quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Viagem a Cuba. 7. Santa Clara, Cienfuegos e Trinidad.

Na nossa ida à agência de turismo do governo cubano no interior do hotel Meliã Cohiba, não hesitamos em comprar um pacote de dois dias, com um pernoite, para as cidades de Santa Clara, Cienfuegos e Trinidad. As motivações foram múltiplas, mas em primeiro lugar estava a visita a Santa Clara, onde está o memorial que homenageia Che Guevara e os mortos de La Higuera, na Bolívia, em 1967. Quanto a Cienfuegos e Trinidad, as duas cidades são Patrimônio Cultural da Humanidade. O custo do passeio foi de cento e trinta CUC, ou euros.
Mausoléu e monumento em homenagem a Che, em Santa Clara.

Às 7h00 em ponto o ônibus encostou no hotel. A viagem seria longa. O primeiro destino seria Santa Clara, distante de Havana, quase 300 quilômetros. Ali visitamos o que se chama de Conjunto Escultório Comandante Ernesto Che Guevara. Muita emoção nos aguardava. A praça é enorme e cheia de significados. Ali existe o monumento inaugurado no dia 28 de dezembro de 1988. Nele o Che aparece com o braço enfaixado, lembrando o fato ocorrido no mesmo 28 de dezembro de 1958, 30 anos antes, quando toma a cidade, mesmo com o braço ferido, junto com 300 homens que enfrentaram cerca de 3.000 soldados de Batista. Além do monumento existe outro, o Trem Blindado, lembrando o episódio em que Che descarrilou o trem que conduzia soldados e armas para Santiago de Cuba, para fortalecer a defesa do ditador Batista. Lembrando que a data da vitória da Revolução foi no dia primeiro de janeiro de 1959, às vésperas, portanto.
Uma vista mais panorâmica do monumento do Che.

No museu está o relato da vida de Che, pertences seus e muitas fotografias históricas. As fotos são do tempo da guerrilha e do depois da Revolução, com destaques para o seu pronunciamento na ONU, a sua participação da Conferência de Punta del Este e para nós brasileiros a sua condecoração pelo presidente Jânio Quadros. Mas a emoção maior está reservada para, ao final do museu, visitar os túmulos de Che e dos companheiros mortos em La Higuera, a mando da Cia.. Chamas e flores dão um significado profundo ao místico local.

Depois da visita ao museu e ao túmulo fomos ver o monumento, já apressados pelos demais passageiros do ônibus. Vou pedir licença para cometer um pleonasmo: o monumento é monumental. Enorme e digno da grande pessoa homenageada. Apenas tivemos tempo para algumas fotos. Esta é a grande desvantagem dos pacotes fechados, que delimitam demais o tempo. Teríamos necessidade de, no mínimo, mais uma hora para contemplar e metabolizar todo o significado deste lugar. Também não chegamos nem sequer a entrar na cidade. Uma lástima. Santa Clara tem em torno de 220.000 habitantes.
 Fachada do teatro, construído pelo escravocrata Tomas Terry, em Cienfuegos.


O destino agora seria Cienfuegos. O nome se deve a um governador geral de Cuba, no período colonial. O fato de ser Patrimônio Cultural da Humanidade se deve ao bom estado de conservação de seus prédios históricos, com destaque especial para o Teatro Tomás Terry, construído nos anos de 1886/89, atendendo ao ultimo desejo do homem que dá nome ao teatro, um homem enriquecido com a produção do açúcar e pelo comércio de escravos. Um pouco de diversão para o povo como compensação pelo sofrimento de uma vida toda. Também a catedral e o prédio da administração pública ganham destaque. Na praça tem até um pequeno arco do triunfo.

Almoçamos num clube da cidade. Um almoço irretocável, com direito a caranguejo e camarão ao bafo. Cienfuegos é importante centro regional e conta com uma população em torno de 150.000 habitantes. Tem mar por todos os lados. O nosso caminho seguia até a bela cidade de Trinidad, que tem todo o seu centro histórico como Patrimônio Cultural da Humanidade. É uma cidade bem antiga, fundada em 1514,  que em tudo lembra a cidade de Paraty (R.J.). Assim como Paraty, ela ficou isolada por mais de cem anos.  Ali se toma um drink muito especial, chamado de Canchánchara.
Só para ver a semelhança com Paraty. Uma rua em Trinidad.

Fizemos uma parada na casa de um oleiro ou ceramista que valeu muito a pena. Um senhor nos mostrou toda a sua arte, na qual ele trabalha já por 70 anos. Começou o seu ofício aos quatro anos de idade. Nos mostrou toda a sua habilidade. Aproveitei para comprar algumas lembrancinhas básicas. Daí, a pé, nos aventuramos pela ruas estreitas da cidade, chegando até as escadarias em frente a catedral e passando pelas muitas lojas de artesanato, até tomarmos o famoso drink, incluído no pacote.
Da Canchánchara dou até a receita.

De Trinidad seguimos para uma região montanhosa, onde antigamente havia muitos sanatórios onde as pessoas vinham para se curar da tuberculose. Nos hospedamos num hotel bem antigo mas em ótimo estado. Um clima de montanha maravilhoso. Mas o dia reservava grandes surpresas. As 9h00 um caminhão de campanha já estava a nossa espera. Com ele andamos por meia hora para, a seguir, fazer uma trilha por umas três horas, em meio a floresta na montanha. Pela trilha, uma guia nos falava das plantas, das árvores, das aves e de seus símbolos.
Na trilha pelo parque Guayanara encontramos esta bela cachoeira.

Assim nos falou do café, que é exportado para o Japão e adubado com as vagens dos ingazeiros, nos falava das pequenas plantas e de suas propriedades medicinais, como a dormideira, da goiabeira e de muitas outras. Nos falava da mariposa, da palmeira e do Tocorero, respectivamente a flor, a árvore e o pássaro, símbolos nacionais de Cuba. Consegui até fotografar um belo Tocorero. A flor da mariposa era usada como esconderijo para mensagens pelos herois da independência. Belas cachoeiras e piscinas naturais também estavam em nosso caminho. Ao final nos aguardava um drink e até uma bucanero (uma ótima cerveja) que estava incluída no preço da refeição. Foram dois dias que jamais eu imaginara e que se tornaram absolutamente inesquecíveis.
A vista de um Tucurero, a ave nacional de Cuba.

A partir daí nos restava o caminho da volta. Este pacote deixo para os que forem a Cuba, com a recomendação de atração imperdível e impagável. Como natureza Cuba também é mais do que bela. Que paisagens! E ir a Cuba e não homenagear o Che, certamente deixará  na sua viagem uma lacuna imperdoável.





2 comentários:

  1. Estou adorando ler seus comentários. Fiz uma viagem fantástica a Cuba há alguns anos, em que ficamos em Havana mas alugamos um carro e fomos para o interior conhecer Santa Clara, Trinidad, Remedios.
    A sensação de Paraty em Trinidad é de todo mundo, acho...
    :)

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  2. Oi Renata. Que bom que estás gostando dos meus relatos de viagem. Esta viagem para o interior foi das melhores coisas que fizemos em Cuba. Trinidad é excepcionalmente bonita e festiva.

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