sexta-feira, 15 de maio de 2015

Aracaju. Um pouco de história e beleza.

Nos anos 1990, estando no mercado municipal de Aracaju, observando o enorme movimento de compras, manifestei para uma das vendedoras, a minha ótima impressão sobre a cidade e o seu povo. A resposta foi imediata: "então, porque o moço não muda para cá". Essa imagem calou fundo em minha mente, tanto assim que a preservo até hoje. Em outras conversas apenas confirmei esta grande amabilidade do povo dessa cidade. Hoje, praticamente 20 anos depois, muito dessa cordialidade, apesar das modernidades, ainda se preserva.
O mercado de hortifrutigranjeiros, carnes e pescados. Algo bem sergipano.

Aracaju é uma cidade moderna e planejada. Foi fundada em 1885 para ser a capital do estado, que seria transferida da histórica cidade de São Cristóvão, não sem polêmicas, como nos atesta a história do João Bebe-Água, que contaremos em outro post. Assim como o nome Sergipe está ligada ao siri, abundante nos dois rios que banham a cidade, o Sergipe e o Poxim, assim também o nome de Aracaju está ligado a dois fatores ligados à cidade, a arara e o caju, ficando assim a cidade conhecida como o cajueiro das araras.
O jenipapo, no mercado de Aracaju. Dessa fruta se extrai o famoso licor.

Aracaju faz propaganda de sua qualidade de vida. O seu IDH, de 0,770 é o mais elevado de uma cidade nordestina. Esse IDH provém da riqueza do estado, riquezas de sua agricultura, de seus recursos naturais (petróleo e potássio) e de seu potencial turístico, além da preocupação com os seus parques para caminhadas e jogos. A cidade se movimenta. Chama atenção a orla de Atalaia, toda entremeada de quadras poliesportivas. Esse elevado IDH deve vir em detrimento do interior, uma vez que o estado de Sergipe ocupa apenas a vigésima posição entre os estados brasileiros, perdendo para outros estados do nordeste, como Pernambuco, Ceará e o Rio Grande do Norte.
Um dos símbolos da Orla de Atalaia. Quadras poliesportivas e a qualidade de vida.

Do ponto de vista turístico a cidade pode ser dividida em duas partes, a parte histórica em torno de seu centro e da colina de Santo Antônio e a parte nova, da orla de Atalaia. Especificamente o seu centro gravita em torno dos poderes estabelecidos. A começar pela ponte do imperador, um ancoradouro construído em 1860, para receber a visita de D. Pedro II ao estado. Nas proximidades encontram-se as sedes dos três poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário. Todos eles se afunilam diante de um outro poder, que é o poder religioso, expresso por uma bela catedral, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Ainda nas proximidades se encontra outro poder, o mais cruel e opressor de todos, que é o poder financeiro, representado pelos bancos.
A ponte do imperador. O ancoradouro construído em 1860 para receber D. Pedro II.


Próximo ao centro se localizam os famosos mercados da cidade. O mais importante é o de hortifrutigranjeiros, carnes e peixes. É impressionante a variedade de produtos. Me chamou a atenção para a grande quantidade de quiabo, do inhame e da macaxeira, esses dois últimos, presentes até no café da manhã. Das frutas, eu não conhecia a mangaba e o jenipapo. Impressiona a forma da comercialização das carnes e dos peixes. O mercado é o grande local de abastecimento da cidade.
O centro de informações turísticas, dentro do mercado de artesanato e ervas medicinais.


Os outros mercados são destinados ao artesanato, às ervas medicinais e à alimentação. O artesanato é variado, retratando o cotidiano do nordeste. Muito caranguejo e caju. Já na parte das ervas, não existem males que não sejam por elas curados. Já a parte dos restaurantes, no meu modo de ver, deixam bastante a desejar. Os bons restaurantes estão na orla de Atalaia. O mesmo pode ser dito com relação ao artesanato. Eu preferi as lojinhas da orla, especialmente as da Feira do Turista, onde inclusive, adquiri duas cachaças sergipanas para a minha coleção. Uma Xingó e outra Engenho Lyra. Mas as compras maiores, eu fiz mesmo, no shopping da foz do rio São Francisco. Lá você compra a imagem do santo, a mergulha nas suas águas místicas e faz três agradecimentos e três pedidos.
Fantástico. O encontro das águas do rio São Francisco com o mar.


Não muito distante está a colina de Santo Antônio. Ela se destaca por sua história e por ser um ponto elevado em uma cidade absolutamente plana. Do alto, a visão panorâmica da cidade. Nas proximidades você vê a ponte estaiada, que liga a cidade à Barra dos Coqueiros, cidade ainda pequena (27.000 habitantes) mas em franca expansão. nela fica o porto do Sergipe e está sendo implantado o condomínio de luxo do Alphaville. Na Barra dos Coqueiros também se localiza a Atalaia Nova. Imperdível mesmo, também não tão distante do centro, é o Museu da Gente Sergipana. Ele é totalmente interativo e reproduz a cultura do estado. O curador do museu é o mesmo do Museu da Língua Portuguesa de São Paulo.
Uma vista da Orla de Atalaia. O caju onipresente e que deu o nome para a cidade.


Mas o charme mesmo de Aracaju está na orla de Atalaia. Ali está a praia e o grande complexo turístico. Ali estão os hotéis e restaurantes, as feiras de artesanato e a pouca vida noturna da cidade, como também as agências de turismo. A orla também tem as quadras poliesportivas e duas belíssimas homenagens em esculturas de bronze. Num local são escolhidos 10 construtores da pátria brasileira e, em outra, são homenageados vultos do estado.  São escolhas e, como tal, são passíveis de contestação.

Entre os vultos da pátria os escolhidos foram: JK, Getúlio Vargas, José Bonifácio, Duque de Caxias, Princesa Isabel, Joaquim Nabuco, D. Pedro II, Zumbi e Tiradentes. Já entre os vultos do estado figuram as estátuas que representam Tobias Barreto de Menezes, Horácio Hora, José Calazans Brandão da Silva, Manoel José Bonfin (o autor de América Latina - Males de Origem, escrito em 1905), Gilberto Amado, Maurício Gracho Cardoso, Sílvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero, Jackson de Figueiredo Martins, João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes e Gumercindo de Araújo Pessoa.
Entre os homenageados sergipanos na orla de Atalaia, Manoel Bonfim, o meu preferido.


Ainda na orla de Atalaia está o oceanário, do projeto Tamar. E para os turistas que se hospedam na orla, uma dica importante. Para ir ao centro da cidade e aos mercados públicos se pega o ônibus da linha 08. E por falar em transporte público, existe a passagem integrada para os ônibus de Aracaju e da grande Aracaju a um custo de R$ 2,70. A integração ocorre em terminais (Lá não tem um governador que a desintegrou, como aqui no Paraná). Também existem pontos para bicicletas públicas. Como a cidade é plana este modal de transporte tem grandes possibilidades. O trânsito é pesado e carece de viadutos que o desafoguem. A população é de 614 mil habitantes, acrescidos de 170 mil de Nossa Senhora do Socorro, de 84 mil de São Cristóvão e de quase 30 mil da Barra dos Coqueiros, cidades que formam a grande Aracaju.




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