domingo, 9 de dezembro de 2012

"A Terra é Azul" - Tributo ao Grêmio.

"A Terra é Azul". Esta frase foi dita por quem viu a terra, pela primeira vez, a partir do espaço. Era o dia 12 de abril de 1961 e foi dita pelo cosmonauta russo Iuri Gagarin, a bordo da nave Vostok I. Essa façanha russa mexeu com os brios americanos. Houve reformas educacionais e enormes verbas foram destinadas para a pesquisa científica. A resposta veio com a Apolo 11, em 20 de julho de 1969, com a chegada à lua.

Não consta que a data de 12 de abril tivesse algo de especial para que o cosmonauta proferisse a sua famosa frase "a terra é azul". Só fico imaginando se Iuri Gagarin, em vez do 12 de abril de 1961, tivesse subido ao espaço no dia 11 de dezembro de 1983, no dia em que o Grêmio foi campeão do mundo, ou mesmo no dia de ontem, 8 de dezembro de 2012. O que diria então, ao ver este mundo de bandeiras azuis sendo desfraldadas. Certamente teria dito: "A Terra é azul, azul, azul".

Rendo hoje a minha homenagem ao Grêmio, pela inauguração do mais moderno estádio brasileiro e por ter dado esse passo para frente no futebol brasileiro, antes que qualquer outro time. É impressionante o que foi feito. 192.000 m² de construção, altura equivalente a um prédio de 19 andares e com 60.540 lugares. O impressionante é o tempo de construção. Tudo isso foi construído em pouco mais de dois anos.

E não é que o Grêmio não tivesse estádio.O seu grande palco de festas, o Olímpico Monumental, foi e é um grande exemplo do que é uma construção coletiva. A primeira construção foi obra de Saturnino Vanzelotti, nos anos 50. Vanzelotti está enterrado no cemitério João XXIII, numa pequena distância do estádio e voltado de frente para ele, para que, de seu lugar definitivo, não perdesse um único jogo do time do seu coração. Agora terá que fazer algumas acomodações e lançar o seu olhar para um pouco mais longe.

A outra construção do Estádio Olímpico foi feita por Hélio Dourado, no final dos anos 70 e que o transformou no Olímpico Monumental. Merece destaque a forma como ele foi, primeiro construído e, depois reformado. Foi uma construção e reconstrução absolutamente coletiva. Campanhas de doação de tijolos e de sacos de cimento deram aos gremistas um sentimento de pertencimento do seu estádio. E por isso existe hoje, embora a alegria diante do gigantismo da nova obra, a nostalgia e o sentimentalismo da despedida. Hélio Dourado diz que jamais pisará na Arena Grêmio.

A construção dessa Arena não tem nenhum apelo ao coletivo gremista e também, e é muito importante dizer, não tem nenhum dinheiro público na sua execução. Ele é algo absolutamente moderno, numa parceria entre o Grêmio e a OAS., num empreendimento que alcança as gigantescas cifras de quase 600 milhões de reais. O lamentável nessa história será a implosão do Olímpico Monumental. Um pedaço de história que se vai, junto com a sua implosão.

A inauguração foi maravilhosa. Um show em nível internacional. A força da cultura regional gaúcha foi mais uma vez levada e afirmada perante o mundo inteiro."Sirvam nossas façanhas, de modelo à toda terra". Emocionante e, muito importante. Simbolicamente foi assinado, em 8 de dezembro de 2012 um decreto, em que definitivamente o choro foi eliminado como um instrumento de tristeza e transformado num símbolo maior de alegria. 

O Grêmio é também conhecido como "o imortal tricolor". Esse imortal, constantemente prova a fé dos gremistas e, quando tudo parece estar perdido, esta força imortal aparece. Em momentos em que a fé gremista parece fraquejar é que vem uma força não se sabe de onde e, tudo recomeça. Exemplo maior disso foi "a Batalha dos Aflitos". Os anjos que vieram do infinito, onde certamente mora essa força do imortal, trazendo a tesoura para o corte da fita inaugural, foi sensacional.

O espetáculo foi grandioso. Não faltou nada. Artistas da cultura regional ainda não sertanejada, sendo valorizada, ex atletas, eternos ídolos, desfilando e Lupicínio sempre consagrado e reconsagrado. Não é qualquer time que tem um hino composto por um gremista como Lupicínio Rodrigues. É o mais popular dos hinos de times de futebol. "Até a pé nós iremos". Mas o que mais me alegra é ver crianças com os uniformes do Grêmio. Não tive uma educação jesuíta, mas com eles aprendi, que se você quiser ter resultados por um longo tempo, invista nas crianças. Gosto de dar de presente camisetas do Grêmio para crianças, mesmo porque, ao optarem por serem gremistas, terão enormes alegrias ao longo de suas vidas.

Sim, uma última coisa. Esta verdade é só minha, mas mesmo assim eu acredito que ela seja uma verdade absoluta e universal. É sabido que Niemeyer não tem nenhum grande projeto para estádios. Mas ele tinha, em sua mente projetado o novo estádio para o Grêmio. Só não o fez, porque o estádio tinha que obedecer os padrões da FIFA., e isso limitaria a sua força criativa. Se não fosse isso, Niemeyer também teria deixado a marca de sua beleza na concepção de um estádio de futebol.

Quanto ao jogo, foi relembrar 1983. Lembro perfeitamente daquela madrugada maravilhosa. Acho que aquela forma esquisita como o André Lima comemorou o primeiro gol da história da Arena Grêmio foi só para lembrar que no Rio Grande do Sul também existe um outro time de futebol.

2 comentários:

  1. Um time cujo estádio se chama Olímpico Monumental, significa.

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  2. PEDRO ELÓI RECH, meu amigo, meu professor de Sociologia na Universidade, meu mestre! Aficcionado em futebol, "gremista" apaixonado, agora, depois de anos militando nos centros de educação e cultura de nosso estado, deixa o ofício de mestre e se embrenha no "ofício das letras". Ele sabe encantar, sabe prender a atenção. Tem observação rebuscada, conhece história, os detalhes e não perde a linha de observação, tampouco o foco. Sabe narrar como soube lecionar em sala de aula. É mestre com maestria. Apaixonado por futebol e apixonado pelo PT. Sua formação é filosófica e a responsabilidade com o que faz é de uma paixão gremista. Eu que não sou ligado em futebol pude sentir um gostinho de gritar com ele um OLÉ em homenagem ao que Gagarin não viu do espaço e que por certo se visse, teria, ao retornar a terra, pousado a sua nave Vostok I no Olímpico Monumental, a fim de homenagear aquele time que tem em sua letra o famoso refrão "Até a pé nós iremos". Viva o tricolor gaúcho, viva o novo escritor, que nasce com um grande nó na garganta, qual seja, "aquele grito" ainda sufocado que em breve soltará, assim que seu Grêmio começar a mostrar por qual motivo existe nas plagas do Rio Grande do Sul! Abraços caro prof. Elói, do amigo Erico Pinto da Silva.

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