Terminada a Feira Internacional do Livro de Paraty, edição 2017, já saiu um primeiro balanço dos livros mais vendidos. A relação é da Livraria da Travessa, a famosa livraria do Rio de Janeiro, que é também a livraria oficial do evento. O grande homenageado deste ano foi o escritor Lima Barreto, pouco reconhecido em sua curta e atribulada vida (1881-1922). Isso não o impediu de lançar uma aguda visão sobre a sua cidade e as mazelas da sociedade republicana, nada republicana, que se instalava. Por essa homenagem e pelo crescente interesse pela sua obra, a sua presença com dois títulos, entre os mais vendidos.
Outra questão importante a ser observada é a presença dos títulos que envolvem a questão racial e a questão feminista entre os mais vendidos. Me chamou particularmente a atenção, a escritora ruandense Scholastique Mukasonga, que eu não conhecia. Será agora a oportunidade. Todos os livros estão disponíveis na Livraria da Travessa, com bons descontos. Mas, sempre que eu compro, eu faço pesquisas. Existem boas diferenças. A entrega leva três dias, com postagens gratuitas, creio, acima de R$ 100,00.
E antes de ir para a lista, um recado para o governador beto richa. É notório e sabido que ele não é um aficionado pela leitura, mas ele, na qualidade de governador, tem por obrigação fomentá-la e, especialmente, proporcionar aos professores as possibilidades da leitura, que é a fonte principal que alimenta o seu trabalho com a devida qualidade. E para que isto aconteça, reposições salariais são absolutamente necessárias. Mas lamentavelmente creio que ele não tem sensibilidade para tanto. Mas vamos a lista:
1º. Na minha pele. Lázaro Ramos. Companhia das Letras. R$ 34,90. Biografia e memória. Foi na fala de Lázaro Ramos que ocorreu o momento mais emocionante da Flip 2017. A intervenção da professora paranaense Diva Guimarães.
2º. A mulher dos pés descalços. Scholastique Mukasonga. Editora Nós. R$ 35,00. Romance em que a escritora conta sobre a morte da mãe na guerra civil de Ruanda, morta pelos hutus. (Sugestão: para minimamente conhecer a guerra civil de Ruanda ver o filme de 2004 - Grande Hotel Ruanda).
Este é o próximo livro da minha agenda de leituras.
3º. Lima Barreto - triste visionário. Lilia Schwarcz. Companhia das Letras. R$ 69,90. Biografia. Mais de dez anos de pesquisa. Já está na minha estante e agenda.
4º. Nossa Senhora do Nilo. Scholastique Mukasonga. Editora Nós. R$ 45,00. Romance em que é contada a educação com a presença do ódio racial que levou à guerra civil de Ruanda. O conflito entre tutsis e os hutus. Um colégio para meninas.
5º. Com o mar por meio. Jorge Amado e José Saramago. Companhia das Letras. R$ 59,00. É a correspondência trocada entre os dois escritores entre os anos de 1992 e 1998. São comentários sobre os temas mais palpitantes do mundo.
6º. Esse cabelo - A tragicomédia de um cabelo crespo que cruza fronteiras. Djamilia Pereira de Almeida. Leya. R$ 34,90. Um romance que mistura memória, crítica social, racismo, feminismo e identidade. Conheci a autora através da revista Cult. Gostei demais.
7º. Diário do hospício - cemitério dos vivos. Lima Barreto. Companhia das Letras. R$ 49,90. Trata-se de uma reedição dos apontamentos de Lima Barreto, internado duas vezes no Hospício Nacional dos Alienados, em virtude de delírios alcoólicos. A reedição ficou por conta de Augusto Massi e Murilo Marcondes de Moura e prefácio de Alfredo Bosi.
8º. Para educar crianças feministas. Um manifesto. Chimamanda Ngozi Adichie. Companhia das Letras. R$ 14,90. Trata-se de 15 sugestões para uma educação dentro dos princípios feministas. A autora fez muito sucesso com Americanah e especialmente com Sejamos todos feministas. Ela é nigeriana.
9º. O Vendido. Paul Beatty. Editora Todavia. R$ 54,90. É uma narrativa das experiências raciais de seu pai, um polêmico sociólogo de Los Angeles. É uma mordaz crítica as questões raciais ainda tão fortemente presentes no mundo.
10º. Bíblia - Novo Testamento - Os quatro evangelhos. Tradução de Frederico Lourenço. Companhia das Letras. R$ 69,90. Consta ser a mais completa versão da Bíblia, fundamentada em questões históricas. Não são apenas os quatro Evangelhos e sim vinte e sete. Trata-se apenas do primeiro volume. Frederico Lourenço é um reconhecido historiador.
Pronto, estão aí sugestões mais do que interessantes para as próximas leituras.
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