Me aposentei definitivamente da sala de aula no segundo semestre do ano de 2012. Para não ter uma recaída e permanecer por mais tempo, empreendi uma viagem para o berço da civilização (Grécia e Itália) para os dias que teria que voltar para o segundo semestre. Não queria ter mais obrigações sistemáticas. Após a volta, lembro, havia muitas promoções de livros em liquidação nas Livrarias Curitiba. Comprei muitos, mesmo sem os ler de imediato. Semana passada retomei um deles, que como está assinalado, foi comprado em 2012. Ele ainda tem a etiqueta com o preço: $ 12,90.
Brandemburgo. Hernry Porter. Record.2005.Trata-se de Brandemburgo, romance de espionagem do editor britânico da Vanity Fair, Henry Porter. Devo dizer que não sou muito afeito a esse tipo de leituras, mas como o livro mistura muita história com a espionagem, eu me dei como muito satisfeito com a leitura. A narrativa fluiu bem e sempre colocava o passo seguinte em perspectiva. Foram 487 páginas, lidas de um só fôlego. O livro oferece grandes surpresas ao longo de sua leitura e um final absolutamente surpreendente. Na capa, junto com o título e o autor há uma observação do The Economist: Brandemburgo é uma reconstrução minuciosa da Guerra Fria em seus momentos mais insidiosos..."
Ao final do livro Porter insere uma Nota do autor. Dela selecionei algumas passagens, a começar pelo parágrafo inicial: "A Alemanha Oriental foi o único integrante do bloco comunista a desaparecer como um Estado. Uma década e meia após o Muro ter caído e o processo de unificação alemão ter começado, muitas pessoas teriam dificuldades em traçar num mapa a fronteira entre as Alemanhas Ocidental e Oriental. A própria noção de duas Alemanhas, de uma Cortina de Ferro cortando a Europa em duas, parece surpreendente hoje, especialmente para aqueles nascidos depois de 1975. E nada era mais bizarro durante essa era de divisão que a situação de Berlim Ocidental, um enclave livre 160 quilômetros para dentro do território comunista, inabalavelmente garantido pelos aliados ocidentais, mas cercado por torres de vigia, arame farpado e concreto do Muro de Berlim".
O famoso portão de Brandemburgo, cenário da parte final do romance.Creio que estão dadas as primeiras dicas em torno do romance, mas tem mais: "Tentei o máximo possível tecer minha história em torno da sucessão de eventos que ocorreram entre o começo de setembro e o fim de semana de 11-12 de novembro de 1989. As datas do fechamento das fronteiras na Tchecoslováquia, do transporte de refugiados orientais para a Alemanha Ocidental, os horários e as rotas das manifestações de Leipzig, e a sequência de eventos de 9 de novembro são todos, espero, acurados. Também tive o cuidado de usar as palavras exatas ditas por Gorbachev em 6 de outubro, pelos pastores da Nikolaikirche, em Leipzig, e pelas pessoas que estavam presentes na crucial entrevista que Gunther Schabowski deu em Berlim Oriental em 9 de novembro. Trechos de transmissões de rádio e televisão dos dois lados do Muro também foram reproduzidos palavra por palavra"
Tem mais, agora envolvendo personagens: "Embora esta seja claramente uma obra de ficção, algumas pessoas reais nela aparecem. Erich Mielke, o chefe da Stasi, faz uma ponta. Espero ter feito justiça a ele. O tenente-coronel Vladimir Putin era na época da ação um agente da KGB em Dresden. Seus deveres incluíam espionar a Universidade Técnica da cidade e depois que o Muro caiu foi ele de fato responsável por resgatar alguns arquivos importantes do quartel-general da Stasi em Dresden. Mas seu papel nesta trama foi inteiramente inventado, claro...."
Uma foto da histórica cidade de Dresden, um dos cenários do romance.Também tem sobre o personagem principal, Rosenharte: "Nunca houve alguém sequer remotamente semelhante ao Dr. Rudi Rosenharte trabalhando na Dresden Gemäldegalerie durante a década de 1980. O passado de Rosenharte foi inspirado num relato sobre o programa Lebensborn dos nazistas que se encontra no excelente estudo de Caroline Moorehead sobre a Cruz Vermelha, Dunart's Dream (Harper Collins)". Que horror esse programa. Ele dá a tonalidade dos dois últimos capítulos.
O livro é dividido em três partes e quarenta capítulos. Se inicia em Trieste, na Itália e termina na quinta feira do dia 9 de novembro de 1989, no Portão de Brandemburgo, com a queda do Muro de Berlim, passando pelas cidades de Leipzig e Dresden, especialmente. Na página final, de agradecimentos, Hernry Porter lista os principais livros sobre a RDA e a queda do Muro de Berlim. O livro foi escrito em Londres, no ano de 2004.
O tema do livro está assim enunciado na orelha e na contracapa do livro: "Historiador de arte e agente aposentado da Stasi, Rudi Rosenharte recebeu uma missão impossível: arrancar segredos de Annalise Schering, sua antiga amante, que mora na Itália. O problema: Rudi sabe que Annalise morreu há 15 anos, mas os chefes da espionagem comunista não acreditam nisso. Para eles, Rudi está escondendo uma valiosa informação. Agora, a sobrevivência dele e da família está em risco. Um thriller histórico emocionante, ambientado nos dias que antecederam o colapso do Muro de Berlim".
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