Antes de abraçar a minha nova carreira profissional de administrador de tempo livre, fui professor na universidade Positivo ao longo de treze anos. Uma das coisas mais belas desta universidade é o seu campus. Este se situa num antigo haras e teve um belo planejamento paisagístico. Tem um belo lago e algo de preservação. Em particular, eu tinha uma forte preferência por uma árvore específica, da qual nem o nome sei. Sempre me identifiquei muito com ela. Eu me sentia igual a ela, em muitas oportunidades. Ela se transfigurava completamente. De árvore de aparência totalmente morta, ela renascia com o todo o esplendor do seu verde brilhante. Também tinha o seu tempo cinza. Se eu fosse fotógrafo, ela seria objeto de um ensaio fotográfico. Nem todos viam esta árvore.
Assim como eu tenho os diferentes momentos em minha vida, aqui estão dois momentos da minha árvore preferida do campus da universidade Positivo.
Lembro das aulas de geografia, das árvores de folhas caducas. Agora leio sobre elas. São aquelas que perdem, a cada ano, todas as suas folhas, para, em seguida, receberem uma folhagem totalmente nova. A minha árvore preferida, do campus da universidade é uma árvores destas. No início de cada inverno de suas vidas, perdem totalmente as suas folhas e recebem a aparência de estarem totalmente mortas, para nos meses seguintes voltarem à vida, com muito esplendor. Creio que é fácil estabelecer relações e comparações.
Recentemente, por maravilhas do facebook, reencontrei o meu compadre em São Paulo e fui visitá-lo. A sua esposa me falou das cerejeiras de Curitiba e da sua florada, manifestando o desejo de ver esta florada. Confesso a minha cegueira. A gente raramente tem olhos para as coisas que nos são próximas, mesmo sendo elas muito belas. O olhar fica turvado pela contaminação da mesmice do cotidiano e isto nos torna cegos para o diferente. Voltando a Curitiba e, com os olhos bem abertos, fui ver as cerejeiras. Pareciam árvores mortas. Observando no detalhe, já havia botões, prenunciado as flores. Tomei informações. A florada ocorre em meados de julho e é muito rápida. Ela dura apenas uns 15 dias. Esta semana vi a florada em sua plenitude, primeiro na Praça do Japão e depois no Jardim Botânico.
As cerejeiras floridas, da entrada do Jardim Botânico, em Curitiba.
As cerejeiras floridas, da entrada do Jardim Botânico, em Curitiba.
Como o meu compadre não podia vir, postei algumas fotografias. Lendo sobre as cerejeiras japonesas, consegui enquadrá-las entre as tais das árvores de folhas caducas. O fato da existência de sua transfiguração anual facilmente se presta a belas e ricas simbolizações. A mais bonita é a de um velho samurai, ela é nativa do Japão e de suas adjacências, que, já velho e enfraquecido, se recusava a morrer, enquanto a cerejeira não florisse ao menos mais uma vez. Quando ela atendeu o seu desejo, ele praticou o harakiri. Mas a árvore voltou a florescer a cada ano.
A beleza da flor, bem próxima da lente. Jardim Botânico de Curitiba.
No Japão as cerejeiras simbolizam uma deusa, Konohana Sakuya Hime, que mora no monte Fuji e que lhe impede novas erupções. A sua florada anuncia o fim dos rigores do inverno e ela também é invocada na proteção das colheitas. Suas folhas são secadas e servidas como chá em cerimônias de casamento, simbolizando a felicidade dos noivos. A sua florada anuncia muita luz e alegria ao final do inverno. Como o Brasil tem uma forte influência japonesa em sua colonização e especialmente aqui no Paraná, seus imigrantes trouxeram, junto com os seus poucos pertences, mudas desta árvore para os fortalecerem da aspereza e das dores do trânsito da imigração. Estas cerejeiras estão no Paraná há mais de 80 anos. São encontradas em várias ruas da cidade, na Praça do Japão e em maior quantidade, na entrada do Jardim Botânico.
