domingo, 31 de julho de 2016

Viagem a Cuba. 3. Um dia em Habana Vieja.

Em minhas viagens adoro, logo de saída, fazer um city tour. O motivo é o de ter um conhecimento básico da cidade e depois voltar a visitar os lugares que mais impressionaram. Como o dia anterior fora marcado por intensas atividades, marcamos um dia inteiro para andar a esmo em Habana Vieja, o lugar onde Havana começou. Um mergulho na história mais antiga da cidade. As atrações são muitas.
Um mapa que mostra Habana Vieja e o seu esquema de proteção.


Cuba, como todos sabem, é uma ilha relativamente grande e a sua posição estratégica em termos de geopolítica é extraordinária. Ela é a porta de entrada de todo o Golfo do México. Cuba foi descoberta por Cristóvão Colombo em 1492 e tem uma história política complicada. Domínio espanhol e norte americano. A data de 1898 marca a sua independência da Espanha, mas aí começa a dependência dos Estados Unidos. Eles mesmos chamam este período de neocolonial. Assim a verdadeira data de independência do país é a de sua Revolução ocorrida no primeiro de janeiro de 1959. Isso me foi confirmado por várias pessoas.

A sua história política se divide entre Havana e Santiago de Cuba, que foi a primeira capital do país e sempre foi extremamente importante do ponto de vista político. Inclusive a Revolução foi uma grande marcha de Santiago de Cuba em direção a Havana. Sua população é de 11,3 milhões de habitantes e os seus indicadores sociais estão entre os mais elevados do mundo. Pudemos constatar que praticamente todos os problemas de educação, saúde e segurança pública estão superados. A sua medicina preventiva é famosa em todo o mundo. Ela se volta para a saúde e não para a doença. O país é marcado pela quase ausência de farmácias. Não existe o fenômeno da automedicação.
Uma marca da religiosidade dos tempos coloniais. Uma bela catedral dedicada a San Cristobal.


Mas voltando a Habana Vieja, ele é o grande bairro histórico de Havana e é nele que se concentra toda a história mais antiga da cidade. O bairro tem no turismo a sua grande vocação. O guia da Folha de S.Paulo lista as seguintes atrações: os museus de arte colonial, do rum e a casa natal de José Martí, o grande líder e mártir das guerras da independência; as construções históricas do seminário de San Carlos, da Bodeguita del Medio, do Castilho da Real Fuerza, do Templete, do Palácio de Los Capitanes Generales; das praças e de suas ruas históricas como a caje de oficios, a caje Obispo, a Casa de la Obra Pia, de África e as Plazas de San Francisco e a Vieja e ainda a bela catedral de San Cristobal. 
Eu e o meu amigo Valdemar tomando um mojito na Bodeguita del Medio. Observem o copo longo.


Três endereços ganharam fama pela constante presença de Ernest Hemingway na cidade. O hotel Ambos Mundos onde ele se hospedava, a Bodeguita del Medio, onde tomava os seus mojitos (hortelã, gotas de limão, água com gás, açúcar, rum e muito gelo - servido em copo longo) e a Floridita, um outro bar, situado na rua Obispo a mais ou menos um quilômetro de distância da Bodeguita del Medio, onde tomava o daikiri (açúcar, suco de limão, rum e gelo batido em liquidificador e servido em copo curto). fiquei imaginando o escritor fazendo a sua via, que não devia ser a crucis, pelas ruas do bairro. Os drinks são centenários e recebem variações. São drinks adaptados ao imenso calor que faz na cidade.
Endereço famoso em Habana Vieja. Aí se hospedava Hemingway.


As nossas visitas se concentraram na catedral, em vários museus, com destaque para o Palacio de Los Capitanes Generales, que era o grande centro administrativo da Cuba colonial e é hoje o Museu da cidade. Ali se vê a história de Havana em todo o seu fausto e esplendor. Visitamos ainda um CDR, um Centro de Defesa da Revolução, centrod que se multiplicam pelo país, prontos para rechaçar qualquer tentativa de invasão americana. Eles estão em cada cidade, em cada bairro e em cada aldeia. Uma invasão causaria milhares de mortes e a sua repercussão já se transformaria em instrumento de defesa.

Visitamos também lojas de artesanato. Este é formado por instrumentos musicais, especialmente de percussão, por pinturas dos casarões e carros antigos, pela presença de José Martí e dos líderes da Revolução, camisetas estampadas com o Chê e outras tantas quinquilharias. Como sou um homem extremamente fiel ao vinho e a cerveja, os drinks foram apreciados apenas matar a curiosidade e para a fotografia. Também visitamos lojas que vendem o rum e os charutos. Um rum de sete anos já é uma preciosidade. A marca mais conhecida é o Havana Club, seguida pela Santiago de Cuba. Quanto aos charutos apenas um rápido olhar curioso. Sou fumofóbico. Eles são incrivelmente caros. e é necessário muito cuidado na sua compra. Não caia na conversa de vendedores de ditas cooperativas, de vendedores que vendem cotas de participação e outros truques.
Rum Havana Club sete años e Santiago de Cuba Añejo, também sete anos.

Os preços do rum são absolutamente iguais, não importando o lugar onde são vendidos, desde os grandes hotéis internacionais ou em simples mercados. Uma garrafa de rum sete anos é invariavelmente encontrada a 16,90 CUC. A grande marca de charutos é a Cohiba, seguida pela Montecristo. Também existem muitas livrarias e quatro praças, que visitamos no dia do city tour, a praça da catedral, a praça de armas, a São Francisco e a Vieja. O Templete está em restauração.

Muitas casas estão para serem restauradas. As ruas são bastante estreitas. As casas não restauradas dão ao bairro um ar bem nostálgico e bucólico. Muitas destas casas já tem os quartos que abrigam os turistas. Se você gosta de agito, Habana Vieja é o lugar ideal para você se hospedar. De tudo o que eu li sobre a hospedagem, havia a recomendação para não se hospedar no bairro por causa do assédio aos turistas. Devo dizer que ele existe. Mas apenas quem não conhece Salvador pode dizer que este assédio incomoda. Ele não é nada grotesco, perfeitamente suportável.
Das fortalezas, uma vista de Habana Vieja.

Enfim, um dia maravilhoso e de muita história. E já com saudades deste belo e histórico lugar. Depois da Revolução a cidade foi migrando para Habana Centro e para o Vedado. Habana Vieja sempre foi a parte mais protegida da cidade nos tempos coloniais.


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