segunda-feira, 6 de outubro de 2014

O ódio à democracia. Janine Ribeiro e as razões do ódio ao PT.

Não tenho por hábito a transcrição de textos no meu blog. Mas creio que a urgência política deste momento me obrigue a fazer esta transcrição. Recebi hoje o livro de Jacques Rancière, O ódio à democracia. Não vou transcrever o livro, podem ter certeza e ficarem tranquilos. Acontece que Renato Janine Ribeiro faz uma apresentação do livro na orelha da capa e da contra capa, que no meu entender traduz este momento atual da política brasileira, de ódio ao PT pelas transformações substantivas que ele vem operando na democracia brasileira.
Da orelha da capa e da contra capa deste livro buscamos a sua bela apresentação e a sua conexão com o atual momento da política brasileira.
Como já assisti falas do Janine Ribeiro, das quais eu gostei muito e como vi declarações suas, agora nesta campanha, de apoio à presidente Dilma, creio que ele não se incomodará com a transcrição deste texto, obviamente, lhe dando o crédito da fonte. Antes da transcrição ainda uma frase da contra capa do livro, sobre o mesmo, de Slavoj Zizek: "Nos atuais tempos de desorientação da esquerda, o texto de Rancière oferece uma das raras conceitualizações consistentes de como continuar a resistir". Mas vamos ao texto de Janine Ribeiro.

"Nos últimos anos, o Brasil se tornou um exemplo de inclusão social, com dezenas de milhões de pessoas saindo da pobreza e da miséria para terem uma vida melhor. Em que pese a inclusão ter ocorrido sobretudo pelo consumo - mais do que pela educação -, ela mudou o país. Hoje, ninguém disputa o Poder Executivo atacando os programas de inclusão social. Eles se tornaram um consenso junto à grande maioria dos eleitores. Entretanto, um número expressivo de membros da classe média os desqualifica, alegando diversos pretextos. Para eles, o Brasil era bom quando pertencia a poucos. Assim, quando os polloi - a multidão - ocupam os espaços antes reservados às pessoas de "boa aparência", uma gritaria se alastra em sinal de protesto.
Renato Janine Ribeiro, um dos mais brilhantes pensadores brasileiros. professor da USP.

O que é isso, senão o enorme mal-estar dos privilegiados quando se expande a democracia? Democracia é hoje um significante poderoso, palavra bem-vista e que agrega um número crescente de possibilidades, indo da eleição pelo povo até a igualdade entre os parceiros no amor. Mas essa expansão da democracia incomoda. Daí, um ódio que domina nossa política, tal como não se via desde as vésperas do golpe de 1964, condenando medidas que favorecem os mais pobres como populistas e demagógicas.

Por isso são relevantes ensaios sustentando que a democracia não é um estado acabado, nem um estado acabado das coisas, que ela vive constante e conflitiva expansão; que não se reduz ao desenho das instituições, ou à governabilidade, ou ao jogo dos partidos, mas é algo que vem de baixo, desdenhado desde os gregos com o empenho insolente dos pobres em invadir o espaço que era de seus melhores, de seus superiores. Porque a ideia de separação social continua presente e forte. Se as ditaduras deixaram, desde os anos 1980, de tutelar a maior parte da humanidade, se governos eleitos proliferam, se a orientação sexual dissidente é mais bem aceita hoje, isso não significa que se tenha completado a democratização das formas de convivência social. E é justamente essa recusa da hierarquia que tem a ganhar com a leitura deste livro de Jacques Rancière que, à luz dos clássicos como da experiência francesa e mundial, continua um trabalho sempre renovado, jamais concluso, de afiar o gume da democracia". Renato Janine Ribeiro. orelha da capa e contra capa do Livro O ódio à democracia, de jacqus Rancière, da Boitempo.
Sócrates, há trinta anos. Na luta pela redemocratização do Brasil. Comício pelas Diretas Já.

Creio que todos vocês conseguiriam facilmente identificar estes propagadores do ódio na jovem e frágil democracia brasileira, que vai para muito além destes setores de classe média, a começar pelo candidato Aécio Neves, que tem hoje como único projeto de governo, desalojar o PT, e as suas políticas públicas em favor da cidadania, do Poder.

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