quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Jubiabá conta sobre Zumbi dos Palmares.

Jubiabá é personagem de Jorge Amado. Personagem que dá o título ao livro, - Jubiabá. Antônio Balduíno, o Baldo, é outro personagem do livro. Ainda é uma criança. A história se passa em Salvador. Antônio Balduíno ficara sozinho no mundo. Só tinha uma tia, a velha Luiza, que ficara louca. No dia da morte de sua tia, Jubiabá conta para o menino Baldo, a história de Zumbi dos Palmares, que era nome de rua no morro do Capa-Negro, onde o menino morava. A partir daquele dia Zumbi dos Palmares vira o ídolo de Baldo, que se tornará o grande heroi do livro. Mas vejamos  Jorge Amado contando a história, na voz de Jubiabá:
No livro Jubiabá Jorge Amado conta a história de Zumbi dos Palmares.

"Foi no dia do enterro da velha Luiza que Jubiabá para distraí-lo lhe contou, na volta do cemitério, a história de Zumbi dos Palmares.
-O nome daquela rua é Zumbi dos Palmares, não é?
-É, sim senhor...
-Você não sabe quem foi Zumbi?
-Eu não. - Balduíno vinha triste, pensando mais uma vez em fugir, e a princípio prestou pouca atenção à história, apesar de ser Jubiabá quem estava contando.
-Isso foi há um mundão de tempo... No tempo da escravidão do negro...
-Zumbi dos Palmares era um negro escravo. Negro escravo apanhava muito... Zumbi também apanhava. Mas lá na terra que ele tinha nascido ele não apanhava. Porque lá negro não era escravo, negro era livre, negro vivia no mato trabalhando e dançando.
-E por que vinham para cá? Balduíno já estava interessado...
-Os brancos iam lá buscar negro. Enganavam negro que era tolo, que nunca tinha visto branco e não sabia da maldade dele. Branco não tinha mais olho da piedade. Branco só queria dinheiro e pegava negro para ser escravo. Trazia negro e dava em negro com chicote. Foi assim com Zumbi dos Palmares. Mas ele era um negro valente e sabia mais que os outros. Um dia fugiu, juntou um bando de negro e ficou livre que nem na terra dele.Aí foi fugindo mais negro indo para junto de Zumbi. Foi ficando uma cidade grande, de negros. E os negros começaram a se vingar dos brancos. Então os brancos mandaram soldados para matar os negros fugidos. Mas soldado não se aguentava com os negros. Foi mais soldado. E os negros deram nos soldados.
Antônio Balduíno tinha os olhos abertos e tremia de entusiasmo.
-Aí foi um mundão de soldado mil vezes maior que o número de negros. Mas os negros não queriam mais ser escravos e quando viam que perdiam, Zumbi, pra não apanhar mais de homem branco, se jogou de um morro abaixo. E os negros todos se jogaram também... Zumbi dos Palmares era um negro valente e bom. Se naquele tempo tivesse vinte igual a ele, negro não tinha sido escravo...
Antônio Balduíno, naquele dia em que morrera sua tia, encontrou um amigo para substituir a velha Luiza no seu coração: Zumbi dos Palmares. Ele foi daí em diante o seu heroi predileto".
Ilustrações de Carybé para o livro de Jorge Amado.

Em outra passagem, Jorge Amado volta para a história de Zumbi dos Palmares. É lenda na Bahia que os herois mortos viram estrelas. De novo, os personagens são o pai de santo Jubiabá e Antônio Balduíno. Antônio Balduíno recorda do fato contado por Jubiabá, que é quem sabe das coisas de Zumbi: "Uma vez haviam lhe mostrado a estrela que Zumbi dos Palmares tinha virado. Mas ela não está brilhando aqui. Só brilha nos terreiros da Bahia, nas noites de macumba, quando os negros festejam Oxóssi, o deus da caça. Ele toma conta dos negros, brilha quando eles estão alegres, se apaga quando eles estão tristes. Teria sido o Gordo quem lhe contou aquela história? Não, foi pai Jubiabá, numa noite no cais. Se fosse o Gordo ele botaria um anjo na história. Pai Jubiabá é que sabia coisas de Zumbi dos Palmares e de outros negros grandes e valentes".

Uma história bonita, contada de maneira bem simples, que bem serve para ser mostrada para os nossos meninos e meninas nestes dias que antecedem e precedem o dia da Consciência Negra. 

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