Tempos de quarentena. A perspectiva da necessidade de ficar em casa é muito pior do que o fato de efetivamente não sair. Parece que aí é que dá vontade mesmo. A minha melhor companhia nesses tempos de solidão são os livros. E como tem que ocupar o tempo mesmo, grandes projetos de leitura. O projeto da vez foi Guerra e Paz de Leon Tolstói, uma quase unanimidade universal, na consagração de sua obra como sendo uma das maiores da literatura universal. Terminei o primeiro volume, faltam mais três.
Guerra e Paz - uma das obras maiores da literatura universal.
Guerra e Paz - uma das obras maiores da literatura universal.
Optei pela edição da L&PM, em quatro volumes, com apresentação de Ivan Pinheiro Machado e tradução de João Gaspar Simões. Para o início dessa resenha tomo os dois primeiros parágrafos da apresentação, que tem um belíssimo título: "O grande livro da paz". Veja dados biográficos de Tolstói. http://www.blogdopedroeloi.com.br/2014/01/tolstoi-biografia-rosamund-bartlett.html
"Guernica de Pablo Picasso está para o povo espanhol assim como Guerra e Paz de Leon Tolstói está para o povo russo. Ambos, na sua linguagem - pintura e literatura - atingiram um patamar de excelência artística alcançado apenas por um punhado entre milhões de postulantes. Picasso retratou em seu vasto painel a alma, o sacrifício e a grandeza do povo espanhol e, acima de tudo, produziu um símbolo da paz. Tolstói, em seu enorme e magnífico romance, retratou igualmente o sacrifício, o patriotismo e a grandeza do povo russo e, por sua vez, construiu também um monumento à paz.
Guerra e Paz está entre as grandes obras produzidas pelo ser humano, como "Guernica". "David" de Michelangelo, "A Flauta Mágica" de Mozart, "Monalisa" de Leonardo da Vinci. Copioso, às vezes irregular, no seu conjunto de mais de mil e quinhentas páginas ele possui, no entanto, luz própria como os grandes astros. Brilha como um livro maior entre milhões de livros, deslumbra como só uma verdadeira obra de arte é capaz de deslumbrar, e emociona como só as grandes histórias conseguem emocionar".
Depois desses parágrafos introdutórios, Ivan Pinheiro Machado traça um perfil do autor para depois voltar à obra. Vejamos: "Resultado de sua experiência de vida, tanto na corte do tsar como no exército russo, Guerra e Paz é a história das guerras napoleônicas na Rússia de 1805 - quando da vitória de Napoleão na batalha de Austerlitz, enfrentando os exércitos russos e austríacos -, até a retirada de Napoleão da Rússia e o incêndio de Moscou, em 1812.
Pode-se dizer que o projeto de Tolstói pode ter sido inspirado por Balzac. Assim como A comédia humana narrou a vida social e privada da França no primeiro quarto do século XIX, Leon Tolstói traçou com Guerra e Paz um grande e impressionante painel da vida e da resistência do povo russo à invasão do exército de Napoleão entre os anos de 1805 e 1812".
E uma pista sobre o roteiro: "Como fio condutor da história temos a saga de duas grandes famílias aristocráticas interagindo em um meio dominado pelo paradoxo da frivolidade e da iminência da guerra. São mais de quinhentos personagens que contracenam no terror das batalhas, na vida mundana da corte, com suas contradições, paixões avassaladoras, e tipos inesquecíveis. Tolstói descreve com precisão as dificuldades na vida cotidiana e as dramáticas privações durante a guerra que atingia a nobreza e o povo em geral. É admirável o intenso realismo com que o autor descreve o impressionante incêndio de Moscou e a retirada melancólica de Napoleão da Rússia, com seu exército em frangalhos, destruído pelo terrível inverno russo". E, ainda o último parágrafo da apresentação:
"Oficial do exército russo, veterano de várias batalhas, Tolstói conheceu os horrores e a irracionalidade da guerra. E todo o seu pacifismo e seu repúdio às guerras está registrado em Guerra e Paz. Tolstói é também meticuloso ao extremo no que diz respeito à verdade histórica; são absolutamente precisas as descrições das batalhas e as 'participações' de Napoleão, do tsar Alexandre I e do generalíssimo Kutuzov, comandante-geral das tropas russas. A trama ficcional se justapõe aos acontecimentos reais. A frivolidade de Ana Mikailovna, a bravura dos aristocratas André Bolkonski, Nicolau Rostov, a figura fascinante e controvertida do conde Pedro Bezukov, a apaixonante Natasha, a bela e pérfida Helena Bezukov, o ambiente de uma sociedade traumatizada pelo terror da guerra que a tudo destrói e separa os amantes - tudo está em Guerra e Paz, um livro que atravessa os séculos como um clássico humanista que, descrevendo a guerra de maneira magistral, faz a sua mais pungente e eterna condenação". O romance foi escrito entre os anos 1865 e 1869.
Ao final do primeiro volume, a batalha de Austerlitz, a dos três imperadores, já aconteceu. Russos e austríacos tinham certeza absoluta da vitória, mas Napoleão levou a melhor. Creio também que dois personagens irão ganhar força narrativa ao longo dos três volumes seguintes: são eles André Bolkonski e Nicolau Rostov. As maldades de Ana também já apareceram sobremaneira. O livro está dividido em três partes, divididas em pequenos capítulos e alternância entre as intrigas da corte e os horrores da guerra. Antes do início do livro, estão apontados os principais personagens e as famílias a que pertencem e mapas geográficos dos locais em que as tropas se movimentavam. A narrativa é atraente e viva. Que venham os próximos volumes.
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