terça-feira, 20 de agosto de 2019

Europa 2019 - 9. BUDAPESTE e a Hungria.

29 de julho. Segunda feira. Um longo caminho pela frente. Teríamos que vencer 560 quilômetros para chegar em Budapeste. Pelo caminho passamos por Brno, a segunda cidade da República Tcheca, uma cidade eminentemente industrial, e fizemos uma parada em Lednice, uma cidade ao sul, na região da Morávia. A cidade é Patrimônio Cultural da Humanidade, por abrigar um enorme e belo Palácio de caça, em estilo gótico e que pertence hoje a família dos Luxemburgo. Paramos ainda em Gyor, já na Hungria, mas apenas para almoçar.
Em Lednice, um palácio de caça. Patrimônio Cultural da Humanidade.

Por volta das 18h00 chegamos em Budapeste e nos recolhemos ao hotel e ainda ensaiamos uma primeira saída junto a um pessoal que optou por fazer um passeio noturno. Optei pelo descanso, que no dia seguinte faríamos um tour pela cidade com guia local. Nele fizemos duas paradas. A primeira foi no Parque da Cidade. Sobre ele transcrevo um trecho do livro/fotografia que comprei: O Parque da Cidade: É o maior parque de Budapeste. Esta área, antes pantanosa, era zona de caça real. Maria Teresa mandou que fosse drenada e se plantassem árvores. O imperador Leopoldo ofereceu o parque à cidade e no século XIX foi transformado em estilo inglês. O ponto mais importante da sua história foi em 1896, quando se montou aí a exposição comemorativa dos mil anos da formação do Estado húngaro. Os edifícios que aí se construíram pretendiam mostrar a cultura, o rural e o urbano, a indústria, a economia, o comércio e a agricultura da Hungria. Foi por esta ocasião que se construiu o primeiro comboio subterrâneo (metrô) do continente, o Museu de Belas Artes, o Castelo de Vajdahunyad e a Praça dos heróis".
No Parque da Cidade. Mil anos do Estado húngaro.

No Monumento do Milênio - na Praça dos Heróis - lemos o seguinte: "A composição com duas fileiras de pilares em semicírculo e um pilar de grandes dimensões é dedicada á história da Hungria. Entre os pilares estão os reis da Transilvânia, perto do grande pilar central encontram-se as estátuas equestres dos "Sete Chefes". O monumento foi erigido  para a comemoração dos mil anos da fundação da nação húngara". Ali também está o Monumento em Memória do Soldado Desconhecido. Assistimos ali a apresentação de uma delegação polonesa, que viera ali para depositar uma Coroa de Flores, em um belo cerimonial.
Uma delegação polonesa depositando flores em homenagem ao soldado desconhecido.

Ao longo destes mil anos muitas coisas aconteceram. Lembrando que estamos na região central da Europa, onde as influências chegaram também da parte oriental, além da ocidental. Por ali passaram citas e celtas, romanos, hunos, tártaros e mongóis. Por 150 anos as cidades foram dominadas pelos turcos. Após esta dominação começou o domínio dos Habsburgos e a formação do Império Austro Húngaro, que durou até o final da Primeira Guerra, quando a região deixou de ser protagonista, como fora até então. Após a Segunda Guerra os soviéticos impuseram uma dura dominação, após extrema violência, em 1956. Hoje Budapeste, a sétima cidade mais visitada da Europa é, além da capital da Hungria, também considerada a capital da Europa Central.
No Parque da cidade - o monumento do milênio.

Mas vamos para a nossa segunda parada, que foi na Colina, no bairro do castelo. Este castelo remonta ao século XV, mas ganhou importância maior com os Habsburgos ao longo dos séculos XVIII e XIX. Ali estão o Palácio Real, A fonte Matias e a Igreja Matias, além de uma vista maravilhosa para o rio dividindo a cidade e com grande destaque para o maravilhoso conjunto que abriga o Senado. Sobre as três atrações do alto da Colina, lemos o seguinte: O Palácio Real: Sem dúvida que é o edifício mais imponente da Colina do Castelo, o Antigo Palácio Real, construído originalmente no século XIII. Reconstruído no século XIX por Miklós Ybl e Alajos Hauszmann em estilo neo-barroco. Sofreu danos durante a Segunda Guerra Mundial e foi novamente remodelado nos anos 50".
Do alto da colina, uma vista do Parlamento.

