década do mês de junho. É o fim do inverno, a estação das chuvas. É o momento em que as lagoas, nos lençóis, estão cheias e, assim, tornam a vista muito mais bonita. Além disso, não existem tantos turistas. Estes começam a chegar nas tradicionais festas juninas, nas férias brasileiras de julho e ainda, em julho e agosto, quando chegam os turistas europeus e japoneses, aproveitando o seu período de férias.
O caminho para os Lençóis é marcado por aventuras, como esta travessia do rio Preguiças.
Ou por estes poços de lama.O caminho para os Lençóis é marcado por aventuras, como esta travessia do rio Preguiças.
Como não dava para fazer os passeios no dia da chegada, fomos ao centro da cidade, que começa a ter vida, apenas ao final da tarde. Mais precisamente, visitamos o calçadão da avenida Beira-Rio. No caso, o rio Preguiças. Um mundão de lojinhas, com souvenirs, lanchonetes, restaurantes e agências de turismo a vender passeios. Era um dia de jogo, FLA X FLU. O povo apinhado em frente às TVs, torcendo loucamente pelo Flamengo. No dia, até o Paraná Clube ganhou. Barreirinhas tem toda sua atividade econômica voltada para o turismo. Lá também existem muitas casas de veraneio. Foi num dos condomínios, que abrigam verdadeiros palacetes, que apareceu aquele mundão de dinheiro, quando Roseana Sarney foi pré-candidata a presidente da República (2002, pelo PFL, atual DEM). A aventura parou por aí mesmo. Hoje Barreirinhas tem um pouco mais de 60.000 habitantes.
A minha primeira foto das dunas dos Lençóis.
Mais um brinde para os olhos com a paisagem típica dos Lençóis.A minha primeira foto das dunas dos Lençóis.
A diversão nesta ida ao calçadão foi o taxista. Nos contava dos turistas, especialmente, dos franceses e dos japoneses. Nos contava do cheiro dos franceses e do falar dos japoneses, que quando ele percebia, já havia cinco ou seis deles dentro do carro e todos conversando ao mesmo tempo, feito periquitos em milharal. E ele tinha o dom da imitação. O táxi em seus deslocamentos tem um preço de R$ 20,00. Para o passeio dos Lençóis, você tem duas opções de horário. Você pode fazê-lo pela manhã ou pela tarde. O mais aconselhável é fazê-lo à tarde, por duas razões: o calor é menor e você vê o por do sol do alto das dunas. Um detalhe interessante, o sol não aquece as areias.
Mais uma vista dos Lençóis.
Mais lagoa e dunas.Mais uma vista dos Lençóis.
O passeio começou as 13h30. Uma Hilux 4X4 já estava a nossa espera. A primeira aventura foi a travessia do rio Preguiças, de balsa. Logo adiante um transtorno. Uma árvore caída. Tentaram tirá-la. Impossível. Tinha abelhas. Outra trilha foi buscada. Primeiro atravessamos uma vegetação de cerrado. A necessidade do carro ser traçado 4X4 são os enormes areais que formam o leito da estrada. Um pouco mais em frente, já com vegetação de restinga, é a lama. Inclusive atolamos. Tivemos que descer, mas nada de empurrar. As Hilux andam sempre em comboio, para que ninguém se perca nas trilhas ou fique sem socorro em caso de necessidade. Esse trecho todo já é feito dentro do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
No caminho, em meio aos areais.
O Parque foi criado em terras devolutas da União, no ano de 1981. Ele abrange um território de 156.584 hectares. O local é habitado por algo em torno de seis mil habitantes e não recebe novos moradores. Nenhum comércio é permitido no local. O Parque ocupa áreas de três municípios: Barreirinhas, Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão. A finalidade da criação do Parque é a de "proteger a flora, a fauna e as belezas naturais". Estas são formadas pelas dunas de areias branquíssimas e por lagoas que são formadas no período das chuvas. A paisagem é deslumbrante. Nas lagoas você pode tomar banho. A beleza da paisagem é de perder o fôlego. A subida das dunas, também. O por do sol seguramente figura entre os mais belos do mundo. A volta à cidade já se dá sob plena escuridão (20h00) Não aconselho para ninguém os tais bate-volta, de um único dia, partindo e voltando para São Luís. O preço do passeio é de R$ 80,00.
A última atração do dia. Um esplendoroso por de sol.
O dia seguinte estava reservado para um passeio pelo rio Preguiças (R$ 90,00). Passeio em lancha, as chamadas voadeiras. Passeio de dia inteiro, com saída as 9h30 e volta para depois das 16h00. Como vimos, o rio atravessa todo o parque e na sua margem, na avenida Beira-Rio, se dá todo o movimento e agitação em Barreirinhas. O passeio é marcado por três paradas: Povoado de Vassouras, Povoado do Farol de Mandacaru e na Praia do Caburé. Em Vassouras você tem um reencontro com os Lençóis, desta vez, os pequenos Lençóis, com uma feira de artesanatos, bebidas e lanches e a possibilidade de se divertir com inúmeros macacos prego, bem safados e atrevidos no avanço às bolsas em busca de comida.
O passeio e as belas paisagens. Rio Preguiças.
A segunda parada é no povoado onde se situa o farol de Mandacaru. A atração são as crianças que oferecem os produtos de artesanato em várias lojinhas. As crianças se organizam em jogral para anunciá-los. Fica bem interessante e mexem com a sensibilidade das pessoas. Se você estiver disposto a subir um monte de degraus pelo interior do farol, você descortinará uma bela paisagem. Muita cachaça, doces, artesanatos e peixes postos a secar. Mas a parada mais longa ocorre já em plena praia de mar. A foz do rio ocorrerá mais adiante ainda, uns dez quilômetros. A Praia recebe o nome de Caburé. É a parada mais longa, para passeios de bug, para almoço ou simplesmente para deitar em rede com o corpo encoberto pela água.
Na última parada, na Praia de Caburé, almoço.
De noite, uma nova ida à Beira-rio, ao encontro do forféu, para lanche e uma cervejinha. Para o dia seguinte estavam programadas novas emoções. Desta vez, para o que se chama especificamente de rota das emoções, no trecho que ligaria Barreirinhas à cidade piauiense de Parnaíba, para conhecer o delta do rio Parnaíba, o chamado Delta das Américas. Amanhã eu conto.
Professor Pedro Elói, essa sua síntese aqui no blog, me deixou tentada a fazer o passeio!! Fui até Barreirinhas, de carro, eu e meu esposo! Fizemos o passeio pelos lençóis, e também o de lancha pelo Rio Preguiça. Foi maravilhoso e pude constatar toda a sua descrição!! É um passeio que eu recomendo!! Espetacular!!!!
ResponderExcluirQue bacana, Gercina. Para mim São Luís e Alcântara foram muito acima das expectativas. Alcântara é cidade para permanecer por alguns dias e absorver sua história e sua cultura. Já o Parque dos Lençóis é a melhor versão da natureza que possa se imaginar. De São Luís eu trouxe também o maravilhoso "Os tambores de São Luís", de Josué Montelo. Agradeço a sua manifestação, Gercina.
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