quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Na cidade do Panamá. Por causa de um overbooking.

A nossa viagem para Cuba foi pela Copa Airlines, com conexão na cidade do Panamá. Não existem voos entre cidades brasileiras e Havana. A Copa é uma empresa panamenha. Quando fizemos o check in em Havana, a nossa passagem não estava com assento numerado. Veio com a sigla do stand by. O embarque seria às 12h30. Não embarcamos. Aí nos comunicaram o fato do overbooking. Embarcaríamos no voo das 18h30 e como compensação receberíamos $10,00 de lanche e $400,00 em voos. Um cala boca, para evitar discussões maiores no aeroporto. Os $10,00 dólares pagariam apenas dois cafezinhos. E os voos ofertados ficariam para as calendas gregas. O Valdemar que é advogado tomará as providências.
O altar dourado da bela igreja na cidade do Panamá.

Muito li sobre as conexões no Panamá. Muitos voos tem conexões com esperas mais longas e as pessoas aproveitam para um tour pela cidade e pelo seu famoso canal. Mas havia também muitas advertências sobre os problemas de trânsito na cidade, especialmente na região do canal. Valdemar é corajoso e a Regina nos garantiu que com o Valdemar tudo dá certo. E lá fomos nós.

Na imigração nos alertaram para o problema. Teríamos que ter no mínimo seis horas à disposição, mas não impediram a nossa saída. Por cem dólares alugamos um táxi e já lhe colocamos o nosso problema, do horário da volta. Começamos a visita pela cidade moderna e pelo seu centro histórico, com uma parada na igreja que tem o seu altar todo revestido em ouro. O Panamá é um país relativamente novo e, em consequência, não tem tantas atrações históricas, embora a presença dos colonizadores, já no século XVI.
Marco Aurélio, eu Valdemar e Regina no Canal do Panamá, a parte do Atlântico.

O taxista nos contava um pouco da história de seu país, nos falava da nova e moderna cidade, que contemplávamos, até entrarmos no seu centro histórico. Foi a primeira vez que entrei em contato com uma cidade às margens do Oceano Pacífico. A maré estava bem baixa e, na volta, a paisagem já estava alterada, com a maré em alta. Também nos contava alguma coisa sobre o canal, agora totalmente administrado pelo governo panamenho.  Também houve uma ligeira abordagem do caso Panamá Papers. Não iríamos ali abrir uma empresa.

O Panamá se tornou independente em 1903, da Colômbia. A causa foi a abertura do canal, que já estava em construção, mas a obra fora abandonada. O canal começou a ser construído em 1880, com capital majoritariamente francês. A concepção do projeto foi de Ferdinand Lesseps, o mesmo do Canal de Suez. As obras foram interrompidas em 1889 e abandonadas em 1898 por falência da empresa de Lesseps e pelas inúmeras mortes causadas pela febre amarela e pela malária.
Uma vista que dá a entender o mecanismo do Canal do Panamá.

No início de 1903 os Estados Unidos entram no cenário. Assinam com o governo da Colômbia o Tratado de Hay Harran, mas o Senado colombiano não o ratifica. Já em novembro o processo da independência do Panamá estava concluído, com o reconhecimento imediato dos Estados Unidos. A Colômbia o fará apenas em 1921. Em 1904 recomeça a construção do canal e a inauguração ocorrerá em agosto de 1914. Pelas cláusulas o domínio dos Estados Unidos seria perpétuo. Para isso pagariam aos panamenhos dez milhões de dólares e uma contribuição anual de mais duzentos e cinquenta mil. Junto com o canal veio uma base militar. Por que será? Mais tarde, também a Colômbia recebeu uma pequena compensação.
Navios fazendo a travessia.


O sistema que permite a travessia, de algo em torno de 77 quilômetros, é feito através de três eclusas, pelas quais a água é elevada a abaixada em cerca de 26 metros, que é o desnível entre as águas do Atlântico e do Pacífico, sendo este o mais baixo. O maior custo da obra foi o de vítimas humanas, em torno de 25.000, mortas pelos acidentes de trabalho, por malária e por febre amarela. Em dezembro de 1999 o governo do Panamá tomou conta total da administração do canal. O taxista nos contava, com orgulho, este detalhe.

O canal movimenta algo em torno de 5% do tráfego mundial e, em média, de doze a quinze mil navios fazem o translado anualmente. O custo varia de acordo com o peso da carga, e oscila entre os  quinhentos mil a um milhão de reais. O canal figura entre as sete maiores maravilhas do mundo. A população do Panamá é de quase quatro milhões de habitantes espalhados por um território de 75.517 Km². A cidade do Panamá tem em torno de um milhão de habitantes. Os brasileiros frequentam muito a cidade, por ser um grande centro de compras. O país é uma espécie de imensa cidade paraguaia de Leste.
Por falta de tempo não conseguimos fotos pelo lado do Pacífico. Aí tem uma visita ao museu do canal por $15,00.


É, como podem ver, o overbooking não foi tão ruim assim. E como nos disse a Regina, com o Valdemar sempre tudo dá certo. Não enfrentamos filas na imigração e tivemos poucos problemas de trânsito. Não tivemos nenhum problema por causa da escassez do tempo e o conhecimento da cidade e do canal valeu muito a pena. E... compartilho esta experiência com vocês.

 

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