Sobre a Fonte de Matias temos o seguinte: "Este conjunto de estátuas de art nouveau foi transportado para este local durante a reconstrução do Palácio real em estilo neo-barroco. Representa o rei Matias a caçar e Ilonka Szép, de beleza lendária dos falcões reais". E sobre a Igreja Matias, o que segue: "Foi construída como igreja principal do castelo, depois serviu  para a coroação. Durante a ocupação turca foi transformada em mesquita, sendo reconstruída entre 1874 e 1896 em estilo neo-gótico, segundo o projeto de Frigyes Schulek. É um lugar onde se realizam concertos de orquestra, corais e de órgão. A parte inferior da igreja funcionou como museu. Do alto, me chamou muita atenção o conjunto que abriga o Senado, às margens do Danúbio.
No alto da colina, a bela igreja Matias.

Depois de um breve descanso, percebi que nos fundos do hotel passava o rio Danúbio. Foi o que bastou para que eu me lançasse numa caminhada às suas margens e chegasse a uma das pontes mais famosas sobre o Danúbio, a ponte Szécheny Lánchid, uma ponte dos anos 1800. As pontes não são meramente funcionais à infraestrutura da cidade, são também verdadeiras obras de arte. Não é por nada que Budapeste é considerada como a Paris do leste. Logo após a ponte um dos mais imponentes conjuntos arquitetônicos da cidade, o Parlamento. Como já estava bem longe do hotel, tomei o caminho da volta. Como é fácil andar em cidades em que um rio é o seu centro divisor.
Uma pequena parte do imponente prédio do Parlamento.

A noite estava reservada para uma das grandes atrações. Um jantar tipicamente húngaro, com direito a danças magiares. Este jantar nos foi assim oferecido: "Saímos no ônibus com nosso guia rumo aos frondosos bosques de Budapeste. Cruzando entre charmosas e densas árvores, chegaremos a um de seus famosos e típicos restaurantes, onde poderemos desfrutar de uma degustação gastronômica típica local, resultado de uma larga evolução histórica da milenária cultura magiar de mais de 1000 anos de antiguidade. Também desfrutaremos de uma colorida demonstração de danças folclóricas de diferentes regiões do país". Foi uma das noites mais agradáveis deste tour.
Na recepção ao jantar. Uma bebida de abertura dos trabalhos.


Uma última observação. A guia local nos falava que não havia liberdade de imprensa no país, mas não fez maiores referências. Procurei no EL País e vi que a situação é bem pior do que eu imaginava. Vivem sob uma ditadura com poucos disfarces. Desde 2010 está no poder o grupo Fidesz - União Cívica Húngara, dominado pelo primeiro ministro Orban. Vi também que a legislação eleitoral em vigor, praticamente, impede qualquer tipo de mudança. Orban é, constantemente, chamado de fascista. O país pertence à União Europeia, à OTAN e à OCDE, mas ainda não reúne condições econômicas para aderir ao euro, a moeda comum. Os salários são baixos, os menores da região. O país recebe mais de dez milhões de turistas ano e Budapeste, com dois milhões de habitantes, é o principal atrativo. São considerados como um povo altivo e de pouca tradição democrática. Sua população está em torno de onze milhões de habitantes. O Florim é a sua moeda.

PS. Em 26.05.2020. Para quem quiser saber mais sobre a questão política da Hungria  e sobre Orban, recomendo a leitura de Os engenheiros do caos - como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições, de Giuliano Da Empoli. O capítulo cinco fala da Hungria - Um estranho casal em Budapeste. O casal é Orban e Finkelstein. Finkelstein é um dos "engenheiros do caos" e Orban é o ressentido ministro húngaro.




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