quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Para o dia do PROFESSOR. Lembrando Paulo Freire.

Paulo Freire foi declarado o Patrono da educação brasileira. Paulo Freire, foi e é, entre os educadores brasileiros, o nome de maior expressão. Ele é amado no mundo inteiro. Algumas pessoas insensíveis para o humano lhe devotam ódio. Diante dele não existe espaço para a indiferença. Lembrando Paulo Freire, rendo a minha homenagem a todas as professoras e professores, neste 15 de outubro. E na esperança que todos se sintam, ao menos minimamente, contaminados com a esperança contida em seu pensamento, legado e anúncio.
Entre os livros de Paulo Freire, é deste que eu mais gosto.

A pedagogia de Paulo Freire foi mais voltada à alfabetização dos adultos. Esta era a grande chaga deste país, nos anos 1950/60 e até hoje, ainda não totalmente superada. A alfabetização dentro do método Paulo Freire se dá simultanea e concomitantemente com o processo de conscientização, com um grande abrir dos olhos, mesmo com todos os incômodos causados pela luz. Afinal de contas, "A leitura do mundo precede a leitura da palavra", como dizia o mestre. Para expressar esta realidade recorro ao poema de Thiago de Mello, inscrito no livro Educação como prática da liberdade, o meu preferido entre os seus fabulosos livros.
Em 20 de junho de 1992, o núcleo da APP-Sindicato de Umuarama levou o nosso mestre maior para uma palestra na cidade. Foi um dia memorável.
Canção Para os  Fonemas da Alegria. Thiago de Mello. (Escrito em  Santiago do Chile, em1964)

Peço licença para algumas coisas.
Primeiramente para desfraldar
este canto de amor publicamente.

Sucede que só sei dizer amor
quando reparto o ramo azul de estrelas 
que em meu peito floresce de menino.

Peço licença para soletrar,
no alfabeto do sol pernambucano,
a palavra ti-jo-lo, por exemplo,

e poder ver que dentro dela vivem
paredes, aconchegos e janelas,
e descobrir que todos os fonemas
são mágicos sinais que vão se abrindo
constelação de girassois gerando
em círculos de amor que de repente
estalam como flor no chão da casa.

As vezes nem há casa: é só chão.
Mas sobre o chão quem reina agora é um homem
diferente, que acaba de nascer:

porque unindo pedaços de palavras
aos poucos vai unindo argila e orvalho,
tristeza e pão, cambão e beija-flor,

e acaba por unir a própria vida
no seu peito partida e repartida
quando afinal descobre num clarão

que o mundo é seu também, que o seu trabalho
não é a pena que paga por ser homem,
mas um modo de amar - e de ajudar

o mundo a ser melhor. peço licença
para avisar que, ao gosto de Jesus
este homem renascido é um homem novo:

ele atravessa os campos espalhando
a boa nova, e chama os companheiros
a pelejar no limpo, fronte a fronte,

contra o bicho de quatrocentos anos,
mas cujo fel espesso não resiste
a quarenta horas de total ternura.

Peço licença para terminar
soletrando a canção de rebeldia
que existe nos fonemas da alegria:

canção de amor geral que eu vi crescer
nos olhos do homem que aprendeu a ler.

Este poema é uma espécie de síntese do pensamento de Paulo Freire. Um dos maiores privilégios que eu tive em minha vida foi tê-lo conhecido pessoalmente. Ele era uma pessoa muito afável e amorosa. Também tive a honra de fazer a sua defesa, quando ele foi achincalhado por um colunista da Gazeta do Povo, nutrido de ódio contra a humanização do mundo. Tive a honra de, na própria Gazeta, fazer a sua defesa, numa edição especial do caderno G, numa iniciativa da editora do caderno, a jornalista Marleth Silva. O meu texto levou por título; Entre a utopia e a transcendência. Eu dou o link do post que eu fiz e por ele você acessa o texto, bem como os outros textos deste caderno especial.http://www.blogdopedroeloi.com.br/2013/01/paulo-freire-no-caderno-g-da-gazeta-do.html
Em 2012, 20 anos após o encontro com Paulo Freire em Umuarama, o mestre foi homenageado com a transcrição da sua fala. Irma Lovato Ribeiro, foi uma das debatedoras com o mestre. Na foto, 20 anos depois ela relata a experiência. Também eu apresento o caderno que foi editado.


Para todas as professoras e professores, os parabéns pelo nosso dia, em especial para aqueles que assentam o seu projeto de vida na humanização e na esperança. Que tenhamos um dia de esperanças renascidas. E um lembrete, nestas vésperas de eleição. A humanização não passa por um projeto de mercado. Neste momento da nossa história ele responde pelo nome de DILMA - 13. Este também seria o voto de Paulo Freire, se ele estivesse vivo entre nós.
Diálogo com Paulo Freire, o caderno que reproduz a fala do mestre em Umuarama.

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