quinta-feira, 7 de setembro de 2017

A subversividade em Paulo Freire.

Na minha condição de administrador de tempo livre, dei uma pausa nas leituras, para me dedicar um pouco à militância sindical em virtude das eleições na APP-Sindicato. Esse fato me levou a cidade de Francisco Beltrão para ajudar na divulgação das propostas da chapa 2, do grupo APP independente, democrática, de base e de luta, liderada pelo professor Paixão.

Em Francisco Beltrão encontramos uma equipe maravilhosa e cheia de brios. Muito compromisso, acima de tudo, com os filhos da classe trabalhadora, os alunos da escola pública.  O grupo da chapa 2 está sob a liderança do professor Rogério Rech, o nosso candidato a presidente. Rogério é professor de matemática no C.E. Leo Flach e é doutor em educação, mestre em matemática e em desenvolvimento regional e docente do ensino superior na FAMPER. Mas o que mais impressiona é a sua dedicação ao ensino público. Nos levou à sua escola, bem como à comunidade em que ela está inserida.
Rogério, calmo e tranquilo, apresentando o seu trabalho.

Uma característica interessante de todo o grupo é a sua dedicação à formação. O interesse pelos estudos acadêmicos se destaca em seus currículos, mas isso, de maneira alguma, inibe suas atividades sindicais e a dedicação às causas coletivas. Em Francisco Beltrão me chamou particular atenção uma instituição chamada Assessoar, fundada por padres belgas e que, conforme me contou o professor Rogério, é a mãe de todo o espírito cooperativo em Francisco Beltrão e em toda a região.

Entre as atividades desenvolvidas como as visitas às escolas, tive também o privilégio de assistir o momento da qualificação de mais um mestrado do professor Rogério. Desta vez o tema é Paulo Freire. O título provisório de sua dissertação é "A subversividade em Paulo Freire: um espectro nos ronda, o fantasma das ditaduras no Brasil e na Argentina". Me senti imensamente privilegiado em ouvir falas qualificadas sobre Paulo Freire. Pessoalmente eu tive a enorme satisfação de conviver com o grande mestre em algumas oportunidades.

O trabalho do professor Rogério está sob a orientação do professor Dr. André Castanha e na banca se fizeram presentes a professora Dra. Cecília Guedini, especialista na educação do campo. Tanto os Dr. André, quanto a Dra. Cecília pertencem ao quadro de professores da Unioeste do Campus de Francisco Beltrão. O professor Dr. Ivo Dickmann, da Universidade de Chapecó completou a banca. O Dr. Ivo estuda Paulo Freire há mais de 20 anos.
Rogério junto com os membros da banca de qualificação.

Não vou entrar em detalhes da orientação da qualificação, vou destacar apenas alguns aspectos que mais me chamaram a atenção. Em primeiro lugar o conceito de subversão, no sentido positivo da palavra, no seu sentido revolucionário emancipatório. Nas orientações foi lembrado o texto de Kant que fala do significado do esclarecimento, o famoso texto do sapere aude, o ouse saber. É óbvio que a dissertação passa pela leitura dos clássicos de Paulo Freire e houve também a recomendação dos livros de memória do autor de Educação como prática da liberdade, um título que por si só, já revela todo um caráter de subversão. Outra orientação foi a de ver as influências de Marx no pensamento de Paulo Freire.

Quanto a questão das ditaduras, houve o debate em torno da delimitação do tema. Rogério apresentou interessantes dados de fatos ocorridos na cidade de Córdoba, onde os livros de Paulo Freire chegaram a ser queimados publicamente. Enquanto eu participava desta apresentação, da qual ainda quero destacar o grande comprometimento da banca, eu evocava as imagens do meu convívio com o autor da Pedagogia do Oprimido, a sua imagem profética de extrema generosidade, afetividade e amorosidade. É inacreditável que uma figura humana desta qualidade receba tanto ódio por parte da elite brasileira, "de longe a mais perversa do mundo", conforme ouvi de suas próprias palavras.

Obviamente que o trabalho de qualificação foi aprovado e tenho a certeza absoluta que com a seriedade e o comprometimento peculiar ao professor Rogério, em breve disporemos de mais um belo trabalho sobre o educador brasileiro mais citado no mundo e elevado à condição de Patrono da Educação Brasileira.

Retomo este post, pois, participei do momento da defesa da dissertação (02 de abril de 2018) aprovada com louvor e recomendação de publicação. A banca foi enriquecida com a presença da Dra. Mariana Tosolini, da Universidade de Córdoba, a histórica Universidade fundada pelos padres jesuítas, ainda no início do século XVII, em 1613. É a mais antiga da Argentina. A dra. Cecília e o Dr. Ivo, que já haviam participado da qualificação, integraram também a banca da defesa. E que banca, que observações!
O - mais uma vez - mestre Rogério Rech, com a banca, após a aprovação de seu trabalho.


A noite houve a Aula Magna, de abertura dos trabalhos de pós-graduação da Unioeste referente ao ano de 2018, campus Francisco Beltrão, do qual deixo o cartaz. Foi uma noite memorável. E, claro, ao final de tudo, uma cervejinha para comemorar.
O cartaz de convocação para a aula inaugural.

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