As placas indicam a presença de dois tipos de cerejeira, no Jardim Botânico. A flor da primeira é mais viva e um pouco maior.
Olhar a sua florada tem ainda a forte significação da renovação, renovação da vida, especialmente. Conta-se que as primeiras mudas, teriam sido um presente do imperador do Japão e por ele pessoalmente trazidas. Isto é uma demonstração de sua força na cultura japonesa. A sua cor varia das tonalidades branca para um rosa mais acentuado. O seu culto junta milhares de pessoas no Japão. Aqui em Curitiba, percebi a presença de alguns perdidos fotógrafos. Hoje o horto florestal da prefeitura de Curitiba produz mudas. A sua fruta não é a cereja que conhecemos, aquela que enfeita bolos e, mais, as de Curitiba não chegam a produzir frutos. Nesta época também ocorre a florada dos ipês roxos, com flores muito semelhantes. As árvores são maiores. Também a florada dos pessegueiros é bastante semelhante.
Como dá dó de ir embora de um lugar de tanta beleza, o jeito é tirar uma última fotografia.
Se quiser oferecer um colírio natural aos seus olhos e quiser refletir um pouco sobre a beleza dos seus significados, o tempo é agora, pois, como vimos, a sua florada não demora mais do que quinze dias. Neste final de semana, deve ser uma das datas mais propícias para vê-las na plenitude de sua beleza.
A beleza da flor, bem próxima da lente. Jardim Botânico de Curitiba.
No Japão as cerejeiras simbolizam uma deusa, Konohana Sakuya Hime, que mora no monte Fuji e que lhe impede novas erupções. A sua florada anuncia o fim dos rigores do inverno e ela também é invocada na proteção das colheitas. Suas folhas são secadas e servidas como chá em cerimônias de casamento, simbolizando a felicidade dos noivos. A sua florada anuncia muita luz e alegria ao final do inverno. Como o Brasil tem uma forte influência japonesa em sua colonização e especialmente aqui no Paraná, seus imigrantes trouxeram, junto com os seus poucos pertences, mudas desta árvore para os fortalecerem da aspereza e das dores do trânsito da imigração. Estas cerejeiras estão no Paraná há mais de 80 anos. São encontradas em várias ruas da cidade, na Praça do Japão e em maior quantidade, na entrada do Jardim Botânico.
As placas indicam a presença de dois tipos de cerejeira, no Jardim Botânico. A flor da primeira é mais viva e um pouco maior.
Olhar a sua florada tem ainda a forte significação da renovação, renovação da vida, especialmente. Conta-se que as primeiras mudas, teriam sido um presente do imperador do Japão e por ele pessoalmente trazidas. Isto é uma demonstração de sua força na cultura japonesa. A sua cor varia das tonalidades branca para um rosa mais acentuado. O seu culto junta milhares de pessoas no Japão. Aqui em Curitiba, percebi a presença de alguns perdidos fotógrafos. Hoje o horto florestal da prefeitura de Curitiba produz mudas. A sua fruta não é a cereja que conhecemos, aquela que enfeita bolos e, mais, as de Curitiba não chegam a produzir frutos. Nesta época também ocorre a florada dos ipês roxos, com flores muito semelhantes. As árvores são maiores. Também a florada dos pessegueiros é bastante semelhante.
Como dá dó de ir embora de um lugar de tanta beleza, o jeito é tirar uma última fotografia.
Se quiser oferecer um colírio natural aos seus olhos e quiser refletir um pouco sobre a beleza dos seus significados, o tempo é agora, pois, como vimos, a sua florada não demora mais do que quinze dias. Neste final de semana, deve ser uma das datas mais propícias para vê-las na plenitude de sua beleza.
https://grameiraesmeraldas.com/
ResponderExcluirOba. Já sabemos onde tem.
ExcluirHelena Calzolari .Tive a honra de ter sido tua colega em Umuarama
ResponderExcluirOi Helena. A honra foi minha. Que bons tempos, que para mim foram belos tempos de aprendizado. Agradeço a sua manifestação. Um abraço.
Excluir