sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

A presença de Jesus Cristo nas lutas do povo. Um encontro raro com Alberto Panichella.

No dia quatro de fevereiro, num sábado chuvoso, houve um encontro maravilhoso de ex seminaristas da ordem religiosa dos xaverianos com o padre Alberto Panichella, que foi orientador deles, enquanto eles estiveram no seminário. Nesse encontro o padre Alberto também apresentou o seu livro, A presença de Jesus Cristo nas lutas do povo - Narrativas de um missionário das periferias. Muitos dos participantes do encontro, conforme os relatos, não se encontravam há quarenta anos. É fácil imaginar o clima do encontro. Também esteve presente o padre Décio, de Maringá. O professor Luiz Paixão me pediu sobre a possibilidade de fazer o encontro na chácara que tenho e, nessa condição, tive a satisfação de ser o anfitrião do encontro.

Os participantes do encontro. O padre Alberto é o de camisa vermelha e sem chapéu.

O encontro se dividiu, eu diria, em três partes. O primeiro foi o da liturgia do reencontro e do saber das novidades que cada um tinha para contar. Foi um momento, acima de tudo, de muitos abraços e de extravasamento de afetos, de bem-quereres. Ao observarem a foto, certamente vocês sentirão a ausência de mulheres nesse encontro. Elas até apareceram, mas preferiram fazer os seus passeios à parte. Certamente tiveram a intenção de que o encontro fosse efetivamente uma grande rememoração dos tempos de seminário. No seminário não havia a companhia das meninas.

O segundo momento foi o da fala do padre Alberto. A fala, de uma maneira geral, seguiu o roteiro do livro que também estava sendo lançado no encontro. Apenas com uma alteração de inversão do roteiro, com a fala começando pelo momento atual vivido pelo padre Alberto. Depois eu apresento também o roteiro do livro, livro que eu li com grande atenção e interesse.


A presença de Jesus Cristo nas lutas do Povo. O livro do padre Alberto Panichella.

Padre Alberto é hoje padre em Atalaia do Norte, no estado do Amazonas. Segundo a fala do padre Alberto, a cidade é a terceira mais pobre do país e a mais pobre do estado do Amazonas. Ela se situa na região do vale do rio Javari. Foi nessa região que ocorreu o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Tom Philips, no dia 5 de junho de 2022, fato de repercussão mundial. Pela Wikipedia busquei a informação de que a cidade possui 20.868 habitantes (Censo 2021), que está distante de Manaus a 1.163 km e que "o mais recente IDH do município é um dos menores do país, semelhante a países africanos como Zimbábue e Ruanda". Esse tema, pela sua premente atualidade, tomou quase o tempo todo da fala do padre. O padre conhece bem a cultura indígena. Os Yanomamis também estiveram presentes na fala.

As pessoas presentes também fizeram uma rápida apresentação, dizendo de seus afazeres e sonhos do momento atual de suas vidas. O grande destaque ficou com as dificuldades iniciais de suas vidas, logo após a saída do seminário. Quem viveu essa saída, sabe bem do que se trata. Uma vez, um professor que viveu essa experiência, me contou que ele veio ao mundo por duas vezes, uma no nascimento e outra, na saída do seminário. Nas duas vezes, me contou ele, ele se encontrava pelado, isto é, absolutamente sem nada.

O livro, também pelas palavras do padre Alberto, é uma viagem. Uma viagem pelas cidades brasileiras em que ele trabalhou. São cinco capítulos e uma espécie de adendo, no qual a última etapa, a atual, desenvolvida em Atalaia do Norte, mereceu algumas linhas. No primeiro capítulo estão relatadas as suas experiências na cidade de Londrina, nos Cinco Conjuntos. A base de seu trabalho sempre foi o da organização da comunidade nas Comunidades Eclesiais de Base, na ajuda às pessoas mais necessitadas e nas lutas coletivas por melhorias. Esse período o ocupou ao longo dos anos 1983 a 1987.

O segundo capítulo é dedicado ao tempo passado na cidade de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, entre os anos de 1987 e 1990. No terceiro, são relatadas as experiências desenvolvidas em Hortolândia, região metropolitana de Campinas, entre os anos de 1990 a 1993. O quarto capítulo é dedicado a São Paulo, entre os anos de 1993 a 2003, onde o trabalho foi desenvolvido no bairro de Guaianazes, um distrito da zona leste da cidade. No quinto capítulo a viagem já se desloca para a cidade de Manaus, onde os trabalhos foram desenvolvidos entre os anos de 2003 e 2011. As etapas seguintes compreendem atividades na Itália (padre Alberto, observem o sobrenome, é italiano) e as atuais, na longínqua Atalaia do Norte. Como leitor do livro dou o meu testemunho. A vida do padre Alberto, é uma vida inteiramente dedicada aos "esfarrapados do mundo", usando a expressão de Paulo Freire. Coragem e determinação sempre andaram na companhia do padre Alberto. Presença viva de um representante de Jesus Cristo nas lutas do povo. E lembrando a Boa Nova: "Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância". E..., vida sempre clama por mais vida. É a teologia da libertação.

A última etapa do encontro foi muito agradável. Uma costela, à moda fogo de chão foi servida aos presentes. Obviamente junto com cervejas caprichosamente geladas. Os mais resistentes permaneceram até o final da tarde, para não perderem o sempre lindo por de sol de Campo Magro. Um dia simplesmente inesquecível e digno de ser repetido. Como o dia foi também uma dia de reflexões, deixo aqui mais uma. http://www.blogdopedroeloi.com.br/2015/07/sobre-o-significado-da-palavra-amem.html

Devo acrescentar um fato muito significativo. O nosso amigo Alissandro (O baiano), o artífice da costela "fogo de chão" adquiriu três exemplares do livro do padre Alberto para presentear pessoas de sua estima. Fato maravilhoso.


4 comentários:

  1. Respostas
    1. Amigo. Orgulho de todos nós. Agradeço a sua manifestação.

      Excluir
  2. Foi um excelente encontro, antigas amizades e muito boa costela.

    ResponderExcluir
  3. Sempre ótimas lembranças. Acontecimento inesquecível. Agradeço a sua manifestação.

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário. Depois de moderado ele será liberado.