segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Viagem a Cuba. 4. Centro Habana e Prado.

Centro Habana é o bairro situado entre o vedado e a Habana Vieja. É um bairro cheio de atrações turísticas e históricas. Ali o guia da Folha indica como atrações o Hotel Inglaterra, o Capitólio, a Real Fábrica de Tabacos Partagás, o Parque de la Fraternidad, o Paseo del Prado, os muros da cidade, o bairro chinês, o Gran Teatro de La Habana, que é o Teatro Alícia Alonso, as igrejas de Angel Custodio e do Sagrado Coração e o memorável Museo de la Revolución, junto com o memorial Granma.
Com Valdemar Reinert prontos para a visita ao museu. Um dos pontos altos da viagem. Uma incursão pela história cubana.

Iniciamos o passeio pelo Museo de La Revolución. O ingresso tem um custo de 8 CUC, muito bem gastos. É um mergulho na história de Cuba. Ele se divide em duas partes, que conforme nos indica o nome, o antes e o depois da Revolução. Para entender bem a Revolução cubana é necessário conhecer um pouco de sua história.  Esta se divide em três partes que são o período colonial, o neocolonial e o pós Revolução. 

O período colonial é delimitado pelas datas do descobrimento (1492) e a independência da Espanha, em 1898. Como veem, uma independência tardia. Foi imediatamente seguida por uma dominação direta dos Estados Unidos que durou até 1902 e da qual nunca se libertaram completamente antes da Revolução de 1959. A presença da base naval de Guantânamo - e os horríveis presídios ali construídos, tem a sua origem neste período. Em 1959 ocorreu a Revolução, que foi extremamente sangrenta e inimaginável de triunfar se não tivesse havido o enorme apoio popular. Cuba era um quintal dos americanos ricos. Os palacetes do bairro Vedado são um dos claros sinais deste período.
Homenagem aos guerrilheiros da Revolução.

A Revolução Cubana ganhou forma e expressão no dia 26 de julho de 1953, quando os revolucionários tentaram tomar o quartel de Moncada, localizado em Santiago de Cuba. Queriam tomar esta importante fortaleza, um grande instrumento de poder do ditador Fulgêncio Batista. A invasão fracassou e Fidel foi condenado a 15 anos de prisão. Depois, na qualidade de advogado pronunciou a sua autodefesa e foi anistiado, se exilando no México. A sua autodefesa ficou conhecida pela sua frase final: "A história me absolverá". No exílio mexicano reorganizam a Revolução. É neste momento que se integra ao grupo o jovem médico argentino Ernesto Chê Guevara, por mediação de Raul Castro.

Voltam para Cuba na epopeia do iate Granma. Chegarem a Cuba sem naufragarem ou sem serem interceptados parecia impossível. Foram 82 pessoas no barco, em vez de 12, capacidade para a qual o barco fora construído, peso três vezes acima do permitido, pouco combustível, pouca comida e tempestades no mar. O barco foi flagrado pelo governo cubano e o seu aportar foi trágico. Apenas 20 sobreviveram. Este desembarque iniciou o movimento de guerrilhas, deflagradas a partir do oriente, a partir da cidade de Santiago de Cuba.
Um itinerário da Revolução. De Santiago de Cuba até Havana.


Aí começou a guerra de guerrilhas da famosa Sierra Maestra e o avanço para Havana. Importante passo para isso ocorreu na cidade de Santa Clara, quando Chê e Camilo Cienfuegos descarrilaram um trem lotado de soldados de elite e de munições para abastecer a resistência de Batista em Santiago de Cuba. Santa Clara tem hoje um mausoléu verdadeiramente digno para o grande e corajoso comandante. Lá estão os seus restos mortais, junto com os companheiros mortos em Higuera, na Bolívia em 1967.

Depois disso a Revolução praticamente triunfara. Fidel ordena a ocupação de Havana, enquanto, covardemente, o ditador Batista fugia do país, no rumo da República Dominicana. Era o dia primeiro de janeiro. A Revolução triunfara. Tudo isso é mostrado no Museu da Revolução, em sua primeira parte. Mas tem ainda uma segunda parte, que é marcada pela consolidação, pelas dificuldades impostas ao povo cubano pelo governo americano, com a invasão de Girón, pelo Bloqueio Econômico, por interceptações aéreas e outras atrocidades inimagináveis. Também estão as realizações na área de saúde e educação, com destaque para a campanha de erradicação do analfabetismo. Junto ao museu está o memorial Granma.
Hasta la vitória siempre. Patria o Muerte. A despedida de Chê de Fidel - no rumo de novas revoluções.


Procuramos almoçar no restaurante Nardos, uma atração turística a parte. Não tivemos a coragem de enfrentar a fila. Mas no caminho estavam as outras grandes atrações do bairro, todas entre as maiores, como o Prado, uma enorme Rambla que, não sei porque, me fez lembrar a Rambla de Barcelona, sem os seus quiosques e o seu movimento de pessoas, obviamente. Mas a rua é um luxo só.

Do Prado já se avistam três outras grandes atrações. O Capitólio, que imita o de Washington e toma todo o cenário da cidade. Hoje está em restauração, com promessa de reinauguração em dezembro, para abrigar a sede do parlamento cubano. Próximo está também o Gran Teatro de La Habana, do qual falarei mais adiante. Ele está aberto para visitas aos sábados e domingos. Ele também é conhecido pelo nome de Teatro Alícia Alonso. Junto ainda está o Hotel Inglaterra, um dos grandes hotéis da cidade. Representa a arte moura, trazida da cidade de Sevilha. A vista noturna do Teatro Alícia Alonso é simplesmente fantástica.
Vista noturna do Teatro Alícia Alonso. Ao fundo o Capitólio.


Sobraram ainda algumas conversas com Mercedes, a dona da segunda pousada familiar onde ficamos. Ela é médica e tem também cidadania espanhola, já tendo trabalhado na cidade de Vigo. Tem uma filha estudando medicina em Miami.
Rincon de los cretinos no Museu da Revolução.


Embora o post esteja ficando meio longo não posso encerrá-lo sem fazer a referência ao Rincon de los cretinos no Museu da Revolução. Lá figuram quatro pessoas devidamente homenageadas. O primeiro é o ditador Fulgêncio Batista, acompanhado dos seguintes dizeres: Gracias cretino por ayudarnos A HACER LA REVOÇUCIÓN, o segundo é Ronald Reagan, com a seguinte homenagem: Gracias cretino por ayudarnos A FORTALECER LA REVOLUCIÓN, o terceiro é George Bush Sr., agraciado pela frase, Gracias cretino por ayudarnos A CONSOLIDAR LA REVOLUCIÓN  e o último homenageado é W. Bush, que aparece na caricatura com um livro de cabeça para baixo e com a seguinte homenagem: Gracias cretino por ayudarnos A HACER IRREVOCABLE EL SOCIALISMO. As frases, além do espanhol, aparecem também em inglês e francês. Uma justa homenagem.


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