terça-feira, 29 de outubro de 2019

Omeros. Derek Walcott. Nobel de literatura - 1992.

Entrei em contato com a literatura de Derek Walcott através do livro O mundo da escrita - como a literatura transformou a civilização, de Martin Puchner. Esse autor selecionou 16 livros/temas que ele considerou os mais impactantes. No capítulo 15 ele apresenta o poeta e escritor caribenho e o seu Omeros. De O mundo da escrita seleciono dois parágrafos iniciais do capítulo quinze:
Omeros, de Derek Walcott. Companhia das letras.

"Nações novas precisam de histórias para lhes dizer que são, e isso nunca ficou tão claro quanto em meados do século XX, quando as nações europeias perderam o controle sobre suas colônias e dezenas de novas nações nasceram praticamente da noite para o dia.  O número de Estados/nação do mundo quadruplicaram - eram cerca de cinquenta, chegaram a duzentos. E a independência se tornou um tempo de prosperidade para a literatura. As novas nações enfrentaram desafios consideráveis porque os colonizadores europeus haviam traçado limites territoriais de acordo com sua conveniência, muitas vezes forçando grupos, comunidades linguísticas e tribos rivais a ficar dentro de uma única entidade administrativa. Esses desafios tornaram ainda mais importante que se criasse uma coesão e uma identidade cultural por meio de textos fundamentais. [...]

Sempre me fascinou o caso mais extremo disso: a pequena ilha caribenha de Santa Lúcia e seu escritor Derek Walcott, vencedor do prêmio Nobel de literatura de 1992, autor de Omeros, um poema épico na tradição de Homero". Vamos a algumas informações básicas sobre o país ilha, do Google mesmo..

Santa Lúcia é uma nação insular no leste do Caribe com um par de montanhas cônicas, os Pitons, na costa oeste. No litoral, há praias vulcânicas, locais para mergulho em recifes, resorts luxuosos e vilarejos de pescadores. As trilhas na floresta do interior levam a cachoeiras como a Toraille, com 15 metros de altura, que desce por uma colina até um jardim. A capital Castries é um conhecido porto de cruzeiros. A população da ilha é de 178.844 habitantes e o cultivo da banana é a sua principal atividade econômica, seguida pela cana de açúcar e pelo turismo de luxo. Sua população é de afro americanos e a disputa territorial se deu entre franceses e ingleses, tendo os últimos levado a melhor. Em 1979 se tornou independente, integrando a Comunidade Britânica das Nações.

Vamos ao livro de um único poema, dividido em sete partes. Vamos à apresentação da contracapa: "Poeta mulato das Antilhas, Prêmio Nobel de literatura de 1992, Derek Walcott escreveu um poema destinado a permanecer entre os mais belos e instigantes do século XX. Com um desenho circular, que enfeixa tanto o mundo atemporal dos heróis gregos como o dia a dia de uma aldeia de pescadores do Caribe, Omeros (grego moderno para Homero) é, antes de tudo, uma história viva do oceano, dos povos e idiomas que por ele ressoam. Das raízes mediterrâneas aos grandes autores da língua inglesa, passando pelo patois crioulo das Antilhas e os sons africanos que pulsam até hoje nas margens do Caribe, este é um canto universal, que funde de modo magnífico o encontro de raças, línguas e culturas que se deu nas praias americanas".

A orelha do livro também é bem ilustrativa. Vamos a ela: "Derek Walcott é um poeta na confluência de dois mundos. De um lado o mar do Caribe, traçando círculos ao redor de sua ilha natal, a pequena Santa Lúcia, uma ex-colônia britânica encravada no arquipélago das Pequenas Antilhas; de outro, o legado da literatura inglesa, expressão maior de um império que se alastrou por quase todos os mares do planeta.

Desse choque de línguas e lugares resultou um canto poderoso que aproxima a Grécia, a África e o Caribe, subvertendo as noções culturais de centro e periferia, deslocando nossa percepção da história e enriquecendo de modo inteiramente inusitado o diálogo entre as nações do Novo e do Velho mundo.

Em Omeros, se o mar e os negros pescadores de Santa Lúcia fornecem a matéria-prima , um vasto arsenal de imagens, ritmos e texturas tropicais, são os arquétipos da Ilíada e da Odisseia, as personagens míticas de Aquiles, Helena, Heitor e Filoctete (além do próprio Homero, encarnado num pescador cego, de nome Sete-Mares), que definem as linhas mestras do poema.

Misto de poesia, mito, romance e roteiro de cinema, Omeros é também uma meditação sobre questões cruciais do mundo contemporâneo, como a destruição da natureza, a identidade das minorias e o desenraizamento individual e coletivo.

No entanto, apesar da magnitude de suas explorações, não é uma obra voltada para eruditos. Ao contrário, incrivelmente vivo em sua captação do particular e ciente de sua abrangência universal, Omeros fala de perto a todos que se interessam pela verdadeira cultura deste tempo. Tempo em que a história é um movimento sem fim, que não se funda em lugar algum, e tem nas mutações do mar seu espelho mais luminoso.

A edição brasileira de Omeros é da Companhia das Letras. A tradução é de Paulo Vizioli, que é também o responsável pelo prefácio à primeira edição (1994). Ela tem por título A epopeia das Antilhas. Essa leitura é imprescindível para a melhor compreensão da obra. O livro poema tem 436 páginas.

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