segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Narrativas de uma viagem 6. Dois dias a esmo em Buenos Aires.

Depois do maravilhoso show de tango dormi tranquilo me preparando para os dois dias que ainda me sobrariam em Buenos Aires. Até imaginei dar uma chegada em Colônia, cidade que imagino com muitos atrativos históricos, além de um passeio pelo estuário do rio da Prata. Já na segunda cedo modifiquei completamente meus planos. A previsão de tempo indicava chuva, mesmo assim ainda arrisquei uma caminhada, nada mais do que uma meia dúzia de quadras. O quarto do hotel me aguardava.
Com a chuva, apenas revendo alguns lugares. Eu frequentei esta churrascaria nos anos 1980.

A chuva só parou por volta das 18h00. Assim prolonguei o almoço, tomando duas taças de vinho e antes do anoitecer ainda dei uma volta pela cidade, com show de tango na rua, na Florida com a Corrientes. Vi um tanto de televisão, mas esta é uma unanimidade quase mundial. Muito pouco se aproveita dela. O foco todo estava voltado para o submarino desaparecido. De noite repeti a dose. Pizza e Patagônia. Muito bom. Previsão de tempo bom para o dia seguinte.
No cemitério da Recoleta.

Na manhã de terça feira me enveredei pela 9 de julho em direção norte, rumo a Recoleta. Passei em frente a embaixada brasileira, pura ostentação, e um pouco depois já avistei uma igreja e, ao lado, um muro branco. O Requiescant in Pace me indicava que ali era o cemitério de La Recoleta. Considero que os cemitérios são museus artísticos a céu aberto. Localizei num mapa o túmulo da família Duarte, com destaque para Evita. Nada de ostentação. Um jazigo de família, bem simples, bem menor do que toda a projeção política que Evita teve. Estou atrás de uma biografia dela. Morreu com 33 anos, de câncer. O povo argentino lhe devota grande e filial devoção. Ela foi fundamental por toda a legislação social e trabalhista existente.
Túmulo da família Duarte. Placas em homenagem a Evita.

Já vi um filme da vida dela. Um belo filme. Não foi o famoso com a Madonna. A elite, especialmente a militar, lhe devotava muito ódio. Tramavam contra o governo Perón e em 1955, três anos após a morte de Evita, aplicaram o golpe. Os tempos deviam ser muito parecidos com os tempos de ódio vividos no Brasil de hoje. Me impressionou muito, no filme, uma frase inscrita nos muros: "Viva el câncer". Vou procurar uma boa biografia e fazer um post. Acabo de descobrir, Santa Evita, de Tomás Eloy Martinez, de quem já li O cantor de tango e gostei muito. Versava sobre a horrenda ditadura militar argentina.

Depois de visitar a igreja ao lado, voltei ao centro da cidade, no rumo da Plaza de Mayo, andando pela caje Florida. Me deparo com a livraria EL Ateneo, mais do que centenária e conhecida como a segunda mais bela do mundo, perdendo para a Lelo & Irmão, da cidade do Porto.  Me demorei bastante, vendo um panorama da leitura, em exposição pelas diversas estantes. Ainda voltaria a ela. Foi o que fiz ao final da tarde, comprando um exemplar do grande clássico da literatura argentina, do sofrido povo marginalizado da cidade. Martín Fierro de José Hernandez.
A centenária livraria. Considerada a segunda mais bonita do mundo.

Da livraria, agora sim, a prioridade seria a Plaza de Mayo. Ela é a antiga Plaza de Armas, que todas as cidades de origem espanhola tem. Comecei pela catedral, belíssima. Nela está enterrado o general San Martín, o grande heroi nacional da independência. Observei muitos detalhes da catedral. Ela começa bonita até pelo chão onde você pisa, a qualidade e a beleza do piso. Observei bem a Casa Rosada. Não tem toda aquela imponência. Muitos tapumes, em função de obras. E tem muita história. E protestos quase diários, que segundo a nossa guia, ajudam, e muito, a atrapalhar o trânsito.  Depois fui visitar o cabildo, um palácio em estilo colonial que é hoje o Museo del cabildo y de la Revolucion de Mayo.  Gostei demais, como eles cultivam as suas datas nacionais. Criação de um imaginário em torno da data.
Catedral, Casa Rosada e o Cabildo. E muito mais. Plaza de Mayo.


Algumas lembrancinhas básicas do artesanato de Buenos Aires, compradas nos arredores do obelisco encerraram as atividades do dia e na cidade. Um DVD de tango e um acústico de Mercedes Soza  também fizeram parte. Na viagem de volta, mais uma vez o transfer super pontual e acompanhamento até o guichê da companhia. O Aeroparque tinha um movimento excepcional. Os torcedores do Lanus viajando para Porto Alegre, onde enfrentariam o Grêmio, o Imortal tricolor, na primeira partida da final da Libertadores, 2017, ganha com raro brilho pelos tricolores. Fizeram muita festa. Mas a festa final seria do Grêmio.



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