quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Europa 2019. 1. BERLIM.

Sexta feira dia 19 de julho. É óbvio que uma viagem internacional sempre gera expectativas. Depois de muitos preparos, com consultas e leituras, o dia 17 de julho chegou. Curitiba - São Paulo - Frankfurt - Berlim. A viagem na mais absoluta normalidade. Uma viagem longa e um voo de quase 12 horas entre São Paulo e Frankfurt. Um fuso horário de cinco horas. Chegada tranquila em Berlim. Hotel Proarte Maritim, a menos de 700 metros do Portão de Brandemburgo. Melhor impossível. Primeira saída para um lanche e descanso. O dia seguinte prometeria.
O primeiro lugar visitado. O majestoso Portão de Brandemburgo. 

Já pela manhã do dia 19 de julho, as 8h00 estávamos no ônibus da Europamundo, para o city tour na cidade de Berlim. Estávamos na Unter den Lindenstrasse, a principal avenida da cidade, sob o ponto de vista histórico. Ônibus de mais de 60 lugares, todos tomados. A guia local mal e mal começou a falar e já descíamos no Portão de Brandemburgo, uma antiga porta da cidade e, seu símbolo maior. Muita história, tanto da Alemanha, quanto da cidade. A sua primeira origem remonta à guerra dos 30 anos (1614- 1648), que envolveu toda a Europa, movida pelas lutas entre católicos e protestantes, por questões de lutas dinásticas e demarcação de fronteiras.
A quadriga do portão de Brandemburgo, com a deusa da paz - Irene.

Ao final do século XVIII o portão ganhou mais ou menos o seu atual contorno, com as 12 colunas gregas e, em cima, uma quadriga com a deusa grega da paz, Irene. Já no início do século XIX, ou mais precisamente, em 1806 Napoleão leva a quadriga para Paris, de onde ela retorna em 1814, após as derrotas de Napoleão. Como testemunha viva da história esta deusa grega ainda teria muitas histórias para nos contar. Na sua volta a quadriga ganha, como acréscimo, uma águia e uma cruz de ferro, simbolizando a vitória e não mais a paz, tão desejada pela deusa. Por este portão Hitler entra triunfante na cidade no fatídico ano de 1933.
Mais uma foto do famoso portão.

A sua história ganha novos contornos ao final da Segunda Guerra, quando sofreu danificações em virtude dos bombardeios à cidade e gerará novas controvérsias com a divisão da cidade pelos acordos pós guerra. O portão ficará no lado oriental e já não será mais um ponto de passagem, um portão. Ele ficou na divisa entre a parte soviética e inglesa da cidade. Com a construção do Muro de Berlim o portão fica praticamente isolado, ladeado pelo muro e, com uma inversão de lado, por parte dos cavalos. Os russos não sabiam bem o que fazer com toda esta questão simbólica e chegaram a fundir quase que totalmente a quadriga.
Lembranças do muro. Ele passava no lugar demarcado.

O local ganhou também nova força simbólica com a noite de 9 para 10 de abril de 1989, com a queda do muro e a reabertura do portão a partir de dezembro do mesmo ano. O cenário foi muito explorado pelas televisões do mundo ocidental. Hoje é o ponto de passagem para o Reichstag, o Parlamento alemão, palácio incendiado pelos nazistas em 1933 e para o Tiergarten, o jardim zoológico no centro da cidade. Nas proximidades se encontra também o Fernsehturm, a torre da televisão, um dos símbolos da cidade, que ficava também na parte oriental.
Vista do Fernsehturm, também um dos símbolos da cidade.

Do Portão seguimos a pé para o Memorial do Holocausto. Antes ainda pudemos ver na rua a demarcação do muro, com tijolos no asfalto, como pode ser visto na foto que anexada. O Memorial ou o Denkmal für die ermordeten Juden Europas, foi construído entre os anos de 2002 e 2003, sob a responsabilidade do arquiteto Peter Eisenman. Ocupa 19 mil metros quadrados e é formado por 2711 blocos de concreto. Estes tem 2,38 metros de comprimento e 0,95 de largura e altura variada. O arquiteto quis provocar a intranquilidade de quem o vê. Intranquilidade diante de um mundo que se desconectou da racionalidade humana. Um lugar que faz pensar e que provoca arrepios.
Uma vista do Memorial do Holocausto. Triste mas necessário.

Voltamos ao ônibus. Passamos pelo imponente Reichstag, pelo bairro das embaixadas e fomos parar no Museu Memorial do Muro de Berlim. Novamente a pé, andamos ao longo do muro, na zona neutra ou zona da morte. Vimos partes que sobraram, uma das guaritas e retratos das pessoas que morreram, tentando a travessia. Lembrando que ele foi levantado em 1961 e marcou um dos pontos mais controvertidos da chamada Guerra Fria. No local que sobrou ele dividiu um cemitério, e a guia deus longas explicações, sempre apontando as separações causadas pelo muro. Um dos momentos muito simbólicos da história e um marco da propaganda contra o socialismo real, aquele implantado pelo regime soviético. A guia desenhava no chão um mapa da divisão de Berlim em quatro partes, a soviética, a inglesa, a americana e a francesa. É preciso lembrar que capitalistas e comunistas lutaram juntos na guerra e  que a União Soviética foi protagonista na derrota do nazismo. Foi o Exército Vermelho que tomou a cidade de Berlim. Cenas onde a história efetivamente aconteceu.
Duas cenas que remetem à memória da existência do Muro.

O city tour foi praticamente isso. A tarde seria livre, com opção para ir a Postdam, a cidade do império prussiano. Muita história. Como voltaríamos a Berlim, não fizemos este passeio neste dia. Aproveitamos a tarde para andar a esmo, aproveitando a excelente localização do nosso hotel. Fizemos um passeio pelo rio Spree, um passeio imperdível. Ali o rio forma a chamada ilha dos Museus. É museu, um ao lado do outro. Este país investe muito em cultura. Passamos também pela Universidade Humboldt, a famosa universidade alemã, situada na rua Unter den Linden. Entre seus alunos ilustres estão nomes como os de Schopenhauer, Fichte, Hegel, Marx, Engels e os cientistas Eisntein e Max Planck. Ela detém 29 prêmios Nobel. Como ela se situa na parte oriental, em 1948, com a Guerra Fria, foi criada, na parte ocidental a Universidade Livre de Berlim, outra universidade de elite da Alemanha. Tomamos ainda um ônibus, do tipo que temos em Curitiba. Sobre preços: ônibus a 17 euros, passeio de barco a 15 euros e almoço em torno de 15 euros, com direito a chopp de maio litro.
Cenário descortinado no passeio pelo rio Spree.

Berlim é uma cidade diferente e impressionante. É uma cidade jovem em tudo e absolutamente cosmopolita. Muita gente, do mundo todo, ali realizou e continua realizando sonhos. A Alemanha tem uma economia estável, e é um só canteiro de obras. Dificilmente se tira uma fotografia sem que as gruas apareçam. A bicicleta está onipresente, assim como os patinetes, uma febre mundial. Dificilmente ocorrem engarrafamentos de trânsito. Possui hoje mais do que  três milhões e meio de habitantes. Emprego pleno. Politicamente usufruem de estabilidade. Angela Merkel está no poder desde 2005. Amanhã tem mais. Dresden e Nuremberg.




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